O Grêmio ainda quer um centroavante, mas... para que, mesmo?

Após a vitória de sábado, sobre o Palmeiras, o presidente Romildo Bolzan Jr. disse que o Grêmio segue na busca por um centroavante, mas sem uma pressa desenfreada. O discurso é correto por dois motivos: primeiro, óbvio, ajuda a valorizar o grupo atual, que vem dando uma boa resposta neste começo de Campeonato Brasileiro. Segundo, porque, mesmo tendo apenas o limitado Braian Rodríguez para a função, o Tricolor prescinde da figura de um camisa 9 clássico em sua nova forma de jogar.

Não se trata de tornar um centroavante um acessório dispensável. Ter um jogador que saiba fazer gols é algo fundamental desde sempre. Mas o Grêmio precisa pensar bem em qual será o seu camisa 9. Um homem fincado, centralizado, de pouca movimentação, cuja principal atribuição é definir as jogadas do jeito que der são características insuficientes para um camisa 9 hoje ser titular do Tricolor. Afinal, a principal qualidade ofensiva desta equipe é justamente a grande movimentação de suas peças. Ter um "aipim" dentro da área, parado, vai totalmente de encontro ao modo de jogar que tem feito a equipe disputar a ponta de cima da tabela. Perder Alecsandro para o Palmeiras, por exemplo, pode ter sido positivo justamente por isso, embora ele seja um bom jogador.

Isso também não significa que o Grêmio não deva ter um centroavante, mas sim de pensar bem qual será este nome. Tal fato provavelmente já foi identificado pela direção de futebol, possivelmente a partir de conversas com o próprio técnico Roger Machado. O sintoma? O último jogador tentado. Carlos Muñoz não é nenhum fora de série, sua não vinda não é tragédia alguma, mas ele se encaixaria com perfeição nos moldes desta equipe. É um jogador que alia movimentação com bom poder de conclusão. Outro jogador que certamente se daria bem nesta formação por conta de suas características é Hernán Barcos, que deixou o clube em janeiro. O Pirata, ao lado de Douglas, Giuliano e Luan, daria um poder definidor bem maior sem deixar com que a troca de posições (ele sabia jogar como armador dependendo das circunstâncias) fosse perdida.

A mecânica de jogo do Grêmio está recém se afirmando, obviamente não é imutável, mas vem funcionando muito bem. Portanto, para que haja alguma mudança, para que o time passe a jogar em função de um centroavante mais posicionado, este nome precisa ser um fora de série, alguém muito acima da média. O Grêmio não pode, por conta de suas restrições financeiras, buscar um negócio de ocasião que vá contra a filosofia de jogo atual da equipe. Contratar com critério e de forma pontual também precisa levar em conta este tipo de fator.

Comentários