Uma óbvia e correta novidade

Falei na sexta-feira que o Grêmio não deveria tentar reviver seu passado, mas sim respeitar sua cultura de futebol trazendo um profissional alinhado com ela e disposto a aceitar o grande desafio de sua carreira ao treinar o Tricolor. Não cheguei a citar Roger Machado no texto - falei de Itamar Schülle, Rogério Zimmermann e Gilmar dal Pozzo, entre outros - mas ele se encaixa perfeitamente nesse estilo. Por isso, a escolha de Romildo Bolzan Jr. foi acertada, o que não quer dizer que dará certo, mas que está apontando para o rumo correto.

Roger preenche todos os requisitos que o Grêmio precisa para o momento: alguém com vontade de mostrar serviço, que conheça bem como funciona a filosofia do clube, que não traga uma turma de auxiliares junto e que não custe centenas de milhares de reais mensais aos cofres azuis. Bolzan, ao que parece, pensava em alguém um pouco mais experimentado - daí as tentativas com Cristóvão e Doriva. Ambos são bons treinadores, são da turma dos emergentes, provavelmente seriam boas escolhas. Mas nenhum conhece melhor o pensamento de futebol histórico do Grêmio como Roger.

É uma escolha bem diferente de Renato ou Luiz Felipe. Porque por mais que seja um personagem tão vitorioso quanto estes dois ícones do clube, Roger passa longe do pensamento mágico, e bem mais próximo da inovação, da aposta naquilo que é caseiro e tem futuro. Mas o fato de ele ser identificado com o Grêmio, claro, ajuda: a aprovação a seu nome parece ser bem alta junto aos torcedores. Muitos já o queriam como treinador em 2012, naquele Gre-Nal entre a demissão de Caio Júnior e a contratação de Vanderlei Luxemburgo. Ele próprio disse que precisava de mais experiência naquela ocasião. Agora, tendo sido auxiliar por três anos no próprio Grêmio e treinado Juventude e Novo Hamburgo nos últimos 18 meses, parece realmente pronto para agarrar a chance.

E, claro, muitos já notaram, mas sempre vale a pena o registro: é simbólico e sintomático que o Grêmio tenha contratado Roger na mesma semana em que Felipão e Luxa são demitidos. Passamos, de fato, por uma transformação no nosso mercado de técnicos. Na Série A, os nomes consagrados da velha guarda estão em baixa: Tite (Corinthians), Levir Culpi (Atlético-MG) e Oswaldo de Oliveira (Palmeiras) são as exceções, bem como Hélio dos Anjos (Goiás) - este um veterano, mas longe de ser um papa-títulos. Marcelo Oliveira (Cruzeiro) é festejado agora, mas veio como aposta. Diego Aguirre (Inter), por sua vez, não é inexperientes, mas sim uma novidade de fora, como pode ser Juan Carlos Osorio, se fechar com o São Paulo. Os emergentes, por sua vez, são maioria absoluta: além de Roger, Eduardo Baptista (Sport), Milton Mendes (Atlético-PR), Vinícius Eutrópio (Chapecoense), Guto Ferreira (Ponte Preta), Gílson Kleina (Avaí), Marcelo Fernandes (Santos), Enderson Moreira (Fluminense), Marqunhos Santos (Coritiba), Doriva (Vasco), Argel (Figueirense) e Hemerson Maria (Joinville) se encaixam nesse perfil. E medalhões como Abel, Joel Santana e Celso Roth, fora os já citados, estão em casa.

Em tempo:
- Não duvido que, apesar desse último parágrafo, Joel Santana acerte com o Flamengo.

Comentários

Chico disse…
A direção gremista é uma vergonha! O clube está abandonado!