Um Sobis, talvez, tão bom como nunca
Decisivo, Rafael Sobis sempre foi. A frieza com que matou o São Paulo, no Morumbi, na final da Libertadores de 2006, foi espantosa para um jogador de apenas 21 anos. Foi dele também o gol do Internacional no polêmico jogo de 2005 contra o Corinthians, tido como a "final" do Brasileirão daquela temporada (tinha 20 ao girar e bater com precisão da entrada da área, num momento complicado da partida para o Colorado). Mas frio, decisivo, e ainda por cima dono do time, ele nunca havia sido. No Tigres, tem conseguido isso desde o começo da Libertadores. No mata-mata, como sempre, isso vem ficando ainda mais nítido.
Aos 31 anos, Sobis apresenta a explosão de seus 21 com a maturidade que só o tempo é capaz de dar. Ele é o líder técnico e espiritual do time mais sul-americano que o México já teve em uma Libertadores: Guerrón (campeão em 2008 com a LDU), Arévalo (reserva ontem, mas titular da Celeste mais copeira dos últimos 60 anos) e Guzmán (semifinalista de 2013 com o Newell's) fazem parte da espinha dorsal e da alma do primeiro semifinalista da competição
O Tigres teve a segunda melhor campanha da primeira fase, e só não jogará a finalíssima em casa porque o regulamento obriga que o último jogo seja em território sul-americano. E é uma sorte de seus adversários, pois decidir em Monterrey é dureza: ontem, o bom time do Emelec sucumbiu à pressão do caldeirão do Estádio Universitário, lotado por entusiasmados 42 mil torcedores. Parece que a turma sul-americana injetou também na galera a vontade de ganhar a Libertadores, algo que sempre sentimos que faltava aos clubes do México.
Ontem, Sobis viveu a plenitude de sua forma nesta Libertadores - ele sempre cresceu na mesma proporção da importância dos jogos. Fez o primeiro gol, criou a jogada do segundo, driblou, construiu jogadas de ataque, segurou a bola quando era a hora, enfim, fez um partidaço. Foi decisivo para o 2 a 0, resultado que fez o Tigres passar por um adversário complicado: o Emelec fez uma boa Libertadores e tinha, sem dúvida, seu melhor time dos últimos 20 anos em campo. Poderia muito bem ter sido semifinalista também.
Em tempo:
- Discordo do saudita Ali Bin Al-Hussein, um dos opositores de Joseph Blatter na "eleição" que haveria sexta-feira: hoje não é um dia triste para o futebol mundial. É um dia de renovarmos a esperança de que um dia ele poderá ser tratado da forma como sempre deveria ter sido: uma ferramenta de inclusão social, de congregação entre as nações, e não um mero negócio, explorado de forma nem sempre lícita (para ser ameno) por uns poucos privilegiados. Mais não comento, esse não é espaço de polícia.
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