Na pressão e no banco



O primeiro dos três superclasicos que teremos pela frente nos próximos 10 dias foi azul y oro. Quando tudo se encaminhava para um 0 a 0 na Bombonera, o Boca chegou à vitória sobre o River usando seu qualificadíssimo banco de reservas. A partir das entradas de Gago, estancou um domínio do River; quando dos ingressos de Pavón e Pérez, passou a pressionar o rival nos minutos finais e conquistou uma vitória triplamente importante: por ser em clássico, por lhe dar a liderança do Campeonato Argentino e por abrir a série de decisões contra os millonarios de maneira vitoriosa.

Pensando no jogo de quinta-feira em Núñez, Marcelo Gallardo poupou algumas peças, embora a base do River tenha sido a titular. Mercado não fez tanta falta, pois o jovem Mammana foi muito seguro na maior parte do tempo. Já Martínez ou Pisculichi (seja quem for o atual titular, já que há disputa momentânea entre ambos) possivelmente teriam dado melhor resposta que Driussi. Engolido pelo eficiente Cubas, o único armador do River obrigou Mora a recuar demais para buscar jogo. Sua atuação discreta de certa forma impediu o time visitante de tentar propor as ações, algo que será fundamental nos dois duelos pela Libertadores.

O Boca começou melhor, e poderia ter aberto o placar antes da metade do primeiro tempo. O esquema de Arruabarrena é ofensivo, e das antigas: um 4-3-3 com apenas um volante. Meli e Lodeiro, os dois meias, se juntavam bem aos pontas Carrizo e Chávez. Estes recuavam até o meio quando o time não tinha a bola, mas também acionavam Osvaldo sempre que possível. Com meio recheado e adiantado, a equipe xeneize mandou no jogo até que os comandados de Gallardo passassem a valorizar um pouco mais a bola. O bom trabalho de Sánchez e Rojas foi fundamental neste sentido.

Ainda que tivesse alguma posse ofensiva, o River só levava perigo mesmo em um ou outro contra-ataque. No melhor deles, Sánchez recebeu de Teo Gutiérrez e explodiu uma bomba no travessão. O lance ocorreu aos 33, e foi importante por sinalizar ao Boca que era preciso mais respeito com seu adversário. Atirar-se para cima em busca do gol, portanto, não era mais a opção mais prudente do time da casa.

O segundo tempo começou muito bem para o River. Com o crescimento de Mora, a equipe visitante teve ao menos três boas chances para marcar antes dos 15 minutos. Sentindo que estava perdendo o controle do jogo, Arruabarrena desfez o esquema com três atacantes e tirou Chávez para colocar Gago, mais um volante. Uma mexida providencial e na hora certa, denotando ótima leitura de jogo: o novo centromédio trouxe segurança e melhor saída de bola ao Boca. Faltava, porém, criatividade. Os 20 minutos seguintes foram de uma partida morna, quase sonolenta, não fosse um superclasico.

Gallardo tentou chegar ao gol colocando Martínez no lugar de Driussi aos 25. Mas foi a entrada de Pérez, aos 34, que acabou sendo decisiva. A mexida incendiou o Boca, que passou a pressionar e erguer bolas na área rival. Com a torcida jogando junto, o time encurralou o River e chegou ao gol com Pavón, na marra. Aos 37, Pérez deu lindo toque de calcanhar e deixou Lodeiro livre. Barovero abafou o chute, mas o próprio Pérez fez 2 a 0 e definiu o jogo, dando a ele um placar bem mais elástico do que o equilíbrio dos 80 minutos anteriores dava a entender.

O Boca chega para os confrontos da Libertadores com o ligeiro favoritismo que todo clássico permite. Ganhou três jogos contra seu rival neste ano, fez 8 gols e não tomou nenhum. Assume a liderança do Campeonato Argentino e deixa o River para trás nesta disputa. Mostrou hoje ter um banco tão forte quanto o do adversário, vive melhor momento e entra com confiança na disputa. Mas a história que será contada a partir de quinta-feira será outra. E aí, talvez nada disso entre em campo no Monumental de Núnez.

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Ficha técnica
Campeonato Argentino 2015 - 11ª rodada
3/maio/2015
BOCA JUNIORS 2 x RIVER PLATE 0
Local: Bombonera, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Patricio Loustau (ARG)
Público: 50.000
Renda: não divulgada
Gols: Pavón 38 e Pérez 41 do 2º
Cartão amarelo: Chávez, Díaz, Kranevitter e Mora
BOCA JUNIORS: Orión (6), Peruzzi (6,5), Burdisso (6,5), Díaz (7) e Monzón (6,5); Cubas (6,5), Meli (6) (Pérez, 34 do 2º - 7) e Lodeiro (6,5); Carrizo (6) (Pavón, 22 do 2º - 6,5), Osvaldo (6) e Chávez (5,5) (Gago, 16 do 2º - 6). Técnico: Rodolfo Arruabarrena (7,5)
RIVER PLATE: Barovero (6), Mammana (6) (Mayada, 41 do 2º - sem nota), Maidana (5,5), Pezzella (5,5) e Vangioni (6); Kranevitter (6), Sánchez (6), Rojas (5,5) e Driussi (4,5) (Martínez, 25 do 2º - 5); Mora (6) e Gutiérrez (5,5) (Cavenaghi, 25 do 2º - 5). Técnico: Marcelo Gallardo (5)

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