O mais copeiro da atualidade chegou de novo



Que time predestinado, o Atlético-MG. Cada história sua no mata-mata traz um ingrediente novo - hoje, foi uma bandeirinha de escanteio - e uma coisa em comum: a simbiose entre time e torcida no Independência. Uma simbiose que supera pênalti perdido com gritos de incentivo, e é premiada com uma classificação dramática surgida justamente a partir deste jogador, o que errou o pênalti, acreditando na jogada, buscando a bola após ela bater na bandeirinha parar, acreditando ao fazer uma inversão improvável para um volante, que acredita e arrisca um chute ainda mais improvável, o qual para no ângulo. Acreditar, este é o verbo que rege o Galo. Improvável, o adjetivo do qual ele sempre desdenha.

Precisar fazer 2 a 0 não é novidade. O Atlético fez isso diante de Newell's e Olimpia em 2013, e foi ainda além, com 4 a 1, contra Corinthians e Flamengo no ano passado. O cenário estava claramente desenhado, mas desta vez tudo parecia que seria tranquilo. Num esquema ultraofensivo armado por Levir Culpi, o Galo teve apenas Rafael Carioca à frente da área, Dátolo como segundo volante e um losango ofensivo com movimentação e qualidade dignos dos melhores tempos de dois anos atrás. O 1 a 0 chegou cedo, aos 18 minutos, e era evidente que cabia mais.

Luan fazia o seu jogo frenético de sempre pela direita, Carlos acrescia técnica pela esquerda, Pratto mantinha a qualidade e a fome de gol habituais e Guilherme coordenava a criação com grande qualidade. O Colo-Colo, afetado pelas goleadas sofridas em casa para Santa Fé e Universidad Católica, se retraiu e rezou para o intervalo chegar. O que freou uma goleada atleticana, na verdade, foi o temporal que se abateu sobre Belo Horizonte a partir dos 30 minutos de jogo. A água dificultou a troca de passes, a visibilidade e acrescentou ao jogo um ingrediente que não convinha ao Galo naquele momento.

Além do toró, o intervalo foi providencial para o Colo-Colo. Hector Tapia ajustou a marcação do time chileno. Fechando as opções, a equipe visitante não dava ao Galo mais espaços para conclusões. Se na base do coletivo não parecia possível superar o bloqueio, na individualidade Luan sofreu um pênalti que poderia ter sido o gol da classificação. Mas Guilherme, jogador normalmente frio, foi frio demais. Bateu como se estivesse numa pelada e propiciou a defesa de Garcés. Uma injustiça à sua boa atuação, mas também um erro quase imperdoável. Ali, talvez, muitos tivessem desanimado. Mas esse Atlético-MG, sabemos, não é assim.

Os gritos da galera de incentivo a Guilherme foram como um presságio de que algo melhor estava por vir para o meia. Foi ele quem acreditou na bola que bateu na bandeirinha, e fez a inversão para o arremate espetacular de Rafael Carioca, jogador que merecia fazer o gol da classificação, pois foi o melhor em campo, como único combatente de um meio-campo aberto demais. Nada mais tiraria a classificação do Galo.

O Atlético-MG, time mais copeiro do Brasil nos últimos dois anos, chega às oitavas. Isso é motivo de preocupação para todos. Claro que a equipe de Levir Culpi passou por todo esse drama porque jogou abaixo do que deveria na primeira fase, mas também é verdade que sua fase de grupos foi ruim porque a chave com Santa Fé, Colo-Colo e Atlas era sabidamente difícil. O Galo, portanto, chega experimentado aos mata-matas, e com sua mística de não desistir nunca ainda mais reforçada. Quem segura?

Em tempo:
- Internacional e Corinthians são dois possíveis adversários do Atlético-MG nas oitavas. Em duas horas tudo se define.

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Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2015 - 1ª fase - Grupo 1 - 6ª rodada
22/abril/2015
ATLÉTICO-MG 2 x COLO-COLO 0
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Carlos Vera (EQU)
Público: 21.279
Renda: R$ 1.039.760,00
Gols: Pratto 18 do 1º; Rafael Carioca 34 do 2º
Cartão amarelo: Luan, Jemerson, Guilherme, Victor e Esteban Pavez
ATLÉTICO-MG: Victor (5,5), Patric (4), Edcarlos (5), Jemerson (6,5) e Douglas Santos (6); Rafael Carioca (7,5), Dátolo (6) e Guilherme (6,5) (Eduardo, 44 do 2º - sem nota); Luan (6,5) (Danilo Pires, 40 do 2º - sem nota), Pratto (7,5) e Carlos (6) (Maicosuel, 28 do 2º - 5,5). Técnico: Levir Culpi (7)
COLO-COLO: Garcés (6,5), Cáceres (5,5), Barroso (6) e Vilches (5,5); Fierro (5,5), Rodríguez (5), Esteban Pavez (5,5), Baeza (5) e Luis Pavez (4,5) (Flores, intervalo - 5,5); Vecchio (4,5) (Carvallo, 42 do 2º - sem nota) e Paredes (5). Técnico: Hector Tapia (5)

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