O alerta do massacre



De todo jogo é possível tirar lições, mesmo dos tranquilos, como o de hoje à noite. E a que o Grêmio tira da partida com o Campinense é óbvia: a equipe segue perdendo gols demais. Claro, só perde demais quem cria demais, e esse mérito o time de Luiz Felipe tem. Mas já havia sido assim em outras partidas, como contra o Cruzeiro-RS, o Ypiranga e o São Paulo-RS. Hoje, contra o Campinense, os números chegaram ao ápice.

Ao todo, o Grêmio criou 17 oportunidades de gol, um número altíssimo. Foram 31 conclusões, outro dado absurdo. O Campinense, por sua vez, chegou duas vezes com perigo apenas, a última delas aos 16 do primeiro tempo, uma falta batida por Thiago Araújo, na única real defesa de Marcelo Grohe ao longo da noite. Tal superioridade não foi conquistada a fórceps: com a vantagem nas mãos conquistada na Paraíba, o Grêmio jogou naturalmente, sem forçar nada. As oportunidades apareciam por suas qualidades e pelas deficiências do time nordestino.

Braian Rodríguez, mais uma vez, perdeu duas chances claras, o que é preocupante. Ainda assim, o panorama não mudou muito sem ele. Yuri Mamute tem sido um ótimo segundo atacante, um bom preparador de jogadas, mas um finalizador medíocre. Giuliano, de boa movimentação, abusou das oportunidades perdidas - no gol de Douglas, ia errando mais uma, numa furada espetacular. Luan também deu azar. Coube a Douglas fazer 1 a 0 aos 18 minutos do segundo tempo, quando o empate já tendia ao absurdo completo, e Lincoln ampliar nos descontos, numa bela conclusão cruzada, seca, de canhota.

Não dá também para ser chato e só ver o lado ruim. A atuação do Grêmio foi boa, muito boa até: o time marcou firme e jogou bem com a bola nos pés. Mostrou marcação, compactação, entrosamento e criatividade. O adversário era fraco, claro, mas foi suplantado com total autoridade, como deve ser. Mas os gols perdidos devem sim ser motivo de preocupação, ou ao menos de alerta. Ano passado, no fatídico jogo do Caso Aranha, poucos lembram, mas o Tricolor massacrou o Peixe. Criou chances a noite toda, perdeu todas e, nas únicas escapadas santistas, tomou dois gols que foram fatais. Eis uma situação que pode se repetir se não for corrigida, e é possível corrigi-la. Criar é mais difícil que finalizar, e o Grêmio vem criando. Ao menos em Caxias do Sul, quando a situação exigiu eficiência, a equipe marcou numa das poucas chances que teve.

Ficha técnica
Copa do Brasl 2015 - 1ª fase - Jogo de volta
15/abril/2015
GRÊMIO 2 x CAMPINENSE 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Wagner Reway (MT)
Público: 10.667
Renda: R$ 186.230,00
Gols: Douglas 18 e Lincoln 47 do 2º
Cartão amarelo: Fellipe Bastos, Maicon, Walace, Lincoln, Negretti, Jairo e Leandro Santos
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Matías Rodríguez (5,5), Geromel (6), Rhodolfo (6) e Marcelo Oliveira (6); Fellipe Bastos (5,5) (Walace, intervalo - 6), Maicon (6,5), Giuliano (6), Douglas (6,5) (Lincoln, 31 do 2º - 6,5) e Luan (6); Braian Rodríguez (5) (Yuri Mamute, intervalo - 6). Técnico: Luiz Felipe (6,5)
CAMPINENSE: Gledson (7), Thiago Araújo (5,5), Joécio (6), Jairo (5,5) e Jefferson Recife (5,5); Negretti (5,5), Leandro Santos (5), Neto (5) e Luiz Fernando (4,5) (Jairo Santos, 30 do 2º - 5); Felipe Alves (4,5) (Reginaldo Júnior, 22 do 2º - 4,5) e Túlio Renan (5) (Willian, 22 do 2º - 5). Técnico: Francisco Diá (4,5)

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