Mil e uma utilidades
Ninguém gosta de perder clássico e ninguém faz pacto com o rival antes de um jogo como esse. Mas ficou claro, na volta do intervalo, que a vitória de 2 a 0 do São Paulo agradava a gregos e troianos: o Tricolor, óbvio, porque se classificava. O Corinthians, porque escapava do Atlético-MG e caía num caminho mais brando, com o Guaraní paraguaio nas oitavas de final. Era previsível que o segundo tempo se arrastasse com o placar assim até o minuto final.
O resultado foi condicionado decisivamente por uma expulsão discutível de Emerson Sheik, aos 18 minutos de jogo. Sandro Meira Ricci exagerou ao dar cartão vermelho ao corintiano, embora também não se possa dizer que o cartão vermelho foi absurdo. Fato é que Sheik prejudicou decisivamente o Timão com a rasteira gratuita aplicada em Rafael Tolói - vale lembrar que Emerson se valeu de um erro de arbitragem no clássico da estreia da primeira fase, construindo a jogada do gol de Jadson com uma falta não marcada sobre Bruno, e que Tolói foi o vilão de um clássico contra o Palmeiras no qual foi expulso no começo do jogo, como Sheik hoje. A banca paga e recebe.
Nada disso anula os méritos do São Paulo, que entrou desde o início do clássico com a faca nos dentes, para não dar margem a qualquer chance de eliminação. O Tricolor talvez vencesse de todo modo, mas seu caminho ficou facilitado a partir da superioridade numérica. A equipe de Milton Cruz se impôs através das boas atuações de Hudson, Denílson, Michel Bastos e Luís Fabiano. Chegou ao 2 a 0 com total naturalidade, diante de um adversário combalido e sem grandes motivações.
Tite não é de perder de propósito, mas é evidente que a informação de que seria o Guaraní o adversário com o 2 a 0, e não o Galo, chegou ao vestiário corintiano. E isso não fez o Corinthians tirar o pé, mas também certamente não lhe ajudou a ir para cima, ou lhe deu um gás extra. Já o São Paulo pegaria o Cruzeiro de qualquer jeito. Poderia ter tentado uma goleada, mas resolveu não se desgastar e passou a administrar o resultado do modo correto, com posse de bola ofensiva. Com 9 contra 10 na etapa final e as oitavas no horizonte, o Timão também não forçou na etapa complementar. Não tomar uma goleada, de certa forma, já estava de bom tamanho, diante das circunstâncias.
Em tempo:
- E o San Lorenzo conseguiu perder em casa para o Danubio, no finzinho. Noite de despedida melancólica do atual campeão da América.
- Fim de um tabu de 13 jogos, ou 8 anos: o São Paulo, enfim, voltou a ganhar do Corinthians no Morumbi. O Timão não perdia há 20 jogos no estádio, e perdeu sua invencibilidade em 2015, após 26 partidas.
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Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2015 - 1ª fase - Grupo 2 - 6ª rodada
22/abril/2015
SÃO PAULO 2 x CORINTHIANS 0
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (SC)
Público: 38.772
Renda: R$ 3.113.120,00
Gols: Luís Fabiano 31 e Michel Bastos 39 do 1º
Cartão amarelo: Dória, Hudson, Reinaldo, Denílson, Danilo e Elias
Expulsão: Emerson Sheik 18 do 1º; Luís Fabiano e Mendoza 9 do 2º
SÃO PAULO: Rogério Ceni (5,5), Bruno (5,5), Rafael Tolói (6,5), Dória (6) e Reinaldo (6,5); Denílson (6,5) (Centurión, 32 do 2º - sem nota), Hudson (7) (Rodrigo Caio, 39 do 2º - sem nota), Souza (6), Ganso (6) e Michel Bastos (6,5) (Thiago Mendes, 36 do 2º - sem nota); Luís Fabiano (6,5). Técnico: Milton Cruz (7)
CORINTHIANS: Cássio (4,5), Fagner (5,5), Felipe (5,5), Gil (5) e Uendel (5); Ralf (5), Elias (5), Renato Augusto (5) (Danilo, 24 do 2º - 5), Jadson (4,5) (Bruno Henrique, 15 do 2º - 5) e Emerson Sheik (3); Vágner Love (4) (Mendoza, intervalo - 3). Técnico: Tite (4)
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