Mais que um simples desfalque

A perda de Ramiro por seis meses é considerável e bem representativa dentro da proposta do Grêmio para este ano. Tecnicamente, claro, é possível repor: Maicon, Fellipe Bastos, Walace, Araújo, Matheus Biteco e Marcelo Oliveira e outros meninos da base estão aí para isso. Mas poucos encarnam tanto o espírito que o Tricolor imprime para 2015 quanto Ramiro.

O fato de ele ser um bom jogador, claro, é o primeiro deles. Mas Ramiro, embora profissional, é também declaradamente um gremista. Isso pesa muito no cenário atual: a cada jogador trazido para a Arena, Rui Costa frisou que o atleta em questão veio também porque escolheu o Grêmio como clube, fez questão de vestir a camisa tricolor. E poucos a vestem com tanta abnegação quanto Ramiro. Tanto que, desde que virou titular, contra o Vasco, numa noite de sábado de 2013, em São Januário, nunca mais saiu do time.

Outro problema relativo à perda é sua versatilidade. No começo, Ramiro foi segundo volante pela direita. No ano passado, experimentava certa irregularidade diante das incertezas do time, mas, com a chegada de Luiz Felipe, foi posto como meia aberto pela direita, tal qual Giuliano joga hoje, e foi um dos destaques da equipe no returno do Brasileirão. Neste começo de ano, vinha atuando como primeiro volante, e cumprindo o dever. Se precisar de lateral direito, estamos aí. Fora o fato de ele ser meia origem, nos tempos de Juventude. Marcelo Oliveira, por exemplo, foi trazido principalmente por ser versátil. Em um elenco enxuto, possuir jogadores capazes de desempenhar funções diferentes com competência é fundamental para cobrir eventuais buracos.

Ramiro não é tecnicamente um jogador diferenciado, mas seu profissionalismo é. Chegou a treinar em meio às férias, por não aguentar ficar parado - talvez isso, alguém da área de Educação Física certamente pode explicar melhor e com mais propriedade, pode ter colaborado para a sequência de lesões sérias neste começo de temporada. É jogador de grupo, e dos bons. O tipo de atleta que todo técnico adora. Por tudo isso, uma perda séria para Felipão. Que se recupere bem e, se possível, mais rápido do que se prevê inicialmente.

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