Amigos, mas negócios à parte
O encontro mais esperado antes de Corinthians x San Lorenzo era de Emerson Sheik com Caruzzo, os dois que se provocaram durante toda a final da Libertadores de 2012. Ambos esqueceram o episódio de três anos atrás, exalando cordialidade. Caruzzo chegou a pedir ao brasileiro que na última rodada o Corinthians vencesse o São Paulo, resultado que ajuda os argentinos a passar de fase. Foi o retrato do empate em Itaquera: dois times que se satisfizeram de certa forma com o 0 a 0, mas sem descuidar do ardiloso e perigoso rival que estava do outro lado.
O empate agradava a ambos em princípio: com ele, o Timão se classificaria (com derrota, poderia até se complicar, embora as chances de eliminação fossem remotas) e o Ciclón manteria chances de passar na última rodada. Mas não houve acordo, marmelada, nada disso: o que existiu foi um extremo respeito de lado a lado. O San Lorenzo sabia que estava jogando diante do melhor time do Brasil fora de casa, e o Corinthians tinha a noção de estar enfrentando o atual campeão da América e líder do Campeonato Argentino.
A ideia de ser o líder geral caiu por terra para o Timão após a vitória do Boca sobre o Palestino. O Corinthians teve mais posse no primeiro tempo, mas defensiva. Foram seis chances contra três dos visitantes, mas quase todas na base da velocidade. O jogo ocorreu mesmo no campo corintiano: os 37% de posse de bola que o San Lorenzo teve nos primeiros 45 minutos foram quase todos no campo de ataque, trocando passes com paciência. O time argentino teve leve superioridade entre os 15 e os 30 da etapa inicial, ocupando sempre um metro a mais de campo, matreiramente. Eliminou o Cruzeiro ano passado no Mineirão desta forma, vale lembrar.
O Corinthians só reverteu a tendência do jogo exercendo pressão na saída de bola argentina. Foram três chances claras entre os 33 e os 37 minutos. Mas Guerrero fez muita falta: Vagner Love não teve a presença de área do peruano, não segurou a bola na frente e não concluiu a gol. A pouca posse ofensiva corintiana passa diretamente por sua má atuação. Para dificultar mais as coisas, Elias não pôde subir tanto, já que havia Romagnoli para ser vigiado. Com os perigosos Blanco e Villalba nas pontas, os laterais também subiam menos que de costume. E, assim, o jogo ficou truncado.
O acordo não escrito nem acertado pelo empate ficou mais próximo de ocorrer, de fato, no segundo tempo. Os 45 minutos finais foram muito mais travados que os iniciais, com muita disputa e pouco jogo. Em sua coletiva, Tite se irritou e levantou a voz para negar que a saída de Love para a entrada de Danilo tenha sido para segurar o 0 a 0 que pode complicar a vida do São Paulo. E ele tem razão: fora seu irreparável profissionalismo neste tipo de situação, o que Tite tentou fazer era dar mais retenção ofensiva, algo que Vagner Love nunca conseguiu. Danilo passou para a esquerda, Sheik virou centroavante, mas o fato é que quase nada mudou.
O Corinthians está classificado. O San Lorenzo, por sua vez, precisa vencer o Danubio e torcer para que o São Paulo perca o clássico - daí o pedido de Caruzzo. Porém, se o time argentino vencer os eliminados lanternas uruguaios por quatro gols de diferença, só uma vitória do Tricolor diante do Timão (algo que no Morumbi não ocorre desde 2007) o deixaria de fora. E o Danubio, nesta Libertadores, perdeu todas em casa por 2 a 1, e todas fora por... isso mesmo, 4 a 0. A vaga está em aberto, portanto.
Em tempo:
- Partida monstruosa de Buffarini na marcação. Evoluiu bastante neste aspecto, o lateral argentino.
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Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2015 - 1ª fase - Grupo 2 - 5ª rodada
16/abril/2015
CORINTHIANS 0 x SAN LORENZO 0
Local: Arena Corinthians, São Paulo (SP)
Árbitro: Victor Hugo Carrillo (PER)
Público: 41.107
Renda: R$ 3.329.516,50
Cartão amarelo: Jadson, Caruzzo, Blanco e Alán Ruiz
CORINTHIANS: Cássio (5,5), Fagner (6), Felipe (6), Gil (6) e Uendel (5,5); Ralf (5,5), Elias (5,5), Renato Augusto (6), Jadson (6) e Emerson Sheik (6,5) (Mendoza, 42 do 2º - sem nota); Vagner Love (4,5) (Danilo, 15 do 2º - 5,5). Técnico: Tite (5,5)
SAN LORENZO: Torrico (6), Buffarini (7), Caruzzo (6), Yepes (6) e Más (5,5); Mercier (6,5), Ortigoza (6), Romagnoli (6) (Alán Ruiz, 21 do 2º - 5), Villalba (5) (Mussis, 25 do 2º - 5) e Blanco (5,5) (Barrientos, 29 do 2º - 5); Matos (4,5). Técnico: Edgardo Bauza (6)
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