Falta convicção no Flu

Cristóvão Borges deixa o comando técnico do Fluminense mais por 2014 que por 2015. A torcida perdeu de vez a paciência com o treinador na traumática eliminação para o América-RN, na Copa do Brasil, e a queda para o Goiás logo na primeira fase da Sul-Americana, em nada ajudou a melhorar a imagem do treinador perante a galera. Fracassos que pesaram bem mais nesta conta do que os recentes tropeços diante de Macaé e Tigres, pelo estadual.

A decisão de demitir o treinador após o jogo do último sábado não surpreende, mas dizer que é justa é outra história. Na verdade, há motivos que a explicam bem, e vão além da impaciência das arquibancadas. O que fez Cristóvão de especial neste quase um ano de Laranjeiras? Pouca coisa, talvez só o trabalho de recuperação de Fred, que, após uma péssima Copa do Mundo, se transformou, nas mãos do treinador, no artilheiro do Brasileirão do ano passado. Cristóvão tirou do time mais do que ele pode dar, como todo trabalho de treinador bem realizado? Não, ou em raros momentos. E estas duas respostas pesaram, certamente, na avaliação.

Porém, há o reverso da questão. O Fluminense foi um time desorganizado sob o comando de Cristóvão? Não, ao contrário. Por mais problemas que tenha, o padrão tático sempre foi definido, o entrosamento sempre existiu, a cultura de trabalho era bem recebida pelos atletas. Outra: o desempenho do Flu com Cristóvão ficou aquém do esperado? Tirando o fiasco nos mata-matas, não. Ele levou um bom elenco, mas nada além disso, ao 6º lugar do Brasileirão do ano passado. Era onde aquele Fluminense poderia chegar. No Carioca deste ano, o Tricolor pode até ter grupo superior a Botafogo e Vasco (ao Madureira, então, nem se fala), mas é fato que se modificou muito, que perdeu qualidade, muito mais que seus rivais. Os 22 pontos em 11 jogos representam um desempenho normal, natural para a situação. Tal perda de nível do elenco, porém, costuma cobrar um preço. E quem pagou, mais uma vez, foi o lado mais fraco da balança.

Era sabido que o Fluminense, sem o dinheiro da Unimed, passaria por percalços. Em situações de reestruturação, convicção deve ser a lei. A demissão de Cristóvão, um técnico que conhece bem o grupo que tem, e que se não fez um trabalho brilhante também esteve longe de ser um desastre, denota a falta deste item precioso. Ao menos, a mudança se dá antes do Campeonato Brasileiro, e não durante o mesmo.

Em tempo:
- O substituto de Cristóvão deve ser Ricardo Drubscky. Em vez de alguém tarimbado, mais uma aposta. Será que vale tanto a pena assim mudar o que já recebia uma continuidade?

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