A importante vitória e as alternativas de Aguirre

Se o Internacional convenceu ou não, isso é o que menos importa no momento. O fundamental é que a equipe de Diego Aguirre venceu. Era fundamental um bom resultado: a Universidad de Chile se mostrou um time de recursos, que se conquistasse pontos no Beira-Rio poderia crescer na competição. Após a derrota para o Strongest na estreia, ganhar ontem era quase que uma condição para o time gaúcho não entrar no desespero na Libertadores.

A vitória pelos mesmos 3 a 1 com os quais o time de Diego Aguirre foi batido em La Paz não pode, é claro, esconder alguns problemas. Eles existem, não são simples, e principalmente defensivos. Já conhecidos de longa data: Fabrício é um ponto tão vulnerável na equipe do ponto de vista defensivo que o continente inteiro já sabe disso - Martín Lasarte destacou ontem o habilidoso e rápido Ubilla para explorar suas costas. Deu certo: o gol de La U surgiu a partir dali, e não fosse a má jornada de Canales e a imperícia do time chileno nas conclusões, o jogo poderia ter sido outro. A zaga, com Réver e Alan Costa, bateu cabeça mais de uma vez. Com Léo e Fabrício nas laterais, o Inter precisa de mais gente pegando no meio. Isso que Nílton esteve em bela jornada.

Porém, surgiram também pistas de como deve ser o Colorado do meio para a frente. E é inegável: a ausência de Nilmar melhorou a equipe de Diego Aguirre. Ou melhor: a ausência de um camisa 9, o arquivamento do eterno 4-2-3-1, que perdura desde a Libertadores de 2010. Um ataque sem centroavante, mas com dois atacantes, é possível. Mais: ele melhora o Inter. Mesmo com Vitinho mais caído do que de pé, o Colorado rendeu mais nesta formação do que em outros jogos. Com ele pela direita e Eduardo Sasha pela esquerda, foram possíveis triangulações pelos dois lados (Fabrício-Jorge Henrique-Sasha, Léo-D'Alessandro-Vitinho), com Aránguiz de juntando ao lado que estivesse no ataque, sempre dinâmico - explorar os fracos laterais chilenos era mesmo uma obrigação. Ainda assim, é difícil cravar um esquema. Se o Inter melhorou sem Nilmar, também cresceu com Alex no lugar de Vitinho. E isso remete à volta do esquema com apenas um atacante.

Se o Inter jogou bem com dois atacantes, mas também cresceu no segundo tempo com apenas um, é sinal de que fez sua melhor partida nesta temporada. Ainda assim, foi um jogo recheado de percalços, alguns por causa também do adversário complicado: depois de 15 minutos de pressão, a Universidad de Chile equilibrou as ações. O gol de pênalti foi um achado de D'Alessandro, mais uma vez o melhor em campo, no decisivo momento do intervalo, quando o Beira-Rio já perdia a paciência com os erros de passe e a dificuldade de criar da equipe. No segundo tempo, quem passou a contragolpear, sem medo de parecer humilde, foi o próprio time gaúcho. Fez 2 a 0 assim, tomou o 2 a 1. Aguirre teve o mérito de fechar o time com Freitas e matar o jogo noutro contra-ataque, numa rara falha do ótimo zagueiro Osvaldo González - Jhonny Herrera, tal qual nos tempos de Corinthians, não sai do gol. Foi uma vitória sábia, com gols nos momentos certos e uma dose de humildade incomum para time brasileiro que joga em casa na Libertadores.

A situação melhora sobremaneira: com os mesmos 3 pontos do Strongest, o Inter já supera os bolivianos no saldo, e tem a vantagem de enfrentá-los em casa. Basta não bobear contra o Emelec, semana que vem, para manter a tranquilidade. Terminar na zona de classificação esta primeira metade da fase de grupos é fundamental, pois o Colorado já terá feito dois de seus três jogos como mandante.

Em tempo:
- Alguém lembrou ontem de Anderson?

- Pelo que jogou ontem, Maxi Rodríguez seria titular fácil do Grêmio. Aliás, em vez de Canales, o Tricolor deveria tentar Lorenzetti. Ótima atuação do argentino.

2013 ou 2015?
Há duas diferenças básicas entre o Santa Fé de agora e o semifinalista da Libertadores de dois anos atrás: Arias e Morelos. O primeiro, habilidosíssimo, fazia uma grande Copa em 2013, mas se lesionou gravemente e ficou de fora dos mata-matas. Agora, está de volta, e em grande forma novamente. O segundo é muito melhor atacante que qualquer um dos que estavam naquele elenco - incluindo nomes destacados, como Medina, Molina ou Cuero. O resto segue parecido: a experiência de Anchico, a segurança de Meza e Zapata, a cátedra de Omar Pérez. Ou seja: há qualidade para este time ir bem longe de novo.

Ontem, os colombianos deram prova de sua força: em El Campín lotado, pressionando, com grande futebol de todos estes, fez 3 a 1 com total superioridade sobre o forte Colo Colo, melhor time chileno da atualidade, aquele mesmo que bateu o Atlético Mineiro. Isso tudo é má notícia para o Galo: do jeito que vai, o Santa Fé dificilmente será eliminado na fase de grupos. Restaria, então, uma vaga, disputada a tapa com Colo Colo e Atlas - dois times difíceis, que inclusive já bateram os mineiros nesta Libertadores. É a chave mais difícil de todas, pior inclusive que a de São Paulo e Corinthians.

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