A obrigação gremista

Sem grandes títulos desde 2001, o Grêmio tem entrado no Campeonato Gaúcho normalmente com o pé no freio, pensando sempre na conquista maior. Em 2014, colocou titulares sempre que pôde (até excessivamente, para muitos), mas sem tratá-lo como prioridade, diante da concorrência da Libertadores. Agora, não há mais desculpas: sem levantar o caneco pampeano desde 2010, e com apenas o estadual no horizonte até o final de abril, o Tricolor entra sem qualquer desculpa no Gauchão. E na obrigação de vencê-lo, para dar uma alegria, regional que seja, a seu carente torcedor.

O grupo do ano passado foi enfraquecido, mas o clube aposta na competência de Luiz Felipe Scolari para ser competitivo e não ficar atrás do rival Internacional, que melhorou seu elenco em relação a 2014 e volta a ter o melhor grupo de jogadores do futebol gaúcho, algo que não ocorria desde o primeiro semestre de 2012. Porém, com a Libertadores como prioridade, o Colorado certamente deve poupar titulares em uma série de jogos do estadual, o que abre espaço para o Grêmio ter, ao menos, a vantagem de levar uma possível decisão para a Arena.

Isso, claro, se ambos confirmarem o favoritismo. Dos principais estaduais brasileiros, o de maior distância entre os gigantes e os times do interior são o Mineiro e o Gauchão. Não há alguém no interior capaz de rivalizar de verdade com a Dupla, como fazia o Juventude há alguns anos. Há, porém, espaço para surpresas, principalmente diante de um Grêmio que se reformula e de um Inter com os dois olhos voltados para o resto da América do Sul. Brasil, Caxias e Juventude, os três clubes que disputam a Série C, são os principais candidatos a estragarem os planos dos dois grandes da capital.

De resto, estamos diante do Gauchão mais racional dos últimos anos. Começo em fevereiro, 20 datas, uma primeira fase sem a esdrúxula divisão em dois grupos, e um plano iniciado de diminuição no número de participantes. Em 2015, três cairão para a segundona, e só um subirá. No ano que vem, com 14 clubes, o procedimento se repete, para que tenhamos 12 clubes na elite gaudéria a partir de 2017. Aí sim, teremos um Campeonato Gaúcho de fato mais interessante e disputado, que não pune quem disputa a Libertadores, um dos tantos absurdos que temos visto a FGF praticar nos últimos 25 anos.

CAMPEONATO GAÚCHO 2015
Clubes: 16
Favoritos: Grêmio e Internacional
Podem chegar: Brasil, Caxias e Juventude
Podem surpreender: Cruzeiro, Lajeadense, Novo Hamburgo, São José, Veranópolis e Ypiranga
Zebras: Aimoré, Avenida, Passo Fundo, São Paulo e União Frederiquense
Fórmula: os 16 clubes se enfrentam em turno único. Os oito melhores passam para os mata-matas, e os três últimos serão rebaixados. Nas quartas de final, os confrontos são em jogo único, na casa de quem teve melhor campanha na primeira fase. Há possibilidade de prorrogação e pênaltis, em caso de empate. Nas semifinais e na final, o mata-mata é em ida e volta, com saldo qualificado - persistindo o empate nos 180 minutos, há possibilidade de prorrogação e pênaltis.
Maiores campeões
Internacional - 43 títulos
Grêmio - 36 títulos
Guarany de Bagé - 2 títulos
Últimos 10 campeões
2005 - Internacional
2006 - Grêmio
2007 - Grêmio
2008 - Internacional
2009 - Internacional
2010 - Grêmio
2011 - Internacional
2012 - Internacional
2013 - Internacional
2014 - Internacional

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