Quase nada

A vaga direta nas oitavas de final da Copa do Brasil do ano que vem é o que resta ao Grêmio disputar na última rodada do Campeonato Brasileiro. Mais do que um sub-objetivo, na verdade esta briga é um símbolo do fracasso do time de Luiz Felipe em sua tentativa de chegar à Libertadores. Só se contenta com essa disputa quem não conseguiu sequer chegar na última rodada com chances de G-4. Ainda assim, mesmo sendo quase nada, é melhor do que nada.

Garantir um lugar entre os 16 melhores da Copa do Brasil está longe de ser um grande mérito para um clube com o tamanho do Grêmio. Na verdade, é apenas evitar o fiasco de cair antes, como fizeram São Paulo, Internacional e Fluminense na fatídica noite em que foram eliminados por Bragantino, Ceará e América-RN. A obrigação mínima do Tricolor é sempre passar pelas fases iniciais desta competição. Não há motivo algum para comemoração caso isso seja conquistado neste domingo.

Na verdade, o primeiro semestre gremista de 2015 já está comprometido. Quem não disputa Libertadores, tem o começo de ano muito prejudicado em termos de jogos interessantes, rendas, investimentos, interesse e exposição. Afinal, além do estadual, há apenas as etapas iniciais da Copa do Brasil pela frente, com enfrentamentos normalmente fáceis demais. Tais confrontos normalmente têm uma única motivação para os clubes grandes: ganhar por 2 a 0 fora de casa para eliminar o jogo de volta e livrar uma data no apertado calendário.

É justamente isso o que está em jogo neste domingo para Fluminense e Grêmio. O Tricolor que chegar à frente nesta disputa pela sexta vaga direta nas oitavas da Copa do Brasil estará, na prática, eliminando não apenas os indesejáveis jogos de volta, mas também os de ida das primeiras fases do torneio nacional de mata-mata. É a garantia de uma folga que pode variar de três a seis datas no calendário. Impede o clube de disputar a Sul-Americana, é verdade, mas hoje em dia só chega nela quem vai mal na Copa do Brasil. No futebol brasileiro, muitas vezes paga-se pelo mérito e recompensa-se pelo demérito.

O fato é que, com ou sem vaga direta, o Grêmio só tem uma alternativa para o começo de 2015: recuperar a hegemonia estadual, por mais que o título gaúcho esteja cada vez mais desvalorizado. Não há competição paralela em disputa, existe um limite no número de jogadores inscritos para o Gauchão, é preciso dar esta satisfação para a torcida e, principalmente, fazer o time ganhar corpo desde o começo do ano. Não ter viagens para Rio Branco, Belém ou Teresina dá uma facilitada nesse processo. Não haverá jogos por competições nacionais até o início de maio, mas também é verdade que as fases iniciais da Copa do Brasil são de nível semelhante à dos principais campeonatos estaduais. Não se perde nada em termos técnicos.

É quase nada, mas, para quem anda com a tripa seca por títulos, a metade é o dobro.

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