Noite de Palestra, noite de tensão

Faz quatro anos e meio desde aquele Palmeiras x Grêmio. Um jogo aparentemente comum, válido pela 3ª rodada de um longo Campeonato Brasileiro, dia 22 de maio de 2010. É um confronto, porém, que não sai da memória de nenhum palmeirense: foi o último do antigo Palestra Itália, ou Parque Antártica, como queiram. A eterna casa do Alviverde Paulista, posta abaixo para a construção de uma arena maior, mais moderna. Um longo período de 54 meses que se encerra hoje à noite.

Conversando com alguns amigos palmeirenses no início deste ano, me chamou a atenção o fato de absolutamente todos parecerem desanimados quando o assunto eram as perspectivas do time para a temporada. Os olhos deles, porém, brilhavam quando começávamos a falar do novo estádio: "lindo demais", "caldeirão", "o mais bonito do país", "fantástico", eram alguns dos adjetivos e expressões utilizados. Orgulho de torcedor à parte, fica evidente: o grande dia de 2014, e talvez destes quase cinco anos, para qualquer palmeirense, é o de hoje.

A obra, porém, atrasou mais do que devia. Se o Grêmio ergueu seu estádio novo em pouco mais de dois anos, o Palmeiras levou o dobro de tempo para isso. Começou três meses antes e terminou dois anos depois. Isso não diminuiu em nada a data, mas causa uma situação desconfortável: a partida de inauguração promete ser extremamente tensa. Tivesse ocorrido antes, talvez no primeiro turno do Brasileirão, quem sabe o Palmeiras teria tido como aproveitar um pouco melhor a festa? Quem sabe, com o impulso da nova casa, não teria feito uma campanha melhor, longe do risco que corre atualmente?

Se misturar festa com futebol é perigoso, fazê-lo quando a necessidade de vencer é imperiosa dobra o risco. O Palmeiras entra em campo pressionado, lutando para não voltar à zona de rebaixamento diante de um Sport que tem um histórico de complicar a vida alviverde. Um time razoável, que não disputa nada no campeonato, mas que por isso, também, não tem nada a perder. Nada disso diminui a data, sua importância, ou a festa que a torcida deve e precisa fazer antes do jogo. Mas tudo, certamente, seria menos tenso se a situação do time na competição fosse outra.

O mais correto seria inaugurar a arena após o Brasileirão, já que antes da reta final não foi possível. Mas, se o Palmeiras vencer hoje (e vencendo afasta quase que de vez o risco de queda), dirão por aí que os deuses do futebol (e não os dirigentes irresponsáveis) quiseram que a Arena Palestra fosse inaugurada em uma batalha vencida pelo Verdão, uma batalha pela sobrevivência, pela manutenção da grandeza do clube em um dos momentos que, sim, é um dos mais importantes de sua riquíssima e centenária história. Uma história que ganhará um capítulo inesquecível hoje, a partir das 22h.

Firmito
Mais uma boa vitória da seleção brasileira. Dunga fecha o ano com 100% de aproveitamento em seis partidas. A equipe canarinha tomou seu primeiro gol nesta nova fase, mas conseguiu uma vitória difícil. A Áustria lidera seu grupo nas eliminatórias da Euro, o qual conta com Suécia e Rússia. O 2 a 1 fora de casa é um bom resultado, sinal de que o time está realmente firme - e com Roberto Firmino entrando para ficar, com um bom futebol e o golaço que decidiu a parada em Viena. Para quem levou dez gols em dois jogos na Copa, tomar só um nos seis seguintes, embora tenha poucos efeitos práticos, é sinal de que a crise defensiva está estancada. Que venha 2015, e seus amistosos, Copa América e começo de eliminatórias.

Noite de desespero. E de toalha
O confronto mais tenso desta quarta ocorrerá em Salvador. Vitória e Coritiba, com seus 37 pontos, dependem de uma vitória para ficarem quase livres do rebaixamento. Novo fracasso, porém, manterá um dos dois (ou ambos, em caso de empate), a perigo. A noite reserva ainda um depressivo Criciúma x Bahia, o desespero do Botafogo diante do quase livre Figueirense e um jogo especialmente importante para a Dupla Gre-Nal: Goiás x Corinthians, em Belém. Secar o Timão é dever da gauchada hoje. Mas nada disso é mais importante que o jogaço entre Atlético Nacional e São Paulo, abrindo as sensacionais semifinais da melhor Sul-Americana de todos os tempos, em Medellín.

Quase lá
A vitória do Vasco sobre o Vila Nova levou ontem os cariocas aos 62 pontos, deixando-os a um empate do retorno à elite. Não perder para o modesto Icasa, sábado, no Maracanã lotado, retorna o time de Douglas, Maxi Rodríguez, Guiñazu, Kleber e agora Eurico Miranda à primeira divisão. A briga pela quarta vaga é que segue intensa. Ontem, o Boa Esporte fez 1 a 0 no líder Joinville e foi a 56, mantendo pé no G-4. A disputa é no fotochart: Atlético Goianiense e Avaí têm a mesma pontuação, o bravíssimo América-MG está logo atrás (estaria promovido se não fosse o tapetão), o Ceará a dois, o Sampaio Corrêa a três e o Santa Cruz a quatro pontos de distância. O Náutico, ao levar 2 a 0 do Oeste, caiu fora da briga para subir.

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