Seis minutos, cinco pontos, mas ainda sem briga
É claro que uma nova combinação positiva de resultados no final de semana pode encurtar e esquentar ainda mais essa briga. Ou, na verdade, fazê-la existir: afinal, em nenhum momento deste returno a equipe mineira esteve realmente ameaçada de perder seu trono. A menor distância ocorreu na 21ª rodada, quando esteve a quatro pontos do São Paulo, após perder para o próprio time paulista no Morumbi. De resto, uma distância que variou entre cinco e oito confortáveis pontos sempre, seja o vice-líder o time paulista, o rival Atlético ou o Internacional. Nunca houve briga pelo título, e a alternância de vice-líderes, sempre distantes, é a prova. O final de semana dará apenas mais uma chance para que ela comece a de fato existir - o Cruzeiro recebe o Botafogo, o São Paulo visita o Criciúma, ambos no domingo.
A lógica para que o time de Muricy Ramalho conquiste o título precisa ser radicalmente mudada nas rodadas finais. Com 43 pontos no turno, um aproveitamento de 75,4%, o Cruzeiro abriu uma vantagem tão grande que mesmo um returno só médio, com 50% de rendimento, vem sendo mais que suficiente para que ele conquiste o título. O São Paulo, cujo turno teve 63,2% de aproveitamento, acabou caindo nesta segunda metade: fez 20 dos 36 pontos que disputou no returno, uma média de 55,6%. Caso mantenha este aproveitamento até o final, chegará aos 68 pontos. O Cruzeiro teria de fazer apenas 6 pontos nos próximos 7 jogos - cair para 28,6%, portanto. Muito improvável, até porque terá vários jogos fáceis nas rodadas que restam.
Se mantiver o ritmo de 50%, a Raposa chegará a 72, obrigando o Tricolor Paulista a fazer 17 pontos para chegar ao título (aumentar de 55,6% para 81%, portanto). Ou seja: o São Paulo não pode mais perder nenhum jogo, e precisa ganhar cinco dos sete. É muito difícil. Principalmente porque ambos já se enfrentaram duas vezes. Houvesse ainda um confronto direto entre eles, mesmo que no Mineirão, o time paulista teria ao menos a chance de tirar três pontos numa rodada sem depender de resultados paralelos. Na prática, precisará de duas rodadas onde tudo dá certo para ainda precisar pontuar mais que os mineiros nas outras cinco. É muita coisa.
É justamente por precisar contar com resultados paralelos que o São Paulo precisa olhar para a sua tabela e a do Cruzeiro nestas sete rodadas finais. Notem bem: elas têm dificuldade semelhante para os dois lados. E a Raposa tem uma vantagem: jogará quatro vezes em casa e três fora, enquanto o Tricolor fará justamente o contrário.
Cruzeiro
Botafogo (casa)
Criciúma (casa)
Santos (fora)
Grêmio (fora)
Goiás (casa)
Chapecoense (fora)
Fluminense (casa)
São Paulo
Criciúma (fora)
Vitória (fora)
Palmeiras (casa)
Internacional (casa)
Santos (fora)
Figueirense (casa)
Sport (fora)
A moral dessa história não é a de que o campeonato está acabado, ou de que o torcedor são-paulino não tem o direito de ter a esperança de sonhar com o título. Ao contrário: toda essa análise só existe justamente porque a equipe do Morumbi conseguiu diminuir a diferença para o Cruzeiro nesta rodada. Porém, o que o São Paulo precisa é pensar pragmaticamente: a distância para a saída do G-4 é menor neste momento do que para o líder: cinco pontos separam o time de Muricy do líder, mas apenas três o separam do Corinthians, atual 5º colocado. Portanto, o risco de perder a vaga na Libertadores ainda é matematicamente maior do que de ser campeão brasileiro. Garantir a vaga na competição continental, da qual o São Paulo não participa desde 2010, deve ser a ordem inicial. Se der para chegar ao título, melhor ainda.
Lembrando que há ainda chance de vaga e de título via Copa Sul-Americana, também. Um São Paulo x River Plate na decisão não seria nada mau para este final de ano, certo?
Carta na Mesa
A edição desta segunda-feira do Carta na Mesa já está disponível para download. Nosso próximo programa é quinta-feira, às 10h, ao vivo, pela Rádio Estação Web (reprise às 13h).
Comentários