O quinto elemento



Pato, Alan Kardec, Ganso e Kaká formam um quarteto irresistível no São Paulo. Por muito tempo, perguntou-se o que ocorreria a este quadrado mágico tricolor quando Luís Fabiano estivesse em condições de jogo. Com Alan Kardec jogando muito e o Fabuloso visivelmente abaixo, as discussões cessaram, mas não completamente. Pois agora é Michel Bastos quem vem pedindo passagem. Depois de dar três assistências na segunda-feira, nos 3 a 0 sobre o Goiás, o meia foi o principal nome da vitória de ontem, sobre o Emelec, na abertura das quartas de final da Copa Sul-Americana. Fez um golaço, participou de outro e mereceu os elogios do exigente Muricy Ramalho, que admitiu: vai ser difícil tirá-lo do time. Jogou tanto que nem a atuação apagada de Kaká fez falta.

O que talvez Michel Bastos possa fazer é substituir Kaká quando este rumar de vez para os Estados Unidos. São jogadores bem diferentes, mas em fase técnica de mesmo nível. Michel não tem a arrancada do camisa 8, mas tabela em velocidade, fazendo um contraponto interessante com o jogo cadenciado de Ganso. Não tem a liderança técnica do pentacampeão, mas conclui melhor. O golaço marcado ontem é mais uma prova, dentre tantas que ele deu durante toda a sua carreira na Europa. Ele dá mais poder de fogo à equipe, embora tenha menos capacidade de dividir o comando da articulação com Ganso.

Ontem, o São Paulo bateu o Emelec basicamente por ser um time de qualidade muito superior. Começou com muitos problemas, mas Michel fez o 1 a 0 na hora certa, aos 11 minutos, quando os equatorianos começavam a se impor. O time de Guayaquil, por sinal, não é mais "aquele": atual 3º colocado do seu campeonato nacional, passou raspando pelo fraco Goiás nas oitavas de final. Ainda assim, fechava-se bem e se satisfazia com a derrota por 1 a 0, confiando numa reversão no George Capwell.

Em dez minutos, o Tricolor Paulista encaminhou a vantagem definitiva. Com um jogo ofensivo irresistível, embora de pouca intensidade de chegadas, construiu os 3 a 0 antes do intervalo, em duas ótimas jogadas coletivas. O terceiro gol, de Alan Kardec, foi de um timaço. No segundo tempo, porém, tudo mudou. Sem Maicon no meio, Hudson (um dos melhores nos 45 iniciais) foi para a lateral, com Paulo Miranda na lateral e Antônio Carlos na zaga. A entrada deste último desarticulou a defesa paulista. O Emelec fez dois gols antes dos 10 minutos e complicou de vez o jogo. Perigo nas duas áreas, Antônio Carlos fez o 4 a 2 que tornou um resultado perigosíssimo em relativamente bom. E aí Muricy não teve vergonha de fechar seu time para sustentar a vantagem de dois gols.

A vaga não está garantida. É claro que a superioridade técnica são-paulina é grande, mas o Emelec mostrou ser um time bem montado. O velho problema deste São Paulo, o sistema defensivo, voltou a dar as caras no segundo tempo, especialmente após a entrada de Antônio Carlos. Com dois gols marcados no Morumbi, o time equatoriano certamente não terá medo de partir em busca da recuperação jogando em casa.

Estilo Boca
Jogando em casa, sem brilho, o Boca Juniors tinha pela frente um Cerro Porteño equivalente ao seu time em termos técnicos. Conquistou, na pressão, um golzinho pra lá de importante, com Gigliotti, aos 37 da etapa final. O resultado permite aos argentinos uma administração bem como eles gostam em Assunção. No momento, as semifinais da Sul-Americana seriam São Paulo x Atlético Nacional, Boca Juniors e River Plate. A melhor edição do torneio em todos os tempos.

Comentários

Paul disse…
Espero que a sua senhora o tenha liberado para assistir a Serie B nesta sexta a noite, porque o jogo do Vasco foi sensacional, e até me arrisco dizer, COMOVENTE.
Vicente Fonseca disse…
Hahah. Não foi culpa dela, eu que me passei e não vi nada. Fiquei sabendo agora da história e só tenho uma coisa a dizer: saudades, Maxi!