Ponto valioso

O empate obtido pelo Grêmio no Independência foi o típico ponto ganho. Primeiro, porque sair sem ser derrotado do Horto é sempre algo digno de nota (só o Bahia conseguiu, o resto perdeu). Segundo, porque o Atlético-MG é um concorrente direto, que poderia se aproximar e ficar a um pontinho se vencesse o jogo. Terceiro, e principal: o Tricolor não jogou bem. Foi dominado no primeiro tempo, equilibrou a partida no segundo. Se tivesse de haver um vencedor hoje, teria sido o Atlético. E ainda assim o Grêmio não perdeu, e mais uma vez, pela quarta partida seguida, saiu sem tomar gols.

Mas poderia, pois o primeiro tempo foi complicado. Se Giuliano tivesse convertido a grande chance que teve (a maior de todo o jogo, cara a cara com Victor), a partida poderia ter sido outra. O Grêmio começou bem, fechando os espaços, mas logo o Atlético foi os descobrindo. Os experientes Diego Tardelli e Dátolo deixaram a desejar, mas Luan e Carlos não. O primeiro, em jornada inspirada como armador (e nem é a dele), criou inúmeros problemas para a zaga gaúcha. O jovem centroavante perdeu um gol que parecia certo, mas ainda assim rendeu mais que Jô e André em qualquer jornada deste Brasileirão. É um jogador de futuro, talvez presente.

O Atlético cresceu na segunda metade do primeiro tempo porque passou a impor sobre o Grêmio aquilo que o Grêmio gosta de fazer: marcar adiantado e forçar o erro do adversário. Com jogadores muito rápidos no setor de frente, obrigou a zaga gremista a devolver a bola de qualquer jeito várias vezes. Como Giuliano mais uma vez jogou mal (descontado e fora de posição), o time de Felipão não tinha nenhuma retenção de bola. E o Atlético passou a tê-la sempre, e a criar perigo diversas vezes. Foi um pequeno absurdo ter saído da etapa inicial sem marcar um golzinho sequer.

No segundo tempo, a coisa mudou de figura porque o Grêmio deixou de se retrair tanto e passou a tentar agredir o Galo, o que fez o time mineiro parar de rondar tanto a sua área. Mais uma vez, os volantes tiveram participação decisiva, adiantando a linha defensiva, e com eles o time todo. A etapa final foi bem equilibrada. E, claro, a irritação da própria torcida atleticana facilitou as coisas para o lado gremista. Em vez de incentivos, começavam a surgir vaias, especialmente para Dátolo e Emerson Conceição. A maior de todas, porém, foi para Levir Culpi, que sacou Carlos e levou a galera à loucura - e com justiça, pois ele vinha bem no jogo.

Ter tido mais chances claras não significa que o Atlético fez um grande jogo. A equipe de Levir Culpi levou clara vantagem sobre o Grêmio durante 25% do jogo apenas, e não teve competência para definir. O time gaúcho jogou na dele. Perdeu o controle das ações naqueles 25% citados, mas de resto exerceu uma marcação forte, competente e que acabou sendo suficiente para trazer um ponto para Porto Alegre, um resultado excelente não só por ter segurado um rival direto, mas porque antecede duas partidas seguidas em casa, contra Santos e Chapecoense. Agora, cabe ao Grêmio fazer a sua parte na Arena, o que não é tão simples. O Tricolor tem o segundo melhor aproveitamento do campeonato em casa, mas seu estilo de jogo casa melhor com partidas fora de casa, onde não é obrigado a propor o jogo.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro - 21ª rodada
ATLÉTICO-MG (0): Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Emerson Conceição; Claudinei, Leandro Donizete (André) e Dátolo; Luan, Carlos (Guilherme) e Diego Tardelli. Técnico: Levir Culpi
GRÊMIO (0): Marcelo Grohe; Pará, Geromel, Rhodolfo e Zé Roberto; Ramiro, Fellipe Bastos e Matheus Biteco; Giuliano (Luan), Barcos e Dudu (Fernandinho). Técnico: Luiz Felipe
Local: Independência, Belo Horizonte (MG); Data: domingo, 14/09/2014; Horário: 18h30; Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA); Público: 11.873; Renda: R$ 197.850,00; Cartão amarelo: Marcos Rocha, Zé Roberto e Ramiro; Nota do jogo: 6; Melhor em campo: Luan (CAM)

Comentários

Chico disse…
E a nossa defesa continua jogando bem. Garantiu um empate difícil contra a galinha mineira.