Futebol de quinta

Se dependesse do Grêmio, a média de gols do Campeonato Brasileiro seria a mais baixa de todos os tempos. Foram só 32 tentos nos 22 jogos do Tricolor, uma média de míseros 1,45 por partida. Tudo fruto de um time com defesa sólida e ataque ineficiente. Ontem, o cenário tristemente se repetiu. A equipe de Luiz Felipe simplesmente não foi acossada por um Santos absolutamente medíocre, mas não teve criatividade para fazer o que todos os times do campeonato fizeram após a Copa do Mundo: vencer o Peixe jogando em casa. O resultado foi uma partida que se arrastou agonizando até um 0 a 0 absolutamente sonolento, em que somente as vaias ao goleiro Aranha quebraram a monotonia.

Por sinal, o episódio ocorrido na Copa do Brasil, três semanas atrás, colaborou para que a partida tivesse um ambiente carregado de tensão. Grêmio e Santos, em momento algum, jogaram um futebol leve na Arena, e isso certamente colaborou para o jogo pobre. A proximidade com com o fatídico jogo do último dia 28 foi de fato uma triste coincidência. Jogadores nervosos com o clima que antecedeu o duelo, torcida inflamada e pouca gente realmente preocupada em jogar bola. Pior para o time gaúcho, que precisava da vitória em casa.

Ainda assim, só o Grêmio poderia ter vencido o jogo. Mas não que tenha feito por merecer isso, pois jogou um futebol pobre. Os números enganam: foram 16 conclusões contra apenas 3, 10 escanteios a 3, mas poucas situações de gol (6 a 2, sendo que as duas do Peixe não tiveram conclusões). O fato preocupante é que diante de um time que produziu tão pouco o Tricolor não conseguiu impor pressão nem fazer um golzinho que seja. E não foi exatamente pela falta de Barcos, pois Lucas Coelho fez uma boa partida e foi o homem mais perigoso da equipe gaúcha. Falha dele, mesmo, só no lance em que entrou de frente para Aranha e chutou fraco - mas quantos desses o Pirata já não perdeu?

O fato é que o Grêmio sentiu demais a ausência de Zé Roberto. Nos últimos jogos, ele era, sim, um dos que ajudavam a criar jogadas de ataque e articular o time, mesmo jogando mais recuado pelo lado esquerdo. Pará já é tecnicamente fraco; jogando torto, piorou. Com Matheus Biteco em uma noite muito ruim e sem Zé, Dudu, tendo de encarar marcação sempre dobrada (o Santos aprendeu com os erros de três semanas atrás), não conseguiu levar vantagem, e o Tricolor ficou sem alternativas pela canhota. Pela destra, tinha quando Fellipe Bastos estava em campo, em boas tramas com Luan e Matías Rodríguez. Quando o volante saiu para a entrada de Riveros, o time ficou travado também por este lado. Daí o segundo tempo horroroso. Ainda assim, pelos nomes que havia em ambos os times, era possível termos um futebol bem melhor. Numa quinta-feira, um jogo de quinta, e que deixa o Grêmio num frustrante quinto lugar.

Os grandes vencedores desta rodada, na briga por G-4, foram Internacional e Atlético Mineiro. O Grêmio perdeu ontem uma grande chance de entrar na zona da Libertadores, já que Fluminense e Corinthians haviam tropeçado diante de dois times fracos. Vencer a Chapecoense no domingo virou decisivo para as pretensões do time de Felipão, que viajará ao Rio na sequência para enfrentar Flu e Botafogo. Até porque, dentre os rivais, o Tricolor Gaúcho é quem tem a partida mais suave neste final de semana: o Fluminense terá o clássico diante do Flamengo; o Inter viaja a Curitiba para pegar o Atlético Paranaense; o Galo enfrentará o rival e líder disparado Cruzeiro; e o Timão recebe o forte São Paulo em sua Arena. Não dá mais para não aproveitar.

Os jogos mais chatos do Brasileirão
Em 2007, após a Libertadores, o Grêmio enfileirou uma sequência de nove partidas sem perder, nas quais raramente tomava gols e muito dificilmente os fazia. Agora, a situação é semelhante. O último gol sofrido pela equipe no Brasileirão foi na vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, há quase um mês. Depois, invencibilidade de tentos sofridos contra Bahia, Flamengo e Atlético Paranaense (todas vitórias por 1 a 0), além de Atlético Mineiro e Santos (0 a 0).

Em 22 jogos neste Brasileiro, o Tricolor Gaúcho venceu cinco vezes por 1 a 0 (Fluminense, Figueirense, Bahia, Flamengo e Atlético Paranaense) perdeu três por 1 a 0 (Atlético Paranaense, São Paulo e Cruzeiro) e empatou sem gols em outros cinco (Santos. Sport, Palmeiras, Goiás, Atlético Mineiro e Santos de novo). Foram 13 jogos com um ou nenhum gol. A equipe fez 18 gols (0,82 por jogo) e sofreu 14 (0,64 por jogo). Em 22 partidas, o Grêmio não marcou gols em nove delas, e não sofreu tentos em outras nove. É muito jogo sem sal pra um time só.

Comentários

Paul disse…
CARTA NA MANGA MENTE: O GREMIO TOMOU GOL MANDRAKEMENTE ANULADO CONTRA O ATLÉTICO MINEIRO E NÃO FOI VISTA UMA LINHA SOBRE ISSO NO POST DO BLOG QUE ANALISOU A PARTIDA, TAMPOUCO NO CARTA NA MESA ONDE ESSA INVERDADE É CONSTATEMENTE E REITERADAMENTE PROFERIDA!!! ESTOU COMEÇANDO A ACHAR QUE OS INTEGRANTES DO BLOG SÃO GREMISTAS!!! ASS. COMENTARISTA DO GLOBO.COM

Hehehe! Falando sério agora professor, estamos no aguardo do Carta na Mesa de ontem. Um dia conseguirei ouvir ao vivo e participar via UÁT ZÃÃÃÃÃP, hehehe!

Um abraço!
Vicente Fonseca disse…
Hahahahah, grande Paul. Vou disponibilizar agora de tarde, assim que o Rogério conseguir me mandar o arquivo. Tua participação ao vivo será uma honra - é demais sonhar com a tua PRESENÇA um dia?

Grande abraço!
Paul disse…
Bah professor, melhor deixar quieto, certo que eu teria um ataque de gagueira na hora. Deixo para os profissionais, mas agradeço o convite!
Chico disse…
Não se pode perder golos como o time perdeu ontem num jogo complicado.

Por que o Alán Ruiz não entrou no 2 tempo? Faltou meia de ligação ao Tricolor.

A defesa tem sido o destaque do Tricolor no campeonato.

Chico disse…
Hoje é aniversário do nosso VERDADEIRO estádio. Parabéns ao Monumental.