Xinga muito no Twitter

O Atlético-MG vem apresentando uma recente recuperação no Campeonato Brasileiro, mas o clima interno do clube visivelmente não é dos melhores. Técnico conhecido pela tranquilidade e serenidade na forma de lidar com problemas internos, Levir Culpi vem comandando um trabalho de reformulação do elenco de forma correta, mas que mexe com vaidades internas, e por isso causa conflitos. Seu atrito com Ronaldinho (e provavelmente com Jô, também) certamente teve alguma consequência perante a diretoria. Ou o presidente Alexandre Kalil não teria explodido nesta semana.

Levir errou ao expor publicamente os excessos do elenco atleticano. Para disfarçar sua insatisfação com o modo como o futebol do clube é conduzido, colocou a comissão técnica como uma das culpadas pelo fato de o plantel do Galo tem três laterais esquerdos, oito atacantes e cinco goleiros, contratações feitas por "pressão dos torcedores". No entanto, isso claramente foi uma crítica endereçada à direção. E ele tem toda razão no mérito: Kalil faz um trabalho competente, mas sempre foi um populista, que joga para a torcida no Twitter - dizer que os atleticanos são chatos é, sim, jogar para a torcida, mesmo que não pareça, pois cria uma intimidade forçada. A forma de expor isso, por entrevista, é que está equivocada.

A reação de Kalil era esperada, mas completamente desproporcional. Em vez de ter a humildade de reconhecer os erros e sentar para conversar com um profissional experiente como Levir, mais uma vez usou o Twitter para destilar veneno. A frase "só fica com o nariz em pé quem já ganhou Libertadores" é especialmente desastrosa, pois desautoriza por completo o técnico perante mais da metade do elenco. Qualquer jogador campeão da América no ano passado que for para a reserva pode a partir de agora se sentir no direito de contestar a decisão do técnico, portanto, sem se sentir obrigado a aceitá-la. E, pelo exemplo dos dois, ir à imprensa ou redes sociais externar o descontentamento. Ronaldinho, ao menos, ficou calado - embora louco para ir aos microfones.

Se eu fosse Levir, aceitaria a sugestão do presidente Kalil: pedia para ir embora, "sem drama e sem conversinha". Briguinha via imprensa é o fim da picada, mas indiretinha via Twitter é proibido para quem já fez aniversário de 15 anos.

Em tempo:
- Kleber, ex-Inter, Corinthians e Santos, anunciou oficialmente o final de sua carreira. Uma lesão na coxa direita o tiraria de boa parte deste Brasileirão, onde atuava pelo Figueirense, como meia. Aos 34 anos, foi um dos grandes laterais esquerdos formados no Brasil nos últimos 15 anos. Porém, desde o final de 2011 não repete mais o grande futebol que nos acostumamos a ver. Parada em boa hora.

- Maxi Rodríguez é o novo reforço do Vasco para a disputa da Série B, emprestado pelo Grêmio. Uma pena. Com Felipão em seu trabalho de agregar conhecimento a jogadores não prontos, Maxi tinha muito a crescer, pois potencial tem de sobra para ser titular do Grêmio, embora lhe falte regularidade. Menos mal que a saída é por empréstimo até dezembro, e não em definitivo.

Comentários

Anônimo disse…
"mas indiretinha via Twitter é proibido para quem já fez aniversário de 15 anos"

Perfeito!