Não é só a Seleção
Se formos pensar em um técnico para que o Brasil faça bom papel para a Copa do Mundo de 2018, Dunga é um ótimo nome. Seu trabalho na Seleção entre 2006 e 2010 foi muito bom, mesmo sem ter ganhado a Copa da África do Sul. Trata-se de um técnico sério, trabalhador, e que tem muito o que provar nesta função, algo que Felipão e Parreira não precisavam quando chegaram, no final de 2012. O trabalho de Dunga comandando o Brasil foi tão sólido que, se ele não tivesse criado um clima tão insustentável contra si próprio, talvez pudesse ter permanecido mesmo após aquela fatídica derrota para a Holanda.
Nada disso, porém, torna a escolha do gaúcho de Ijuí a mais correta para treinar o Brasil nos próximos quatro anos. Na verdade, o cargo de técnico da seleção brasileira é o que menos importa neste momento. A comissão técnica do Brasil é a pontinha do iceberg, é o que aparece para o mundo. A mudança precisa ser muito mais profunda para que o resultado seja efetivo. Com Dunga, a CBF faz o diagnóstico que mais se temia: os 7 a 1 foram um desastre isolado, um desastre DA SELEÇÃO, e não do sistema do futebol brasileiro. O que A SELEÇÃO fez de errado para que chegássemos ao ponto de tomar uma surra da Alemanha em pleno o Mineirão? O que podemos mudar NA SELEÇÃO para que isso não se repita?
A resposta para todas essas perguntas tem sido elaborada de forma simples e simplista: trazer a antítese do que vinha sendo feito. Em 2006 foi uma gandaia em Weggis? Traremos Dunga, o homem mais íntegro e trabalhador, o ídolo para retomar o espírito de garra dentro da Seleção. Quatro anos depois, o diagnóstico milagreiro era de que faltava alegria, o time era sisudo e até velho demais. O que faremos? Trazer Mano Menezes, um técnico ascendente e disposto a investir na gurizada mais nova. O projeto fracassou? O que faltou? Bom, vamos trazer de uma vez só Felipão e Parreira! Eles devem saber, e ainda servirão de escudo caso venha um novo fracasso, afinal, são dois campeões do mundo. Com eles, não tem como dar fiasco na Copa. Opa, demos fiasco. Foi porque o time era desorganizado, ou quem sabe porque treinou pouco. Vamos trazer Dunga, que é um organizador de equipes e trabalhador.
O círculo se fecha, e o Brasil não sai do lugar. O motivo é simples: tudo é feito pensando na Seleção, que é a superfície, o aparente, enquanto a base, o alicerce, permanece mal feito. É a velha metáfora: a CBF começa a casa pelo telhado, mais uma vez. Não é a Seleção que precisa mudar, é o futebol brasileiro que clama por modificações. A Seleção só reflete o momento que todo esse pano de fundo vive. Se ela vai mal uma vez, pode ter sido fatalidade. Se ela vai mal duas ou três vezes, deve haver algo errado, que precisa ser repensado. Mas se ela vai mal a ponto de sofrer a maior goleada de sua história, e chegar a uma semifinal de Copa do Mundo com uma de suas escalações mais fracas em todos os tempos, é porque certamente tem muita coisa fora do lugar.
Dunga não é um nome errado, mas simplesmente não representa nada de novo. É a repetição de um passado recente, quando o que a Seleção mais precisa é olhar para o futuro, inovar, pensar adiante. Escolher Dunga não é um erro em si. Ele poderia ser um bom treinador para o Brasil, mas desde que por trás de toda essa escolha viesse antes uma mudança profunda em todo o modo como a CBF pensa o futebol brasileiro, desde a formação de jogadores até o jeito como administra suas competições. Escolher Dunga, em suma, é dar um sinal de que nada, ou muito pouco, vai mudar. É dar um sinal de que se olha ainda para o passado, em vez de focar o futuro e apostar em um nome mais inovador para este cargo. É deixar claro que a prioridade é a Copa de 2018, e não as próximas décadas. O imediatismo, mais uma vez ele. Coisa de quem não tem capacidade de enxergar longe.
Dunga pode fazer um grande trabalho à frente da Seleção Brasileira. Já fez isso antes, tem condições de repeti-lo. Pode fazer esta tão criticada geração render muito mais do que vem rendendo. Pode ganhar Copa América, Copa das Confederações, até mesmo a Copa do Mundo. Pode porque é um bom técnico. Mas tudo isso é pouco. O futebol brasileiro precisa mudar de forma muito mais profunda. O futebol brasileiro, bem mais do que a Seleção Brasileira.
Nada disso, porém, torna a escolha do gaúcho de Ijuí a mais correta para treinar o Brasil nos próximos quatro anos. Na verdade, o cargo de técnico da seleção brasileira é o que menos importa neste momento. A comissão técnica do Brasil é a pontinha do iceberg, é o que aparece para o mundo. A mudança precisa ser muito mais profunda para que o resultado seja efetivo. Com Dunga, a CBF faz o diagnóstico que mais se temia: os 7 a 1 foram um desastre isolado, um desastre DA SELEÇÃO, e não do sistema do futebol brasileiro. O que A SELEÇÃO fez de errado para que chegássemos ao ponto de tomar uma surra da Alemanha em pleno o Mineirão? O que podemos mudar NA SELEÇÃO para que isso não se repita?
A resposta para todas essas perguntas tem sido elaborada de forma simples e simplista: trazer a antítese do que vinha sendo feito. Em 2006 foi uma gandaia em Weggis? Traremos Dunga, o homem mais íntegro e trabalhador, o ídolo para retomar o espírito de garra dentro da Seleção. Quatro anos depois, o diagnóstico milagreiro era de que faltava alegria, o time era sisudo e até velho demais. O que faremos? Trazer Mano Menezes, um técnico ascendente e disposto a investir na gurizada mais nova. O projeto fracassou? O que faltou? Bom, vamos trazer de uma vez só Felipão e Parreira! Eles devem saber, e ainda servirão de escudo caso venha um novo fracasso, afinal, são dois campeões do mundo. Com eles, não tem como dar fiasco na Copa. Opa, demos fiasco. Foi porque o time era desorganizado, ou quem sabe porque treinou pouco. Vamos trazer Dunga, que é um organizador de equipes e trabalhador.
O círculo se fecha, e o Brasil não sai do lugar. O motivo é simples: tudo é feito pensando na Seleção, que é a superfície, o aparente, enquanto a base, o alicerce, permanece mal feito. É a velha metáfora: a CBF começa a casa pelo telhado, mais uma vez. Não é a Seleção que precisa mudar, é o futebol brasileiro que clama por modificações. A Seleção só reflete o momento que todo esse pano de fundo vive. Se ela vai mal uma vez, pode ter sido fatalidade. Se ela vai mal duas ou três vezes, deve haver algo errado, que precisa ser repensado. Mas se ela vai mal a ponto de sofrer a maior goleada de sua história, e chegar a uma semifinal de Copa do Mundo com uma de suas escalações mais fracas em todos os tempos, é porque certamente tem muita coisa fora do lugar.
Dunga não é um nome errado, mas simplesmente não representa nada de novo. É a repetição de um passado recente, quando o que a Seleção mais precisa é olhar para o futuro, inovar, pensar adiante. Escolher Dunga não é um erro em si. Ele poderia ser um bom treinador para o Brasil, mas desde que por trás de toda essa escolha viesse antes uma mudança profunda em todo o modo como a CBF pensa o futebol brasileiro, desde a formação de jogadores até o jeito como administra suas competições. Escolher Dunga, em suma, é dar um sinal de que nada, ou muito pouco, vai mudar. É dar um sinal de que se olha ainda para o passado, em vez de focar o futuro e apostar em um nome mais inovador para este cargo. É deixar claro que a prioridade é a Copa de 2018, e não as próximas décadas. O imediatismo, mais uma vez ele. Coisa de quem não tem capacidade de enxergar longe.
Dunga pode fazer um grande trabalho à frente da Seleção Brasileira. Já fez isso antes, tem condições de repeti-lo. Pode fazer esta tão criticada geração render muito mais do que vem rendendo. Pode ganhar Copa América, Copa das Confederações, até mesmo a Copa do Mundo. Pode porque é um bom técnico. Mas tudo isso é pouco. O futebol brasileiro precisa mudar de forma muito mais profunda. O futebol brasileiro, bem mais do que a Seleção Brasileira.
Comentários
Vamos continuar nos apoiando numa produção elevada de grandes jogadores, embora o Dunga e o Tite, pelos perfis, mascarem isso...