Motivos para pensar alto

Pará ainda não perdeu a posição para Matías Rodríguez, como muitos esperam, mas o torcedor do Grêmio tem muitos motivos para esperar um futuro próspero neste Campeonato Brasileiro. Ele não atende apenas pela estreia de Giuliano, um jogador de alto nível que vem para somar qualidade e quantidade de bons jogadores ao elenco, mais do que resolver todos os problemas do time - não é um craque para ter desempenho assim. Diz mais respeito à boa capacidade de se reforçar durante a parada para a Copa do Mundo e a circunstâncias de tabela.

O Grêmio fez as nove primeiras rodadas do Brasileirão em seu pior momento técnico nos últimos 15 meses. A equipe vinha de uma surpreendente e humilhante derrota na final do Gauchão, caiu na Libertadores de forma traumática e precoce para o San Lorenzo, perdeu vários jogadores importantes ao mesmo tempo (Rhodolfo, Geromel, Wendell, Riveros, Luan) e, ainda assim, obteve 15 dos 27 pontos que disputou. Ainda assim, é a 6ª colocada. Ainda assim, está apenas quatro pontos atrás do líder Cruzeiro.

Agora, tudo recomeça mais ou menos do zero. Em termos de tabela, não: o Grêmio recomeça do 15, o Inter do 16, o Cruzeiro do 19. Mas em termos de desempenho, sim: a última rodada do Brasileirão foi no dia 1º de junho, há 45 dias. É quase o mesmo intervalo entre a última rodada do Brasileirão 2013 e o começo do Gauchão 2014 (49 dias). Ou seja: todos realizaram uma segunda pré-temporada. Houve tempo para trabalhar, corrigir o que andava de errado, aperfeiçoar. E é muito difícil prever como irão retornar, embora o desempenho até o fim de maio dê pistas - mas apenas pistas, nada de certezas.

Neste cenário, o Grêmio foi um dos melhor se reforçou, com Giuliano, Fernandinho e Rodríguez, sem falar em Fellipe Bastos, que veio em princípio para a reserva - isso sem falar que se desfez de peças que pouco acrescentavam, como Léo Gago, Adriano e Yuri Mamute. Se com um time com menos opções e em fase complicada foi possível fazer boa campanha, a lógica indica que há boas perspectivas para esta volta, na qual a equipe de Enderson Moreira entrará renovada e enfrentará adversários menos complicados que na parada - os próximos quatro jogos são contra Goiás, Figueirense, Coritiba e Vitória, e o Tricolor ainda não pegou Criciúma e Bahia.

Tudo recomeça hoje. Quase que do zero.

Criciúma (14º, 8) x Fluminense (2º, 16): todo mundo só pensava em Copa no dia 10 de junho, e poucos perceberam que o Tigre perdeu três pontos por escalar irregularmente o atacante Cristiano na partida contra o Goiás. A má colocação não reflete a boa campanha que o Tigre vinha fazendo, com uma defesa que se solidificou após o fiasco dos 6 a 0 para o Botafogo. O Flu fará a estreia de Cícero, mas não terá Fred, que descansa após a participação (?) na Copa do Mundo.

Bahia (16º, 8) x São Paulo (4º, 16): apesar de a partida ser na Fonte Nova, o favoritismo é são-paulino. Touca baiana à parte, a equipe de Muricy Ramalho ainda não terá Kaká, mas possui um time muito superior aos baianos, que perderam na janela seu principal jogador: Talisca. Para piorar, Marcelo Lomba, suspenso, e Lincoln, lesionado, não jogam.

Sport (9º, 14) x Botafogo (13º, 9): o Botafogo começou o Brasileiro muito mal, mas conseguiu trazer alguns reforços que pareciam começar a se encaixar quando o campeonato parou. A questão é saber como eles retornarão. Mais regular e jogando em casa, o Sport entra hoje com o favoritismo para vencer.

Flamengo (19º, 7) x Atlético-PR (12º, 13): a única troca que ocorreu na intertemporada do Fla foi a de esquema. Do 4-4-2 dos tempos de Jayme, a equipe atuará no 3-5-2 testado por Ney Franco durante o período de treinos. A falta de reforços assusta a torcida, talvez até mais do que a penúltima colocação. O Atlético-PR é fraco, mas não perdia há cinco jogos até a parada para a Copa e terá no técnico Doriva, campeão paulista pelo Ituano, sua grande novidade.

Coritiba (17º, 7) x Figueirense (20º, 4): a volta de Coxa e Figueira ao Brasileiro já vem com a mais absoluta necessidade de vitória para ambos os lados. São dois dos piores times no começo da competição, que mudaram bastante os elencos para tentarem recuperação. O Coritiba é melhor no papel, embora não tanto, e entra com mais chances.

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