Tremendo, mas insuficiente

O Equador foi grande, gigante no Maracanã. Veio com uma proposta inteligente: se encarar a fortíssima França era suicídio, a equipe de Reinaldo Rueda preferiu esperar, resguardada, para dar o bote. Segurou os franceses com um homem a menos durante metade dos 90 minutos, teve chances de matar o jogo no contra-ataque, não conseguiu ganhar, mas segurou um honroso 0 a 0. Pena que insuficiente para se classificar, já que a Suíça cumpriu o dever e bateu Honduras com facilidade.

Didier Deschamps resolveu poupar titulares e aproveitou também para testar uma nova formação. Sem Debuchy, Varane, Evra, Cabayé e Valbuena, montou a França num 4-4-2 clássico. No primeiro tempo, a formação não funcionou tão bem. Na verdade, nem foi por problemas franceses, mas por méritos equatorianos na marcação. Era difícil chegar à área de Domínguez. Rueda montou seu time com Arroyo no lugar de Caicedo, justamente buscando este contra-ataque tão sonhado. Alguns até vieram, mas curiosamente pelo centroavante Enner Valencia, que ganhava quase sempre na velocidade, por conta de suas pernas compridas.

No segundo tempo, a expulsão de Antonio Valencia prejudicou demais as possibilidades equatorianas de marcar a França e ainda ter a possibilidade da vitória. Nos primeiros minutos, porém, a reação foi muito positiva: os jogadores sul-americanos se desdobraram, começaram a ganhar os rebotes e pareciam cada vez mais perto do gol, dominando os franceses na base da disposição. Logo, porém, o time de Deschamps se adiantou e passou a girar a bola de um lado para o outro, o que abria espaços no adversário com um a menos.

Vendo seu time ser dominado, Rueda foi obrigado a recuar seu time, tirando o ponta Montero, que vinha bem, para recompor o meio com Ibarra. Enner Valencia ficou isolado, à frente de duas linhas de quatro homens que tentavam recuperar a bola e ligá-la rapidamente ao ataque quando algum espaço surgia. O Equador teve suas chegadas, mas como era primeiro preciso resistir à França, o que já não era fácil, as chances de ganhar ficavam comprometidas. Quando a Suíça fez 3 a 0 em Honduras, obrigando os equatorianos a ganhar por dois gols de diferença, segurar o empate já era quase um objetivo por si só. A demora de Domínguez, o craque do jogo, em bater cada tiro de meta era um claro indício disso.

O ponto diante da França poderia ter classificado o Equador às oitavas. O pecado da equipe de Rueda foi ter perdido para a Suíça no último lance do jogo da primeira rodada, tomando um contra-ataque originado de um preciosismo de Arroyo na cara do gol de Benaglio. Ali, ficava claro que seria muito difícil se classificar. A seleção equatoriana bem que tentou: bateu Honduras, segurou a poderosa França com um a menos, foi extremamente honrada. Mas a conta a pagar era alta demais.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo E - 3ª rodada
25/junho/2014
EQUADOR 0 x FRANÇA 0
Local:
Maracanã, Rio de Janeiro (BRA)
Árbitro: Normandiez Doue (CMF)
Público: 73.749
Cartão amarelo: Erazo
Expulsão: Antonio Valencia 4 do 2º
EQUADOR: Domínguez (8), Paredes (5,5), Guagua (6), Erazo (6,5) e Ayoví (5,5); Minda (5,5), Noboa (5,5) (Caicedo, 44 do 2º - sem nota), Antonio Valencia (4) e Montero (6) (Ibarra, 17 do 2º - 5,5); Arroyo (5) (Achilier, 36 do 2º - sem nota) e Enner Valencia (7). Técnico: Reinaldo Rueda
FRANÇA: Lloris (6), Sagna (5,5), Koscielny (5,5), Sakho (6) (Varane, 15 do 2º - 6) e Digne (5,5); Schneiderlin (6), Pogba (6,5), Matuidi (6) (Giroud, 21 do 2º - 6) e Sissoko (5,5); Griezmann (6) (Remy, 33 do 2º - sem nota) e Benzema (6). Técnico: Didier Deschamps

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