Puro drama, pura vida
Capacidade de surpreender na base do contragolpe a Costa Rica demonstrou ter de sobra na fase de grupos. Neste domingo, a equipe de Jorge Luis Pinto mostrou outras virtude, completamente diferentes, como resistência, raça e determinação. A seleção costarriquenha superou os seus próprios limites, especialmente físicos. Segurou a pressão grega tendo um jogador a menos em 55 dos 120 minutos, foi perfeita na decisão por pênaltis e saiu com uma merecida classificação às quartas de final, para delírio da torcida em Recife.
Assim como em Holanda x México, o jogo da Arena Pernambuco reunia duas seleções que preferem jogar sem a posse de bola. Se os mexicanos tomaram a iniciativa diante dos holandeses no começo da tarde, em Recife ninguém queria fazê-lo. Não aconteceu praticamente nada no primeiro tempo. A Costa Rica chegava com pouca gente na frente, exigindo de Campbell uma briga contra toda a defesa grega. Já a Grécia fez o de sempre: sem nenhuma criatividade, viveu de lançamentos longos e bolas paradas. Foi sonolento.
Tudo mudou aos 7 minutos do segundo tempo, com o belo gol de Bryan Ruiz, num chute surpreendente e perfeito, no cantinho do estático Karnezis. O jogo ficou à feição para a Costa Rica não apenas pela óbvia vantagem no placar, mas porque a seleção finalmente jogaria como gosta, esperando para dar o bote, e faria isso diante de uma equipe tecnicamente limitada, com problemas de criação e que não sabe jogar tendo de partir para cima, como a Grécia. A classificação parecia muito bem encaminhada.
Com um sistema defensivo muito sólido, os Ticos não tinham grandes dificuldades. A Grécia abusava das bolas aéreas, parecia um reencarnação da Escócia, mas a seleção centro-americana tinha três zagueiros altos, que tiravam todas por cima. Porém, aos 20 minutos, tudo mudou. A expulsão de Duarte não só deixava a Costa Rica com um a menos como tirava da área um zagueiro muito firme no jogo aéreo. E o pior: ficou muito difícil para os costarriquenhos se defenderem com competência e manter a arma do contragolpe. A pressão grega ficaria cada vez maior.
E assim ocorreu. A Costa Rica se segurava heroicamente, mas a pressão era forte demais. Com a saída de Gamboa para a entrada do zagueiro Acosta, Holebas ganhou espaço para avançar. Para piorar, Fernando Santos mexeu bem. Samaras é alto, mas foi recuado para a meia para armar jogo (ou melhor, cruzar melhor que seus companheiros), por ser um dos poucos jogadores com condição técnica para fazer algo diferente. A Grécia tirou seu homem mais alto da área, mas Mitroglou e Gekas entraram para cumprir esta função. E foi Gekas quem escorou para a chegada de Sokratis, que empatou já nos acréscimos.
Na prorrogação, tudo conspirava a favor dos gregos. A equipe estava psicologicamente inflada pelo empate dramático, tinha superioridade numérica e estava fisicamente muito melhor do que a Costa Rica, que tinha jogadores se arrastando em campo e não podia mais substituir. Campbell foi um herói: sem qualquer condição de seguir em campo devido ao desgaste, brigou com os zagueiros gregos por cada bola, tentou puxar contra-ataques sozinho, deu carrinho e até cobrou (com perfeição) penalidade na decisão. Um gigante.
A Grécia não perdeu nos pênaltis: ela deixou de ganhar na prorrogação. E deixou de ganhar porque faltou qualidade técnica. Faltou inventividade, fazer algo diferente, não só jogar bolas na área esperando uma cabeçada salvadora ou um erro da zaga. Quando eles ocorriam, lá estava Navas, para defender com as mãos, pés, pernas ou até com a coxa. Como se não bastasse, ainda pegou um pênalti na decisão. Um monstro desta Costa Rica surpreendente, alegre, simpática, e que hoje mostrou, além de tudo isso, ser também heroica.
Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Oitavas de Final
29/junho/2014
COSTA RICA 1 x GRÉCIA 1
Local: Arena Pernambuco, São Lourenço da Mata (BRA)
Árbitro: Benjamin Williams (AUS)
Público: 41.242
Gols: Ruiz 6 e Sokratis 45 do 2º
Decisão por pênaltis: Costa Rica 5 (Borges, Ruiz, González, Campbell e Umaña) x Grécia 3 (Mitroglou, Christodoulopoulos e Holebas)
Cartão amarelo: Navas, Tejeda, Ruiz, Granados, Manolas e Samaris
Expulsão: Duarte 20 do 2º
COSTA RICA: Navas (9), Duarte (5), González (7) e Umaña (7,5); Gamboa (6) (Acosta, 31 do 2º - 6), Borges (7), Tejeda (6,5) (Cubero, 20 do 2º - 6), Ruiz (7), Bolaños (6) (Brenes, 37 do 2º - 5,5) e Díaz (6); Campbell (7). Técnico: Jorge Luis Pinto
GRÉCIA: Karnezis (5,5), Torosidis (6,5), Manolas (6), Sokratis (7) e Holebas (7); Maniatis (6,5) (Katsouranis, 32 do 2º - 6), Samaris (5,5) (Mitroglou, 12 do 2º - 5,5) e Karagounis (5,5); Salpingidis (5) (Gekas, 23 do 2º - 5,5), Samaras (6) e Christodoulopoulos (6). Técnico: Fernando Santos
Assim como em Holanda x México, o jogo da Arena Pernambuco reunia duas seleções que preferem jogar sem a posse de bola. Se os mexicanos tomaram a iniciativa diante dos holandeses no começo da tarde, em Recife ninguém queria fazê-lo. Não aconteceu praticamente nada no primeiro tempo. A Costa Rica chegava com pouca gente na frente, exigindo de Campbell uma briga contra toda a defesa grega. Já a Grécia fez o de sempre: sem nenhuma criatividade, viveu de lançamentos longos e bolas paradas. Foi sonolento.
Tudo mudou aos 7 minutos do segundo tempo, com o belo gol de Bryan Ruiz, num chute surpreendente e perfeito, no cantinho do estático Karnezis. O jogo ficou à feição para a Costa Rica não apenas pela óbvia vantagem no placar, mas porque a seleção finalmente jogaria como gosta, esperando para dar o bote, e faria isso diante de uma equipe tecnicamente limitada, com problemas de criação e que não sabe jogar tendo de partir para cima, como a Grécia. A classificação parecia muito bem encaminhada.
Com um sistema defensivo muito sólido, os Ticos não tinham grandes dificuldades. A Grécia abusava das bolas aéreas, parecia um reencarnação da Escócia, mas a seleção centro-americana tinha três zagueiros altos, que tiravam todas por cima. Porém, aos 20 minutos, tudo mudou. A expulsão de Duarte não só deixava a Costa Rica com um a menos como tirava da área um zagueiro muito firme no jogo aéreo. E o pior: ficou muito difícil para os costarriquenhos se defenderem com competência e manter a arma do contragolpe. A pressão grega ficaria cada vez maior.
E assim ocorreu. A Costa Rica se segurava heroicamente, mas a pressão era forte demais. Com a saída de Gamboa para a entrada do zagueiro Acosta, Holebas ganhou espaço para avançar. Para piorar, Fernando Santos mexeu bem. Samaras é alto, mas foi recuado para a meia para armar jogo (ou melhor, cruzar melhor que seus companheiros), por ser um dos poucos jogadores com condição técnica para fazer algo diferente. A Grécia tirou seu homem mais alto da área, mas Mitroglou e Gekas entraram para cumprir esta função. E foi Gekas quem escorou para a chegada de Sokratis, que empatou já nos acréscimos.
Na prorrogação, tudo conspirava a favor dos gregos. A equipe estava psicologicamente inflada pelo empate dramático, tinha superioridade numérica e estava fisicamente muito melhor do que a Costa Rica, que tinha jogadores se arrastando em campo e não podia mais substituir. Campbell foi um herói: sem qualquer condição de seguir em campo devido ao desgaste, brigou com os zagueiros gregos por cada bola, tentou puxar contra-ataques sozinho, deu carrinho e até cobrou (com perfeição) penalidade na decisão. Um gigante.
A Grécia não perdeu nos pênaltis: ela deixou de ganhar na prorrogação. E deixou de ganhar porque faltou qualidade técnica. Faltou inventividade, fazer algo diferente, não só jogar bolas na área esperando uma cabeçada salvadora ou um erro da zaga. Quando eles ocorriam, lá estava Navas, para defender com as mãos, pés, pernas ou até com a coxa. Como se não bastasse, ainda pegou um pênalti na decisão. Um monstro desta Costa Rica surpreendente, alegre, simpática, e que hoje mostrou, além de tudo isso, ser também heroica.
Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Oitavas de Final
29/junho/2014
COSTA RICA 1 x GRÉCIA 1
Local: Arena Pernambuco, São Lourenço da Mata (BRA)
Árbitro: Benjamin Williams (AUS)
Público: 41.242
Gols: Ruiz 6 e Sokratis 45 do 2º
Decisão por pênaltis: Costa Rica 5 (Borges, Ruiz, González, Campbell e Umaña) x Grécia 3 (Mitroglou, Christodoulopoulos e Holebas)
Cartão amarelo: Navas, Tejeda, Ruiz, Granados, Manolas e Samaris
Expulsão: Duarte 20 do 2º
COSTA RICA: Navas (9), Duarte (5), González (7) e Umaña (7,5); Gamboa (6) (Acosta, 31 do 2º - 6), Borges (7), Tejeda (6,5) (Cubero, 20 do 2º - 6), Ruiz (7), Bolaños (6) (Brenes, 37 do 2º - 5,5) e Díaz (6); Campbell (7). Técnico: Jorge Luis Pinto
GRÉCIA: Karnezis (5,5), Torosidis (6,5), Manolas (6), Sokratis (7) e Holebas (7); Maniatis (6,5) (Katsouranis, 32 do 2º - 6), Samaris (5,5) (Mitroglou, 12 do 2º - 5,5) e Karagounis (5,5); Salpingidis (5) (Gekas, 23 do 2º - 5,5), Samaras (6) e Christodoulopoulos (6). Técnico: Fernando Santos
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