O melhor jogo dele (e da Argentina)
Hoje foi mais uma tarde que Porto Alegre foi brindada com um tempo surpreendentemente bom, sem frio nem chuva, e um grande jogo desta Copa do Mundo. Mais do que isso: a capital gaúcha viu a melhor atuação de Messi em Mundiais até hoje. O craque já havia sido decisivo contra Bósnia e Irã, mas faltava ainda a grande atuação. Não falta mais.
Foi o melhor jogo de Messi e o melhor da Argentina aqui no Brasil em 2014. O jogo já começou com dois gols, um dele e outro de Musa, o espetacular antagonista da tarde no Beira-Rio. Mas o empate nigeriano não esfriou a seleção de Sabella, que fez no primeiro tempo sua melhor partida na Copa até agora. A equipe dominou o meio-campo com velocidade e muita aproximação entre os atletas. Di María fez grande partida, com belos chutes de fora, muita intensidade e combinações o tempo com Messi, que desossou a defesa africana com extrema inteligência e velocidade, como tanto se pedia que ele fizesse.
A Nigéria não conseguia equilibrar as ações. À exceção do belo gol de Musa, pouco ameaçou no primeiro tempo. Mascherano fez um grande trabalho de proteção à defesa, bem como os laterais Zabaleta e Rojo, sempre precisos na proteção e com apoios interessantes. Faltava, porém, maior poder de fogo na frente. Agüero e Higuaín, se estivessem numa jornada melhor (numa Copa melhor, eu diria), poderiam ter posto a albiceleste em vantagem mais cedo, sem precisar esperar a falta batida com perfeição por Messi.
O segundo tempo começou como o primeiro, com um gol para cada lado. Em mais uma falha do miolo de zaga, Musa empatou, mas nem deu pra comemorar, pois Rojo fez 3 a 2. Sabella, então, decidiu poupar Messi para as oitavas, até porque a Nigéria começou a bater um pouco mais forte. E aí vem o dado um pouco preocupante: mesmo que Lavezzi tenha ido bem melhor que Higuaín, a equipe diminuiu demais o ritmo sem seu craque principal. É fato que o resto do time também puxou o freio de mão para guardar forças para as oitavas, mas a Nigéria cresceu, criou chances, e poderia ter empatado - bem como levado o gol no contra-ataque. A definição favorável de Bósnia x Irã tirou um pouco do peso do time africano, que se atirou para tentar o empate e tornou o jogo movimentado até o final.
Pergunta-se muito o que seria da Argentina sem Messi. Ora, seria uma equipe completamente diferente. O time de Sabella depende de seu craque, obviamente, mas conta com ele também. Se Messi seguir jogando neste nível, vai ser difícil parar a equipe platina, que hoje, aliás, apresentou muito mais do que "apenas" ele. A liderança, confirmada hoje, foi importantíssima. O caminho se abre para a Argentina chegar às semifinais sem enfrentar nenhum adversário de grande porte (embora perigosos, todos), escapando de Brasil, Alemanha, Uruguai e França. A semifinal com a Holanda, não havendo surpresas (o que é difícil, pelo que estamos vendo desde 12 de junho), está pintando.
Em tempo:
- Exatos 20 anos depois do último jogo de Maradona em Copas, a Argentina enfrenta a mesma Nigéria. Coincidências mundialistas.
Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo F - 3ª rodada
25/junho/2014
ARGENTINA 3 x NIGÉRIA 2
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (BRA)
Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA)
Público: 43.285
Gols: Messi 2, Musa 4 e Messi 45 do 1º; Musa 1 e Rojo 4 do 2º
Cartão amarelo: Omeruo e Oshaniwa
ARGENTINA: Romero (6), Zabaleta (7), Fernández (5), Garay (6) e Rojo (6,5); Mascherano (7), Gago (5,5) e Di María (7); Messi (8) (Alvarez, 17 do 2º - 5,5), Higuaín (5) (Biglia, 45 do 2º - sem nota) e Agüero (5) (Lavezzi, 37 do 1º - 6,5). Técnico: Alejandro Sabella
NIGÉRIA: Enyeama (7), Ambrose (5,5), Yobo (6,5), Omeruo (5) e Oshaniwa (5); Onazi (5), Obi Mikel (6) e Odemwingie (5,5) (Nowfor, 34 do 2º - sem nota); Musa (7,5), Emenike (6) e Babatunde (6) (Uchebo, 20 do 2º - 6). Técnico: Stephen Keshi
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