A Copa da iniciativa
Os últimos 15 dias de Copa do Mundo foram tão intensos que tornaram complicada a tarefa de refletirmos sobre o torneio. É claro que muitas coisas já foram ditas, inclusive por aqui: estamos diante de uma excelente competição, em todos os aspectos. Estádios lotados, muita festa, grandes jogos e muitos gols. Poucas partidas até agora foram chatas. Houve 7 viradas (sem falar em Holanda x Austrália, com duas viradas no mesmo jogo, mas que não entra na conta porque os holandeses fizeram o primeiro gol e venceram), apenas cinco 0 a 0 e 16 jogos com quatro gols ou mais. Houve zebras, decepções, golaços e polêmicas. Aqui em Porto Alegre, quase só jogaços. Todos os ingredientes de uma grande Copa do Mundo.
Dentro de campo, o Mundial está sendo o melhor dos últimos tempos por um motivo simples: as seleções pequenas jogam. Esta é a Copa da iniciativa. Se em 1990, 2006 e 2010 tivemos partidas duras de assistir, muito se devia ao fato de que a ordem inicial era não tomar gols, para depois pensar em fazê-los - e não só por culpa de seleções pequenas, como Trinidad e Tobago, mas também das grandes. A evolução do futebol mundial levou as equipes a robustecerem seus sistemas defensivos dos anos 70 a meados dos 2000. Agora, isso já não é o bastante: defender-se bem virou o básico. Ganha quem ataca melhor, quem consegue agredir seu adversário sem ficar desguarnecido atrás. Essa necessidade torna o jogo mais dinâmico e interessante, e exige mais física, tática e tecnicamente dos jogadores, que precisam marcar, criar e entender o que ocorre dentro de campo. A volta do 4-3-3, ainda que modernizado, com pontas que se juntam ao meio-campo quando o time não tem a bola, é um sinal claro disso tudo.
Nesta primeira fase, podemos dizer que poucas equipes "abdicaram" do direito de atacar, e por questões de problemas técnicos mesmo. Grécia e Irã foram as mais claras, seguidas por Honduras (que se assanhou diante do Equador). Todas as demais procuraram o jogo, arriscaram, e tornaram a Copa muito melhor: a Austrália encarou seus fortes rivais de chave, e fez dois jogos muito intensos contra Chile e Holanda; a Costa Rica foi reativa, mas nunca abriu mão do ataque diante de três campeões mundiais; os Estados Unidos fizeram o mesmo diante de Alemanha, Gana e Portugal; e a Argélia até formou um ferrolho contra a Bélgica, mas não teve pudor de agredir Rússia e Coreia do Sul, e saiu premiada com a classificação.
Mas nada na Copa do Mundo do Brasil é óbvio. Ao mesmo tempo em que se celebra a ousadia e a iniciativa, caem alguns mitos, como o de que esquemas com três zagueiros andam ultrapassados. Das seleções que usaram esquemas assim durante a primeira fase, somente a Itália (que só atuou no 3-5-2 em um dos seus três jogos) ficou pelo caminho. Das 16 que costumam usar o 4-3-3, metade caiu fora antes dos mata-matas. Ou seja: a volta do 4-3-3 como esquema mais popular do momento pode ser um sinal de que o futebol atual tem mais preocupações ofensivos que em outros tempos recentes, mas esquemas mais fechados não necessariamente impedem os times de atacarem e serem bem sucedidos. Tudo se resolve com um bom trabalho do treinador e, claro, principalmente dos atletas dentro de campo.
E que venham os mata-matas! Se já vivemos tanta coisa fenomenal antes da fase quente da Copa, os próximos 15 dias prometem entrar para a história.
Dentro de campo, o Mundial está sendo o melhor dos últimos tempos por um motivo simples: as seleções pequenas jogam. Esta é a Copa da iniciativa. Se em 1990, 2006 e 2010 tivemos partidas duras de assistir, muito se devia ao fato de que a ordem inicial era não tomar gols, para depois pensar em fazê-los - e não só por culpa de seleções pequenas, como Trinidad e Tobago, mas também das grandes. A evolução do futebol mundial levou as equipes a robustecerem seus sistemas defensivos dos anos 70 a meados dos 2000. Agora, isso já não é o bastante: defender-se bem virou o básico. Ganha quem ataca melhor, quem consegue agredir seu adversário sem ficar desguarnecido atrás. Essa necessidade torna o jogo mais dinâmico e interessante, e exige mais física, tática e tecnicamente dos jogadores, que precisam marcar, criar e entender o que ocorre dentro de campo. A volta do 4-3-3, ainda que modernizado, com pontas que se juntam ao meio-campo quando o time não tem a bola, é um sinal claro disso tudo.
Nesta primeira fase, podemos dizer que poucas equipes "abdicaram" do direito de atacar, e por questões de problemas técnicos mesmo. Grécia e Irã foram as mais claras, seguidas por Honduras (que se assanhou diante do Equador). Todas as demais procuraram o jogo, arriscaram, e tornaram a Copa muito melhor: a Austrália encarou seus fortes rivais de chave, e fez dois jogos muito intensos contra Chile e Holanda; a Costa Rica foi reativa, mas nunca abriu mão do ataque diante de três campeões mundiais; os Estados Unidos fizeram o mesmo diante de Alemanha, Gana e Portugal; e a Argélia até formou um ferrolho contra a Bélgica, mas não teve pudor de agredir Rússia e Coreia do Sul, e saiu premiada com a classificação.
Mas nada na Copa do Mundo do Brasil é óbvio. Ao mesmo tempo em que se celebra a ousadia e a iniciativa, caem alguns mitos, como o de que esquemas com três zagueiros andam ultrapassados. Das seleções que usaram esquemas assim durante a primeira fase, somente a Itália (que só atuou no 3-5-2 em um dos seus três jogos) ficou pelo caminho. Das 16 que costumam usar o 4-3-3, metade caiu fora antes dos mata-matas. Ou seja: a volta do 4-3-3 como esquema mais popular do momento pode ser um sinal de que o futebol atual tem mais preocupações ofensivos que em outros tempos recentes, mas esquemas mais fechados não necessariamente impedem os times de atacarem e serem bem sucedidos. Tudo se resolve com um bom trabalho do treinador e, claro, principalmente dos atletas dentro de campo.
E que venham os mata-matas! Se já vivemos tanta coisa fenomenal antes da fase quente da Copa, os próximos 15 dias prometem entrar para a história.
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