Vitória para a campanha

Não foi uma grande atuação, muito longe disso. Mas o Grêmio venceu, e isso é o que mais importa. O resultado deste domingo foi importantíssimo por esta obviedade dos 3 pontos, mas por outros tantos fatores: foi uma vitória sobre o forte Fluminense, mais um adversário direto no campeonato que cai na Arena; foi uma vitória que leva o time ao G-4, um pontinho só atrás do líder da competição; e foi uma vitória construída a partir da ideia de jogo de Enderson Moreira, e construída com inteligência, do modo como deveria ser, mesmo tendo a equipe jogado um futebol só médio.

O Grêmio pós-Libertadores é um time em afirmação, em construção. Um time reativo, que ainda busca suprir a ausência de Wendell, e que hoje não tinha Edinho e Luan. Jogou, portanto, desfalcado. E soube lidar bem com suas limitações, ganhando também porque as admitiu. A humildade foi importante, e a torcida entendeu isso. Mesmo assistindo ao time jogar de forma reativa, sem querer se atirar para cima do Flu mesmo em casa, entendeu a proposta e viu o time se defender com competência e matar o jogo quando teve a chance.

O jogo começou equilibrado, o Grêmio ocupou mais o campo do Flu nos 20 minutos iniciais, mas aos poucos era o time carioca que passou a ditar o ritmo da partida. A equipe gaúcha, porém, segue tendo no sistema defensivo seu ponto forte. Foram só três gols sofridos em cinco jogos neste Brasileiro. O fato de Marcelo Grohe ter sido o nome do jogo em nada diminuiu a boa atuação da defesa gremista, afinal, ele é parte integrante e importante do sistema defensivo da equipe. Suas duas defesaças em lances de Fred e Sobis, aos 25 e 26 do primeiro tempo, foram imprescindíveis.

Em ambos os lances de perigo do Flu, apareceu um dos grandes problemas do Grêmio, que é a insegurança do lado defensivo de Pará e Werley. O zagueiro se recuperaria com um ótimo segundo tempo e um passe espetacular para Rodriguinho marcar seu primeiro gol no Tricolor, um gol que lhe confirma a titularidade. Na etapa final, a expulsão de Fred, talvez um pouco de exagero de parte da arbitragem, subtraiu bastante as chances de empate. Cristóvão mexera errado minutos antes, tirando Sobis, que estava bem, para colocar Walter. Sem Fred e Sobis, só Walter ficou no ataque na meia hora restante. Com a saída de Conca, o Flu ainda perdeu em criação, facilitando a tarefa da defesa do Grêmio.

O resultado é importantíssimo. A campanha do Grêmio neste começo de Brasileiro é acima das expectativas para quem começou o certame com time reserva, passou pela dolorosa eliminação na Libertadores e jogou três dos cinco primeiros jogos fora de casa. Vencer rivais diretos na luta pelo G-4, como provavelmente será o Flu, e como foi o Galo há três semanas, é imprescindível. Com 10 pontos em 5 jogos, o aproveitamento é muito bom.

Ainda assim, é possível e preciso melhorar. Alán Ruiz foi mais uma vez lento demais. Barcos teve uma jornada infeliz na hora de definir as jogadas, seja na hora de dar o passe ou de concluir. Breno foi ainda inseguro atrás e pouco efetivo à frente. Pará e Werley, os criticados de sempre, tiveram boas atuações, mas sabemos que aí o teto não é muito alto. A volta de Rhodolfo ajudará bastante no caso do miolo de zaga. Ainda assim, pelos resultados, nota-se que o elenco tem condições de se virar bem no caso de algum aperto, mesmo que ele ainda precise de reforços.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 5ª rodada
18/maio/2014
GRÊMIO 1 x FLUMINENSE 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (PE)
Público: 31.251
Renda: R$ 734.734,00
Gol: Rodriguinho 36 do 1º
Cartão amarelo: Ramiro, Pará e Elivélton
Expulsão: Fred 23 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (8), Pará (6), Werley (6), Bressan (6) e Breno (5); Ramiro (5), Riveros (6), Rodriguinho (7) (Maxi Rodríguez, 34 do 2º - 6), Alán Ruiz (4,5) (Zé Roberto, 25 do 2º - 5) e Dudu (5,5) (Matheus Biteco, 42 do 2º - sem nota); Barcos (4,5). Técnico: Enderson Moreira
FLUMINENSE: Diego Cavalieri (5,5), Bruno (5,5), Gum (5,5), Elivélton (4,5) e Carlinhos (4); Diguinho (5,5) (Chiquinho, 32 do 2º - 5), Jean (5,5), Wagner (4) e Conca (6) (Biro-Biro, 31 do 2º - 5); Rafael Sobis (6) (Walter, 16 do 2º - 6) e Fred (4). Técnico: Cristóvão Borges

Comentários

Lique disse…
chega a dar pena do barcos. tu vê que ele tenta, mas tá todo atrapalhado. não consegue tabelar, não faz parede direito, não domina uma bola e nas duas que ele consegui escapar com perfeição, não teve a manha de concluir ou passar para o colega em melhores condições. teria dado ao time toda tranquilidade, por que já estava 1 a 0. se colocasse o WALTER no lugar no barcos, bah. mas também, o walter é meio complicadinho.

eu não achei a expulsão do fred errada, ele pediu. os comentaristas da tv estavam crucificando o ruiz por se jogar, que ele estava provocando uma situação, mas o fred, capitão e titular da seleção, não pode achar que vai meter a mão na garganta de um colega e sair tudo bem, no carteiraço. merecia o amarelo e ele já tinha amarelo. rua! ;)

breno é fraco demais, bota o magrão novo aquele que contrataram para ver no que dá
Vicente Fonseca disse…
Não vejo o Barcos numa fase tão tenebrosa, mas como um jogador acima de tudo irregular. Contra a Chapecoense, por exemplo, foi muito bem, mas teve lances bisonhos também. Hoje, teve alguns bons e outros tantos péssimos momentos. Aquele gol que ele chutou em cima do zagueiro, por exemplo, foi uma decisão errada: era para ter passado a bola para o Rodriguinho, não chutado.

O Breno me pareceu bom jogador no Gauchão, mas... no Gauchão. heheh. Com a exigência maior, deve ter mais dificuldades. Hoje não foi bem.
Marcelo disse…
O Barcos ontem estava bem até perder o primeiro gol (imperdível, havia 2 jogadores do Grêmio livres na área), depois disso ele desabou e pior, na tentativa de compensar o gol perdido se atrapalhou ainda mais.

Também tinha gostado do Breno no gauchão. Ele foi mal, mas os erros dele foram de posicionamento e por ser peladeiro. Dá para corrigir.
Rodrigo disse…
Sinceramente, não entendo essa perseguição da imprensa e parte da torcida com o Barcos. Ele está longe de ser o principal problema da equipe.

Me parece que o que realmente faz falta ao Grêmio é um camisa 10. Ou até mesmo um Zé Roberto jogando como em 2012 já ajudaria bastante. Se o Barcos não precisasse sair tanto da área, certamente faria mais gols. E o fato de ser um time montado mais para contra-atacar do que para propor jogo, também acaba sacrificando o argentino, já que ele não é um jogador de velocidade.

Não é o craque que talvez muitos tenham acreditado que fosse, mas sem dúvida é um bom centroavante. O pior é ver gente afirmando que ele só faz gols em Gauchão. Se esquecem que o Grêmio não tinha um artilheiro no estadual há QUINZE anos. Ou seja, passaram pelo clube nesse período muitos centroavantes que nem em jogos mais fáceis conseguiam marcar. Quem corneta o Barcos, provavelmente deve morrer de saudade de jogadores como Tuta e Junior Viçosa...
Lique disse…
tudo bom, eu posso ter exagerado. mas acho que o que o barcos precisa é de um bom reserva. essa história de não ter substituto não ajuda muito.
Vicente Fonseca disse…
Eu concordo com o Marcelo em geral, mas também acho que o Barcos precisa de um reserva à altura, tipo o André Lima, um cara desse nível. O Kleber voltou hoje aos treinos e matou a pau. Não é nem um pouco confiável, mas pra mim nesse elenco é o que temos de mais próximo a um centroavante reserva que dê conta do recado.

Um problema pra tirar o Barcos é o que falamos hoje no Carta na Mesa: ele é o capitão, o líder do vestiário, o símbolo desse time, queiramos ou não. É muito difícil tirar do time uma referência moral como ele.
Rodrigo disse…
Só pra deixar claro: quando me referi aos corneteiros do Barcos e à perseguição sofrida por ele, em momento algum estava fazendo qualquer referência aos comentários postados aqui.

Concordo que em vários momentos o Barcos realmente demonstra uma certa ansiedade, e, apesar de todo esforço, acaba errando muitos lances bobos.

Lique, também acho necessário um bom reserva pra ele. Ter uma sombra no banco certamente poderia ajudar.

E um aspecto indiscutivelmente negativo até agora na passagem do Barcos pelo Grêmio é o fato de não ter marcado gols em jogos decisivos. Isso pesa muito. Mas também tem tido azar, eu acho. Contra o San Lorenzo, na Arena, fez uma boa partida. Só que aí o Buffarini vai lá e salva aquela bola em cima da linha. É complicado.
Vicente Fonseca disse…
Quando eu falei Marcelo, me referia ao teu comentário anterior, Rodrigo. Mas concordo com o Marcelo também, hehe.

Sem dúvida um bom reserva ajudaria, e também acho que há uma dose de azar aí.

Uma decisão que o Barcos marcou foi o primeiro Gre-Nal que decidiu o Gauchão. A virada não foi culpa dele. Mas de fato, tá faltando gol em jogo decisivo. Ele foi contratado por isso.