Copa 2014: França

A França tem se notabilizado por uma grande irregularidade nas últimas Copas do Mundo. Se em 1998 e 2006 foi finalista, nos entremeios, em 2002 e 2010, nem passou da primeira fase, com campanha ridículas e problemas internos dos mais diversos. Em 2014, é a vez, matematicamente falando, dos bons resultados. Na prática, isso realmente parece ser uma tendência.

O time atual não chega perto dos dois que foram finalistas, ninguém neste elenco se aproxima de Zidane em termos técnicos, mas há um trabalho bem feito. Em vez do pitoresco e místico Raymond Domenech, o metódico e agrupador Didier Deschamps é quem comanda os azuis desta vez. E se os resultados nestes últimos quatro anos foram apenas razoáveis, o momento é de alta após a histórica e dramática classificação na repescagem, diante da Ucrânia.

A França chega alguns degraus abaixo das principais favoritas, mas uma classificação à semifinal, por exemplo, não seria exatamente uma grande surpresa. A vida ficou facilitada pela chave relativamente tranquila na fase inicial. Resta saber qual França se apresentará em 2014. Pela pouca badalação e grande foco, é de se apostar numa equipe que, ainda que não seja favorita, será forte.

O CAMINHO
A França não foi cabeça de chave no sorteio, mas na prática acabará sendo, pois tem uma seleção superior a Suíça, Equador e Honduras. A estreia diante dos hondurenhos é vitória obrigatória, pois trata-se do adversário mais fraco do grupo. Contra equatorianos e suíços, quatro pontos já deverão servir para garantir a liderança, o que provavelmente evitaria um confronto já nas oitavas com a Argentina. Mas não será fácil: se vacilarem, os franceses podem cair até mesmo na primeira fase, pois Suíça e Equador são equipes de respeito e que merecem atenção.

DESTAQUE
Um dos três melhores jogadores do mundo em 2013 e líder técnico do Bayern München, Franck Ribery, 31 anos, é o melhor jogador francês da geração pós-Zidane, e o único com real capacidade de desequilibrar a favor da França. Forma, com Evra, uma das melhores duplas canhotas de toda a Copa do Mundo. É um dos grandes nomes do Mundial, e seguramente uma boa participação francesa depende do seu rendimento nos gramados brasileiros.

PONTOS FORTES
A seleção francesa é experiente e muito técnica. Além de Ribery, jogadores como Giroud, Valbuena, Evra e Benzema sabem tratar a bola com qualidade. O setor defensivo é extremamente bem organizado e sólido, e o ataque possui jogadores envolventes - ainda que só Ribery seja de fato decisivo. Além disso, é uma equipe que se conhece e tem ótimo relacionamento com o bom técnico Deschamps. Cabaye, jogando ao estilo Pirlo, como meia recuado, também terá papel fundamental no sucesso francês.

PONTOS FRACOS
Como Ribery é o único jogador realmente fora do comum, a equipe acaba dependendo bastante dele para se sair bem. Outro problema são alguns estranhos critérios de convocação de Deschamps, que deixou jogadores como Nasri e Abidal de fora da lista final. A França não tem tanta abundância de nomes a ponto de prescindir destes dois grandes atletas.

A HISTÓRIA
A seleção francesa teve basicamente duas grandes gerações. Nos anos 80, a de Platini, que tinha ainda nomes como Rocheteau, Tigana e Giresse, foi semifinalista em 1982 e 1986, chegando em 3º lugar no Mundial do México. A dos anos 90/2000, comandada por Zidane, tinha craques como Henry, Vieira, Desailly e Blanc. Foi campeã jogando em casa, em 1998, e vice em 2006. Além destas quatro grandes Copas, a França foi 3ª colocada em 1958, com o time do histórico artilheiro Just Fontaine. Em 12 Copas, foi campeã uma vez, vice em outra, semifinalista em outras três e parou uma vez nas quartas de final (1938, jogando em casa).

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