A dificuldade do vice-líder

O Fluminense faz ótima campanha neste começo de Brasileiro, mas um problema já se pode notar na equipe de Cristóvão Borges: a dificuldade de enfrentar adversários fechados. Em suas três derrotas na competição, o Tricolor Carioca teve muito mais posse de bola que seu rival. Depois de ser surpreendido pelo Vitória no Maracanã, viu hoje o Atlético-MG repetir a estratégia bem sucedida do Grêmio: fechado atrás, o time mineiro não teve vergonha de jogar esperando o Flu e contragolpeando. Desta forma, matou o jogo em Ipatinga.

Isso que o Galo de Levir Culpi precisava da vitória, após o péssimo 0 a 0 em casa com o Criciúma. Mas nada de afobações: com apenas quatro membros do time campeão da América (Leonardo Silva, Pierre, Leandro Donizete e Diego Tardelli), jogou esperando o bem armado time de Cristóvão. O primeiro tempo foi muito disputado, até bem jogado, mas sem lances de perigo. Isso porque o Flu, apesar de controlar a bola, não se atirava para cima, dando pouco espaço ao Atlético-MG. Uma das raras chances veio com Carlinhos, que cruzou na medida para Sobis cabecear por cima.

O segundo tempo voltou parecido, mas o gol do Atlético-MG logo cedo mudou tudo e incendiou a partida. Surgiu já num contra-ataque, iniciado em um belo lançamento de Leonardo Silva para Emerson Conceição, que cruzou de primeira buscando André. Felipe saiu mal e Dátolo marcou. Aí sim, com derrota parcial, o Fluminense veio com tudo, se abrindo às possibilidades de levar contra-ataques. Carlinhos e Bruno foram liberados para apoiar, e levaram perigo quase sempre, cada um à sua maneira: o canhoto com cruzamentos precisos, o destro com infiltrações e combinações.

A dedicação do Atlético-MG na marcação, porém, foi comovente. O limitadíssimo Edcarlos falhava em antecipações, mas se atirava na bola para evitar arremates. Pierre e Leandro Donizete foram dois paredões, Marion é um exemplo de jogador que se doa para o time (embora corra mais que a bola quando tem a posse dela), Giovanni fez grandes defesas. E não era fácil parar o Flu: Conca distribuía o jogo com a categoria de sempre, Sobis saía da área e abria espaços para quem vinha de trás e Walter estava sempre a ponto de concluir. Giovanni salvou um chute seu na pequena área, à queima-roupa. Defesa decisiva.

A dedicação à marcação do Galo contrasta com o estilo ofensivo do time nos últimos dois anos, mas deve-se principalmente ao momento de reformulação que vive a equipe de Levir Culpi. E além desta dedicação, houve eficiência para definir: Dátolo, o nome do jogo, fez a ótima jogada que acabou em toque sobre a linha de Tardelli, no 2 a 0 que encerrou o assunto. O Flu seguiu chegando, principalmente com Conca e Carlinhos, mesmo após a desastrada substituição de Sobis por Michael, expulso um minuto depois de entrar em campo por agredir Alex Silva.

A vitória do Atlético-MG simboliza duas coisas: o perde-ganha é intenso e o campeonato está equilibradíssimo. Porque ver oito times separados por apenas três pontinhos em uma oitava rodada não é algo normal. Melhor para o Galo, que não deixa o Flu disparar e deve chegar à parada para a Copa do Mundo no bolo dos líderes, mesmo tendo ainda bastante a crescer. O time carioca, por sua vez, mais uma vez perde um jogo no qual faz boa exibição. Vai certamente muito longe neste Brasileiro.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 8ª rodada
28/maio/2014
ATLÉTICO-MG 2 x FLUMINENSE 0
Local: Ipatingão, Ipatinga (MG)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Público: 15.447
Renda: R$ 292.100,00
Gols: Dátolo 7 e Diego Tardelli 19 do 2º
Cartão amarelo: Alex Silva, Edcarlos, Leonardo Silva, Emerson Conceição, Pierre, Leandro Donizete, Dátolo, Gum, Carlinhos, Chiquinho e Kenedy
Expulsão: Michael 35 do 2º
ATLÉTICO-MG: Giovanni (7), Alex Silva (5,5), Edcarlos (5), Leonardo Silva (6,5) e Emerson Conceição (6,5); Pierre (6) (Josué, 34 do 2º - sem nota), Leandro Donizete (6,5) e Dátolo (7,5); Marion (6), André (5,5) (Guilherme, 33 do 2º - sem nota) e Diego Tardelli (7) (Carlos, 44 do 2º - sem nota). Técnico: Levir Culpi
FLUMINENSE: Felipe (5), Bruno (6), Gum (5,5), Marlon (6) e Carlinhos (6,5); Diguinho (5,5), Jean (5), Chiquinho (5,5) (Kenedy, 20 do 2º - 5,5) e Conca (6); Rafael Sobis (6) (Michael, 33 do 2º - 0) e Walter (5,5). Técnico: Cristóvão Borges

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