Momento de superação

O Grêmio sempre soube dosar bem a ideia de superação nesta Libertadores. Numa fase de grupos tremendamente complicada, ela sempre esteve a serviço do bom futebol, e não o contrário, que é um erro que muitos times adoram cometer. O discurso de se superar raramente foi utilizado: ao contrário, sempre se falou em jogar mais do que os adversários, e foi o que se viu na prática. É por essa postura que a campanha foi excelente. Porém, para a partida desta quarta, o discurso de buscar a superação será mais necessário que em qualquer outra.

Justo em seu primeiro mata-mata na competição prioritária de 2014, o Tricolor chega sob desconfiança de seu torcedor pelos resultados recentes, e o pior: repleto de desfalques. Não são baixas quaisquer, mas de dois titulares importantes, e num mesmo setor, o de defesa. A perda de Wendell na lateral esquerda diminui uma jogada ofensiva importante da equipe, mas é a saída de Rhodolfo, na zaga, que mais preocupa. Além de seu excelente desempenho em praticamente todos os jogos, o camisa 4 não tem substitutos. Werley, Bressan e Geromel acumulam desempenhos absolutamente preocupantes na temporada. A melhor defesa da Libertadores entrará desfalcada de sua principal peça num jogo em que deverá ser bastante exigida.

Há antídotos? Sem dúvida, a começar pela postura da equipe. O Grêmio pode minimizar seus problemas de retaguarda se realizar a marcação pressão que fez em vários jogos desta temporada, especialmente o do empate com o Newell's em Rosário. Naquele jogo, era esperada uma forte pressão argentina que jamais veio. A marcação começava lá na frente, com Luan, Barcos e Dudu, trio que provavelmente estará de volta no Nuevo Gasómetro. Se dentro da área a zaga não inspira confiança, o Tricolor precisa manter o time argentino longe dela. E se conseguiu isto com o Newell's, que tem um time mais envolvente, poderá fazê-lo com o San Lorenzo - a menos que a falta de confiança pelas más atuações recentes pese, mas será preciso superá-la.

Outro fator que pode ajudar o Grêmio são os desfalques do próprio time argentino. Nicolás Blandi, o centroavante titular, há tempos vem fora da equipe, e Mauro Matos, seu reserva, é um jogador tecnicamente inferior. Ignacio Piatti é outro que talvez não comece o confronto, embora deva ficar à disposição para o segundo tempo. São ausências importantes no setor ofensivo de uma equipe que precisa fazer o resultado em casa. Edgardo Bauza sempre armou times com este intuito, e a péssima campanha do Ciclón longe da Argentina nesta Libertadores é um alerta claro: conquistar um bom resultado amanhã é fundamental.

Comentários