A lógica da Libertadores
Assim que foi confirmado o confronto entre Cruzeiro e Cerro Porteño pelas oitavas de final desta Libertadores, a maioria apontou os mineiros como favoritos, por dois motivos, principalmente: a maior qualidade técnica de sua equipe e o fato de ela ter sido campeã brasileira com facilidade no ano passado. Poucos levaram em conta que, na competição, o desempenho do time de Marcelo Oliveira é semelhante ao dos paraguaios. E foi o que se viu nesta quarta-feira: o Cruzeiro que pouco empolga desta Libertadores, e não aquele que massacrava do Brasileirão 2013, não passou de um preocupante empate com gols em casa com o aplicado time guarani.
O Cruzeiro jogou a primeira em casa por ter sido vice-líder de sua chave. Não pode decidir em Belo Horizonte, mas tratou de fazer do limão a limonada, pressionando o time paraguaio nos minutos iniciais. Com grande movimentação de Éverton Ribeiro, Élber e Willian se deslocavam pelos lados para dar opções. Em 10 minutos, Fernández, filho de Gato Fernández, já se via obrigado a duas grandes defesas para evitar o pior. Foram cinco conclusões nos primeiros 15 minutos.
Pressões iniciais, porém, tendem a arrefecer, e foi o que ocorreu. À medida que o Cerro trocava passes o clima no Mineirão esfriava. Com a ansiedade foram surgindo erros de passe. O time paraguaio foi pegando confiança e abriu o placar aos 31, com Ángel Romero. Uma ducha fria em quem pensava abrir vantagem larga e sem sofrer gols dentro de casa, um dos mantras da Libertadores.
Como Élber não rendia, Marcelo Oliveira mexeu ainda no primeiro tempo. A opção por Borges deveria fazer Júlio Baptista recuar à função de meia ou de ponta direita, mas na prática o time teve dois centroavantes e passou a trocar menos passes criativos. Isso se refletiu num segundo tempo onde o time mineiro teve muita posse de bola, porém improdutiva. O Cerro, ao contrário, marcava muito bem e sempre saía com perigo. Romero teve a chance do segundo aos 4, Güiza aos 6. O Cruzeiro não teve chances sequer parecidas, com jogadores entrando com liberdade na área para concluir, em nenhum momento no jogo todo.
Dos 20 minutos da etapa final em diante, o Cerro passou a contra-atacar menos e valorizar cada vez mais a posse de bola. Poderia ter conciliado melhor essas duas propostas. Julio dos Santos foi o grande referencial da equipe, atuando como um volante distribuidor de jogo, um verdadeiro maestro da equipe. O jogo foi bem controlado até os 40 minutos, quando passaria a vir aquela pressão final normal. Foi o único pecado paraguaio em todo o jogo: o Cerro Porteño cometeu faltas demais próximas à área nos minutos derradeiros, e na última delas, na marra, o Cruzeiro chegou ao empate num gol de Samudio, o fraco lateral paraguaio que ainda não jogou sequer perto do que fazia o mediano Egídio, mas deu sua importante contribuição num momento decisivo da Libertadores. Foi na marra, mas também assim se chega longe numa competição como essa.
Chiqui Arce ganhou de Marcelo Oliveira no duelo tático da noite, amarrando bem as alternativas cruzeirenses. O Cerro trocou passes com facilidade, marcou o Cruzeiro com extrema organização e por muito pouco não traz de Belo Horizonte uma vitória. O 1 a 1 não garante a classificação - nem o 1 a 0 a garantiria. A Raposa pode chegar e ganhar em Assunção, mas terá de jogar bem mais do que nesta quarta. Terá que ser o Cruzeiro que bateu a Universidad de Chile duas vezes com autoridade, o Cruzeiro campeão brasileiro, o Cruzeiro que pode brigar pelo título continental, o Cruzeiro que se impõe. Se, porém, o Cruzeiro que for Assunção é o que passou trabalho com Real Garcilaso, Defensor e neste primeiro jogo com o Cerro, o Cruzeiro da Libertadores, o Cruzeiro atrapalhado, ele encerrará sua participação na competição já no próximo dia 30.
FICHA
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de ida
CRUZEIRO (1): Fábio; Ceará (Mayke), Dedé, Bruno Rodrigo e Samudio; Lucas Silva, Henrique e Éverton Ribeiro; Élber (Borges), Júlio Baptista (Marlone) e Willian. Técnico: Marcelo Oliveira
CERRO PORTEÑO (1): Fernández; Bonet, Cardozo, Ortiz e Alonso; Oviedo, Julio dos Santos, Corujo e Óscar Romero (Candía); Ángel Romero (Beltrán) e Güiza (Torres). Técnico: Francisco Arce
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG); Data: quarta-feira, 16/04/2014, 22h; Árbitro: Daniel Fedorczuk (URU); Público: 38.219; Renda: R$ 1.213.445,00; Gols: Ángel Romero 31 do 1º; Samudio 48 do 2º; Cartão amarelo: Alonso; Melhor em campo: Ángel Romero; Nota do jogo: 6
NÚMEROS
Chances de gol: Cruzeiro 12 x 4 Cerro
Finalizações: Cruzeiro 31 x 6 Cerro
Escanteios: Cruzeiro 6 x 3 Cerro
Impedimentos: Cruzeiro 2 x 4 Cerro
Faltas cometidas: Cruzeiro 10 x 8 Cerro
Desarmes: Cruzeiro 12 x 21 Cerro
Passes errados: Cruzeiro 55 x 30 Cerro
Posse de bola: Cruzeiro 62% x 38% Cerro
Análise: o número de finalizações do Cruzeiro impressiona, mas a grande maioria foi sem perigo, em arremates de fora da área. O número de chances criadas pelo time mineiro, para quem precisou os 90 minutos marcar gols, foi apenas razoável - e cinco delas vieram antes dos 20 minutos, contra 7 nos outros 70. Os impressionantes 55 passes errados atestam a qualidade ruim da atuação da equipe de Marcelo Oliveira.
FUTEBOL DE BOTÃO
O Cruzeiro jogou a primeira em casa por ter sido vice-líder de sua chave. Não pode decidir em Belo Horizonte, mas tratou de fazer do limão a limonada, pressionando o time paraguaio nos minutos iniciais. Com grande movimentação de Éverton Ribeiro, Élber e Willian se deslocavam pelos lados para dar opções. Em 10 minutos, Fernández, filho de Gato Fernández, já se via obrigado a duas grandes defesas para evitar o pior. Foram cinco conclusões nos primeiros 15 minutos.
Pressões iniciais, porém, tendem a arrefecer, e foi o que ocorreu. À medida que o Cerro trocava passes o clima no Mineirão esfriava. Com a ansiedade foram surgindo erros de passe. O time paraguaio foi pegando confiança e abriu o placar aos 31, com Ángel Romero. Uma ducha fria em quem pensava abrir vantagem larga e sem sofrer gols dentro de casa, um dos mantras da Libertadores.
Como Élber não rendia, Marcelo Oliveira mexeu ainda no primeiro tempo. A opção por Borges deveria fazer Júlio Baptista recuar à função de meia ou de ponta direita, mas na prática o time teve dois centroavantes e passou a trocar menos passes criativos. Isso se refletiu num segundo tempo onde o time mineiro teve muita posse de bola, porém improdutiva. O Cerro, ao contrário, marcava muito bem e sempre saía com perigo. Romero teve a chance do segundo aos 4, Güiza aos 6. O Cruzeiro não teve chances sequer parecidas, com jogadores entrando com liberdade na área para concluir, em nenhum momento no jogo todo.
Dos 20 minutos da etapa final em diante, o Cerro passou a contra-atacar menos e valorizar cada vez mais a posse de bola. Poderia ter conciliado melhor essas duas propostas. Julio dos Santos foi o grande referencial da equipe, atuando como um volante distribuidor de jogo, um verdadeiro maestro da equipe. O jogo foi bem controlado até os 40 minutos, quando passaria a vir aquela pressão final normal. Foi o único pecado paraguaio em todo o jogo: o Cerro Porteño cometeu faltas demais próximas à área nos minutos derradeiros, e na última delas, na marra, o Cruzeiro chegou ao empate num gol de Samudio, o fraco lateral paraguaio que ainda não jogou sequer perto do que fazia o mediano Egídio, mas deu sua importante contribuição num momento decisivo da Libertadores. Foi na marra, mas também assim se chega longe numa competição como essa.
Chiqui Arce ganhou de Marcelo Oliveira no duelo tático da noite, amarrando bem as alternativas cruzeirenses. O Cerro trocou passes com facilidade, marcou o Cruzeiro com extrema organização e por muito pouco não traz de Belo Horizonte uma vitória. O 1 a 1 não garante a classificação - nem o 1 a 0 a garantiria. A Raposa pode chegar e ganhar em Assunção, mas terá de jogar bem mais do que nesta quarta. Terá que ser o Cruzeiro que bateu a Universidad de Chile duas vezes com autoridade, o Cruzeiro campeão brasileiro, o Cruzeiro que pode brigar pelo título continental, o Cruzeiro que se impõe. Se, porém, o Cruzeiro que for Assunção é o que passou trabalho com Real Garcilaso, Defensor e neste primeiro jogo com o Cerro, o Cruzeiro da Libertadores, o Cruzeiro atrapalhado, ele encerrará sua participação na competição já no próximo dia 30.
FICHA
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de ida
CRUZEIRO (1): Fábio; Ceará (Mayke), Dedé, Bruno Rodrigo e Samudio; Lucas Silva, Henrique e Éverton Ribeiro; Élber (Borges), Júlio Baptista (Marlone) e Willian. Técnico: Marcelo Oliveira
CERRO PORTEÑO (1): Fernández; Bonet, Cardozo, Ortiz e Alonso; Oviedo, Julio dos Santos, Corujo e Óscar Romero (Candía); Ángel Romero (Beltrán) e Güiza (Torres). Técnico: Francisco Arce
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG); Data: quarta-feira, 16/04/2014, 22h; Árbitro: Daniel Fedorczuk (URU); Público: 38.219; Renda: R$ 1.213.445,00; Gols: Ángel Romero 31 do 1º; Samudio 48 do 2º; Cartão amarelo: Alonso; Melhor em campo: Ángel Romero; Nota do jogo: 6
NÚMEROS
Chances de gol: Cruzeiro 12 x 4 Cerro
Finalizações: Cruzeiro 31 x 6 Cerro
Escanteios: Cruzeiro 6 x 3 Cerro
Impedimentos: Cruzeiro 2 x 4 Cerro
Faltas cometidas: Cruzeiro 10 x 8 Cerro
Desarmes: Cruzeiro 12 x 21 Cerro
Passes errados: Cruzeiro 55 x 30 Cerro
Posse de bola: Cruzeiro 62% x 38% Cerro
Análise: o número de finalizações do Cruzeiro impressiona, mas a grande maioria foi sem perigo, em arremates de fora da área. O número de chances criadas pelo time mineiro, para quem precisou os 90 minutos marcar gols, foi apenas razoável - e cinco delas vieram antes dos 20 minutos, contra 7 nos outros 70. Os impressionantes 55 passes errados atestam a qualidade ruim da atuação da equipe de Marcelo Oliveira.
FUTEBOL DE BOTÃO
Comentários