Penas de pollo

O Nacional é mais time que o Oriente Petrolero, tem mais qualidade técnica, mas no frigir dos ovos o que definiu sua classificação não foi qualquer superioridade técnica ou tática da equipe de Gerardo Pelusso sobre a de Tabaré Silva, no confronto de uruguaios da casamata da pré-Libertadores. Foi o frangaço do goleiro Arias, num chute até fraco desferido por De Pena. Um frango em gol de De Pena é a primeira piada da pronta da Copa em 2014.

Uma piada sem graça alguma para a torcida do valente time boliviano, que encarou o Nacional tanto em casa quanto no Parque Central, por ser uma equipe muito organizada. O Oriente Petrolero não merecia que a desclassificação viesse desse jeito tão cruel, ainda mais em uma falha de Arias, que se mostrava muito seguro. A estratégia inicial em Montevidéu, após o 1 a 0 obtido em Santa Cruz de la Sierra, era clara: segurar a pressão uruguaia e investir nos contra-ataques puxados pelo habilidoso espanhol Quero - logo aos sete minutos, ele já conseguira um bom arremate.

A noite, porém, era de outro atacante: o experiente Iván Alonso, 34 anos, que passeou valentia e categoria em La Blanqueada. Ele foi o fiador da pressão inicial e da própria classificação do Bolso, sendo disparado o homem da partida. Aos dois minutos, quase marcou o primeiro; aos cinco, tentou um golaço por cobertura de muito longe; aos 18, aproveitou escanteio batido por Cruzado e desviado por Curbelo para fazer 1 a 0 de cabeça, igualando o confronto geral. Tudo começou após um chutaço de longe do jovem volante Prieto, um dos melhores em campo ontem à noite.

Pelusso armou o Nacional num ofensivo 4-3-3 ontem à noite

A pressão, porém, arrefeceu. Pelusso, matreiro, sabia que um gol boliviano podia ser sua ruína. O Nacional se resguardou e passou a arriscar bem menos, tornando o jogo lento e dando espaço para o Oriente Petrolero crescer. O time boliviano aproveitou a deixa e passou a controlar o jogo, notando a falta de ambição dos uruguaios. Foi comandado pelo ótima ala esquerdo Marvin Bejarano, que fez de tudo: criou, chutou de longe, salvou gol em cima da linha, desarmou, combateu, um verdadeiro gigante. Os tricampeões só voltaram à carga após a expulsão de Brau, aos 17 do 2º tempo. Neste quase um tempo inteiro de jogo, só chegaram em chutes de fora da área. Até que veio o frangaço, o 2 a 0.

Com desvantagem numérica e no placar, o Oriente Petrolero parecia sem condições de reagir. Tanto que o Nacional nem forçou o terceiro gol, mesmo visivelmente superior em termos físicos. Os chutes de longe de Recoba, sempre precipitados, ignorando os companheiros mais bem colocados, indicavam que a equipe uruguaia nem mesmo acreditava que pudesse sofrer um gol. Ainda assim, deu espaços no final e quase sofreu a eliminação no último lance da partida. Se Hoyos tivesse chutado dez centímetros mais para a direita, estaríamos agora falando que o "grupo da morte" tem três favoritos e uma zebra. Mas não foi o caso, por muito pouco.

Pelusso quase pagou sua falta de ambição com a desclassificação, mas não se enganem: mesmo com a classificação apertada sobre um time tecnicamente mais fraco, o Nacional é candidatíssimo a se classificar para as oitavas de final - pegou grupos da morte em 2007 e 2012 e passou em ambos, só para pegar exemplos recentes. As chances de seguir adiante são de 50% para todo mundo, num dos grupos mais parelhos de todos os tempos da Libertadores. A estreia do Grêmio não poderia ser mais complicada. Um pontinho no Parque Central já será valioso para o time de Enderson Moreira. Que Libertadores é esta que está começando, amigos!

Eles seguem coperos
O Santa Fé foi completamente dominado pelo adversário no jogo de ida, levou 2 a 1, mas ganhou por 1 a 0 em El Campín e se classificou. Os gremistas conhecem bem este amargo filme, vivenciado ontem por torcedores do Monarcas Morelia. A equipe colombiana não parece tão forte quanto em 2013, já não domina o campeonato nacional como dominava, mas segue muito parecida, com destaques como Medina, Cuero, Arias, Torres e, claro, Omar Pérez, que segue desequilibrando e tendo participação em quase todos os gols que o time faz. Que o Atlético Mineiro fique de olho.

Último ensaio
Enderson Moreira conversou por 15 minutos com o elenco gremista antes do treino de ontem. O objetivo era alertar para os erros no empate em 1 a 1 com o Juventude. Hoje é o último ensaio do time antes de o bicho pegar de vez, pois domingo há o Gre-Nal e quinta que vem o Nacional, em Montevidéu. O adversário é o invicto Veranópolis de Julinho Camargo, na Arena, no cair de mais uma tarde escaldante deste verão que tanto castiga o Rio Grande do Sul.

Despiste
Abelão tenta despistar ao dizer que não sabe ainda se os titulares do Inter jogarão o clássico de domingo. Ora, a escalação do time reserva para pegar o Pelotas é um indício muito claro de que o elenco principal está sendo poupado para o jogo contra o Grêmio. Não há sentido algum manter os titulares 10 dias parados e escalar os reservas em dois jogos difíceis seguidos. Hoje é noite para ver Eduardo Sasha, Cláudio Winck e Otávio, os melhores nomes deste time suplente até agora no Gauchão. A Boca do Lobo é sempre um teste complicado.