Uma boa primeira amostragem


É claro que a fragilidade do Aimoré é uma ressalva obrigatória, mas quem não vai bem ganha de pouco mesmo dos adversários mais fracos. E o Grêmio não só goleou, mas jogou muito bem - contra equipes ruins, é possível até golear jogando pouco. Houve tabelas, ultrapassagens coordenadas, belos lances individuais e compactação coletiva. O desempenho neste primeiro jogo de 2014 foi animador.

Enderson Moreira recém chegou à Arena, e certamente não conseguiu ainda passar ao time todas as suas ideias. É cedo demais para empolgação ou para dizer que a bela vitória por 4 a 0 tenha o "dedo do técnico". Talvez a própria motivação de mostrar serviço ao novo comandante tenha pesado. Mas também ficou claro que o Grêmio não ficou só no aspecto anímico: portou-se como protagonista do jogo sempre, ocupou o campo adversário e adotou marcação agressiva, como prometia Enderson. Os atacantes, de fato, foram bem mais abastecidos que no time de Renato Portaluppi. A prometida e esperada nova mecânica da equipe, de postura mais ofensiva, funcionou muito bem. Isso é o que anima, mais do que o resultado elástico.

Não sabemos, por exemplo, se Barcos terá um 2014 como todos esperavam que fosse o seu 2013. Mas a primeira amostragem foi ótima: o argentino não apenas marcou um golaço como participou de outro e deixou Kleber sozinho para fazer mais um, que o Gladiador (um dos mais discretos do time) desperdiçou. Edinho, Ramiro e Riveros, que não devem jogar juntos na escalação tida como ideal, se desprenderam de trás e não engessaram a fluidez. O paraguaio até foi mais meia que volante. Wendell, pelo lado esquerdo, jogou por música. Provavelmente, como se previa desde suas raras partidas no Brasileirão, o Grêmio não sentirá saudades de Alex Telles, pois ele está muito bem substituído.

Outro que talvez não faça tanta falta é Elano, já que Maxi Rodríguez fez uma estreia de temporada que cumpriu todas as expectativas. Toques inteligentes, visão de jogo, bola parada de alto nível e dois golaços que caprichosamente não se concretizaram. Mesmo sem marcar gols, o uruguaio foi o grande destaque do primeiro Grêmio de 2014, como já vinha sendo o melhor do último Grêmio de 2013. Com Zé Roberto ao lado (qual dos três volantes sai?), tem tudo para fazer um grande ano. A escalação mais adiantada de Riveros, apoiando pelo lado esquerdo, certamente já tinha também a intenção de "imitar" o que Zé fará quando tiver condições legais de jogo.

É só a primeira amostragem. O Grêmio tem muito a crescer, muitas dificuldades a superar, muitos obstáculos bem mais difíceis que o Aimoré pela frente. Mas também é bom lembrar que é um time que, apesar de trocar completamente seu estilo de jogo de um ano para o outro, é uma equipe já entrosada. Nada menos que dez titulares de ontem estavam no time de 2013. Isso facilita bastante a compreensão das ideias do novo técnico, e ajuda a explicar a facilidade de já começar o ano com uma ótima atuação. Quem muda demais precisa de mais tempo para encaixar.

Jovens maduros
Como diante do Novo Hamburgo, o Inter sub-23 pareceu um time de veteranos em Passo Fundo, no ótimo sentido. Embora Clemer e os próprios jogadores admitam vacilos e que o time ainda precisa crescer, a equipe demonstrou uma leitura do jogo e uma maturidade coletiva surpreendente para quem é tão jovem. O entrosamento, bem como no caso do Grêmio principal, é sem dúvida um aliado da gurizada colorada. E segue a sólida caminhada de 100% de aproveitamento neste início de Gauchão.

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