O conjunto da gurizada



O Inter parece mesmo se sentir em casa no Vale. Mas a boa vitória obtida ontem sobre o Novo Hamburgo, por 2 a 1, tem razões que vão muito além do fator local: dizem respeito à coletividade. "Culpa" de André Döring e Clemer, dois ex-goleiros do clube que como técnicos desta equipe de base conseguiram estabelecer um padrão de jogo que já vem desde o ano passado, tornando-a um conjunto muito forte e mais entrosado que o experiente Noia de Itamar Schülle.

Alguns jogadores vieram no fim de 2013 para agregar qualidade. Caso do volante Gladestony, que apesar dos 20 anos já tem São Paulo e Manchester United no currículo. Ontem, além da boa saída de jogo, mostrou ser um exímio cobrador de escanteios, algo raro hoje em dia. Dos pés dele saiu o primeiro gol, de Jean, e outras duas chances, uma com Cláudio Winck e outra com o próprio Jean. O desentrosamento da zaga hamburguense, claro, contribuiu, mas o veneno das batidas do menino é digno de nota.

Gladestony, Cláudio Winck e Jean foram os destaques individuais, mas a força deste time está, mesmo, é no entrosamento. O Inter sub-23 é um time encorpado. É isso que explica ter vencido uma equipe que, no papel, talvez seja a melhor do interior, com nomes talentosos como o lateral Rafael Mineiro, o meia Mazinho, os atacantes Douglas e Jonatas Belusso (esse o melhor jogador em campo, irresistível) e Anderson Pico, que apesar dos quilinhos a mais de sempre passeou categoria e qualidade técnica no Estádio do Vale. O Noia tem tudo para ir longe no Gauchão.

A partida foi bastante equilibrada. O Inter finalizou mais (17 a 12), mas o Novo Hamburgo teve mais chances claras (10 a 8). O Colorado errou menos - foram só 23 passes errados, um número baixo para quem teve 53% da posse de bola, e que também sugere que o time se conhece bem, cada companheiro sabe onde o outro está - e por isso foi vencedor. Soube aproveitar as falhas da defesa do time da casa, controlou as investidas na medida do possível (Jonatas Belusso infernizou Raphinha, Douglas ganhou todas de Thales, mas Cláudio Winck, Jean e Rodrigo Dourado foram sólidos), contou com Alisson inspirado e saiu com três pontos que poucas equipes conseguirão obter ao longo do campeonato.

Em relação ao aproveitamento de peças da base no time de cima, ontem Cláudio Winck mostrou de novo que pode ser uma realidade. Marcou bem, com responsabilidade, e por isso apoiou menos do que de costume, mas quando o fez desempenhou com qualidade. Rodrigo Dourado e Gladestony podem ser opções para um time carente de bons volantes, e Jean uma boa promessa de zagueiro, num elenco que deve perder Índio e Juan em breve. Fernando Baiano, tido como grande promessa, foi discreto. Mas aproveitar três ou quatro nomes já será um sinal de que o trabalho é extremamente bem feito. A situação tranquila com que o time principal assumirá no Gauchão é a prova.

Forlán
O uruguaio se despediu ontem e acertou sua ida para o Cerezo Osaka. Deixa o Inter após um ano e meio devendo: apesar de uma média de gols razoável (22 em 55 jogos), nunca assumiu no Colorado o protagonismo que se esperava. Não dava sinais de estar totalmente comprometido, passou sempre a impressão de estar alheio aos problemas da equipe. Os números são bons, mas as atuações foram bem abaixo do que se esperava de um craque da Copa do Mundo. O próprio fato de ele ter vindo a público trazer números, no ano passado, explicita isso: quem vai bem, não precisa se valer de números para provar isso. Não fará falta a Abel Braga.

Para se reabilitar
O time sub-23 do Grêmio não é tão consistente quanto o do Inter. Já vimos isso no ano passado, quando o desempenho no Gauchão foi visivelmente inferior ao do rival. Hoje, a equipe de Mabília tem uma segunda chance de provar o seu valor no primeiro jogo da Arena em 2014, contra o Lajeadense. Outra parada que promete não ser nada fácil, mas ao menos em temperatura não tão absurda quanto a do jogo de domingo, na derrota para o Zequinha.

O primeiro já caiu
Beto Almeida, reconhecido por ótimas campanhas no interior do estado, foi o primeiro técnico a cair no Gauchão. Assim como em 2013, o São Luiz esperou só duas rodadas para trocar o seu comandante. O time de Ijuí perdeu em casa para o Juventude, por 1 a 0.

Começos discretos
Foram só duas rodadas, mas ninguém ainda empolgou no Rio e em São Paulo em 2014. Foram só resultados magros nos estaduais. Ontem, o Vasco titular ficou no 1 a 1 com o Macaé e o Flamengo reserva fez só 1 a 0 no Volta Redonda. Em São Paulo, o Corinthians titular ganhou do Paulista só por 1 a 0 (novidade) no Pacaembu. O São Paulo, sim, goleou o Mogi Mirim por 4 a 0, mas lembremos que levou 2 a 0 do Bragantino na estreia. Aliás, o time de Bragança Paulista dá pinta de que pode ser a zebra da temporada. Ontem ganhou mais uma: 2 a 0 no Penapolense, com sobras, fora de casa.

Comentários

Anônimo disse…
E o atacante Aylon o que tu achas?
Vicente Fonseca disse…
Me parece ter potencial. Fez uma ótima jogada individual ontem no segundo tempo, por exemplo. Mas preciso ver mais vezes para poder opinar com melhor propriedade.