As dádivas da tabela



A goleada do Botafogo sobre o Atlético Paranaense esteve longe de ser o placar ideal para o Grêmio. O melhor, claro, seria o empate, mas até mesmo uma derrota do time carioca não seria tão ruim quanto uma goleada de 4 a 0 a favor. Perdendo, o Fogão praticamente estaria fora da briga. Agora, com a goleada, tem saldo muito superior e, num possível empate em pontos, deve levar vantagem nos critérios.

Foi sem dúvida um jogo atípico, uma daquelas dádivas da tabela para o Botafogo. O Atlético Paranaense está visivelmente distante do Campeonato Brasileiro com esta final de Copa do Brasil. Lembram de Coritiba 4 x 0 Grêmio? Foi o mesmíssimo caso, inclusive o mesmo placar. Com 36 minutos os cariocas já ganhavam por 2 a 0 no Maracanã, e isso porque a sorte já havia ajudado o Furacão algumas vezes. O desinteresse atleticano só não é tão animador para os gremistas porque domingo que vem a equipe recebe o Náutico em Curitiba. Aí, até mesmo com time misto será provável a vitória.

Fica claro, mais uma vez, que na reta final os jogos fáceis são aqueles contra equipes que têm pouco interesse de tabela, e não contra os que estão lá embaixo. Vencer o campeão Cruzeiro já não é uma missão mais tão impossível, por exemplo, o que é um ânimo extra para Vasco e Bahia nesta reta final. Enfrentar o São Paulo, que prioriza a Sul-Americana, ou equipes que já não tenham mais grande interesse na tabela, como Santos e Corinthians, também.

Se o Botafogo aproveitou a chance, hoje é dia de o Grêmio aproveitar a sua. Encarar um Flamengo repleto de reservas e com o mesmo pensamento do Atlético Paranaense na final da Copa do Brasil é uma dádiva da tabela na vida tricolor. Renato Portaluppi deu uma entrevista muito interessante nesta sexta a respeito do porquê de Maxi Rodríguez não ser titular. Trouxe boas razões. De fato, o uruguaio pede passagem, mas não há porque reclamar da escalação se a equipe jogar com Zé Roberto, jogador tão pedido por todos. Aqui e no Carta na Mesa sempre reclamei da importância de este time ter um meia, e na reta final Renato tem usado esta figura tática.

Dá para jogar mais do que contra o Vasco, agora que o peso pela falta de gols e vitórias saiu dos ombros tricolores. E aproveitar a talvez última dádiva que a tabela oferece ao Grêmio para chegar ao objetivo de ser vice-campeão brasileiro e chegar à Libertadores sem precisar passar por um estressante mata-mata em janeiro.

Mais uma tarde longa
Não bastasse o mau campeonato que faz o Inter, a tabela também pouco ajuda. Depois de pegar (e vencer) um Botafogo que luta por Libertadores e perder para o poderoso Atlético Mineiro, o time de Clemer enfrentará simplesmente a equipe que vem em maior ascensão na Série A: o Goiás, dos conhecidos Enderson Moreira, Walter, Renan, Sasha, entre outros. A tendência é inegavelmente de derrota. O Inter é uma das maiores dádivas que a tabela tem oferecido.

Troca-troca lá atrás
Importantíssima vitória do Criciúma sobre o Coritiba, 2 a 1, em pleno Couto Pereira. O time catarinense, mais do que se distanciar de equipes como Fluminense, Bahia e Vasco, ultrapassa agora o próprio Coxa e também a Portuguesa, com 42 pontos. O Tigre reagiu na hora certa, e deve escapar: terá dois jogos seguidos no Heriberto Hülse, contra os pouco interessados Vitória e São Paulo. Em casa a equipe é forte, mas é fora, vencendo jogos como o de ontem, ou contra São Paulo e Grêmio, é que o time catarinense constrói sua provável permanência na elite.

Agora sim, Chape!
Tudo conforme o esperado: a Chapecoense empatou em casa com o Bragantino, 1 a 1, e confirmou seu retorno à Série A após 34 anos. Um feito e tanto para o competentíssimo Gilmar dal Pozzo, cria de Tite, o que fica evidente pelo discurso e até pelo tom de voz semelhante ao do atual técnico corintiano. O Palmeiras confirmou o título ao fazer 3 a 0 no Boa Esporte. A briga pelas outras duas vagas é intensa: Icasa, Sport e Ceará venceram, e seguem ponto a ponto na disputa. Quem bobear ainda poderá ver as chegadas do Figueirense ou do América-MG.

Mais dois na Copa
Nigéria e Costa do Marfim confirmaram o favoritismo, passaram por Etiópia e Senegal e estão na Copa de 2014. Já são 23 os classificados, fora as virtuais passagens de Gana, Uruguai e México. Hoje, é a vez de Camarões x Tunísia, num dos duelos mais indefinidos de todos. O primeiro jogo, na Tunísia, foi 0 a 0.

Comentários

Lique disse…
quais são as razões, professor? ou ao menos o link pra entrevista. ;)
Vicente Fonseca disse…
Disse que era um jogador que jogava em um clube que sequer tinha academia, e que tinha total liberdade de fazer o que quisesse com a bola no pé. Tudo no Wanderers era ele que resolvia, o time jogava pra ele. Precisa aprender mais a jogar em nível competitivo e ganhar massa muscular. Tudo justo, mas ainda colocaria como titular já. Hehe
Lique disse…
sim, cada vez que ele entra, em quinze minutos, faz pelo menos uma assistência genial, pifando companheiros. acho que se não fosse o excesso de estrangeiros, já seria titular. logo sai o vargas e pronto. ou o barcos volta pro palmeiras.
Vicente Fonseca disse…
Mantendo esse nível, tendência natural de titularidade com a saída do Vargas. Aliás, antes mesmo, pois vem jogando mais que o chileno.