À base de alfajor



Renato Portaluppi pode ter toda a razão do mundo ao pedir calma com Maxi Rodríguez, em elogiar o trabalho cuidadoso que o Grêmio faz com ele. Sem esse reforço muscular e aculturação ao futebol de alto nível da elite brasileira, talvez o uruguaio não estivesse jogando o que vem jogando. Mas uma coisa é certa: Maxi não pode mais ser reserva do Tricolor, muito menos o "quarto estrangeiro" deste elenco. Deve ser o primeiro, ou ao menos um dos três com lugar cativo entre os relacionados para qualquer partida, por um simples motivo: é ele que tem feito a diferença, e não Barcos ou Vargas.

A evolução é visível e constante. Os desempenhos irregulares, alternando bons e maus momentos dentro das partidas, são cada vez mais parte do passado. Neste returno, Maxi mudou o Grêmio para melhor contra Náutico (assistência genial para Paulinho no segundo gol), Corinthians (outra ótima assistência, desta vez para Barcos) e Vasco, na última quarta. Contra o Criciúma, começou jogando (o que Renato mais teme), e fez um golaço. Ontem, contra o Flamengo, só não fez chover porque na semana passada caiu toda a água do mês em Porto Alegre.

O Grêmio carecia de criatividade. O panorama era semelhante ao jogo com o Vasco: um time fechado, que veio à Arena para não perder, e causava problemas ao Tricolor justamente por se fechar demais. Ainda assim, o time gaúcho teve tanta posse de bola ofensiva que mesmo sem Maxi criou algumas chances claras e poderia ter terminado o primeiro tempo vencendo, mesmo que Kleber acertasse poucos lances, Zé Roberto tenha estado apagado e os laterais subido menos do que deveriam.

Se Renato pode ser cobrado por não colocar Maxi desde o início, deve receber o elogio pela substituição: em vez de tirar Zé Roberto, sacou Riveros, jogador sub-utilizado no contexto do jogo. Havia agora Ramiro, com suas boas chegadas, dois meias e dois atacantes. Maxi fez o primeiro golaço ao varrer a defesa a dribles, algo que ninguém neste time consegue, até por característica pessoal mesmo.

A equipe recuou perigosamente. Deixou o Flamengo "gostar" do jogo, mas o empate foi um crime. Não era merecido pelo que fizera o Fla, e um castigo cruel ao Grêmio. Rapidamente veio à lembrança de todos o empate com o Fluminense, quando Sobis fez, no finzinho, um gol de bola resvalada na zaga. Naquele dia, Maxi Rodríguez não estava no Maracanã. Hoje, estava na Arena, e fez, talvez, o gol mais bonito da curta história do novo estádio gremista.

Por causa de Maxi, o Grêmio conquista uma vitória importantíssima. Os imprescindíveis 6 pontos dentro da Arena contra Vasco e Flamengo foram conquistados, e dão ao time a vice-liderança numa rodada em que Goiás e Botafogo também venceram. Na rodada que vem, deve pegar a praticamente rebaixada Ponte Preta priorizando a Sul-Americana, nova possibilidade de um adversário desfocado. É preciso aproveitar e secar o Goiás diante do Atlético Mineiro, já que no dia 1º tem confronto direto com os esmeraldinos na Arena.

Risco, sim
O Internacional praticamente havia deixado de lado o risco de cair ao ganhar do Botafogo, pois só se tudo desse errado nas rodadas seguintes a equipe seguiria a perigo. Só que deu tudo errado: Bahia, Fluminense, Criciúma e Portuguesa venceram, e o Inter perdeu, não apenas para o Goiás, mas também para o Galo na última quinta. O Coritiba entrou no Z-4 e a distância entre Inter e Coxa é de apenas quatro pontos. Ainda relativamente tranquila, mas já o suficiente para tornar a partida do próximo domingo uma decisão. Nova derrota pode aproximar o Inter a um pontinho do rebaixamento.

No entanto, é impossível desvincular o resultado da arbitragem. Wagner Reway prejudicou sim o Inter, especialmente no lance do primeiro gol goiano, no qual Walter estava visivelmente impedido. Para um time irritadiço, é o bastante para desestruturar totalmente uma proposta de jogo que vinha dando certo, pois o começo de jogo foi bom. A expulsão de Rafael Moura foi consequência. O Goiás, que ganhou a oitava dos últimos nove jogos, só fez a sua parte: aproveitar e ganhar mais uma.

Corinthians x Vasco
Zzzzzz...

Comentários

Lique disse…
quando falam que esse foi o maior golaço da história da arena e também falaram que a semifinal da sula era o maior jogo decisivo da história do estádio, nos dois casos acho que esquecem de gremio x ldu. um golaço, um jogo mais do que decisivo. mas tudo bem :)
Lourenço disse…
Verdade, Lique, também pensei no gol do Elano. E, no quesito beleza, achei o gol do Seedorf talvez ainda mais belo. Mas nada apaga o inolvidável Maxi.
Vicente Fonseca disse…
Acho que Grêmio x Atlético-PR era mais decisivo que Grêmio x LDU. Mas a briga entre os dois gols é braba mesmo.
Anônimo disse…
Só me preocupa que os gols de ontem foram de lances individuais, não em jogadas coletivas. Tirando uns dez minutos após o primeiro gol o Grêmio voltou a jogar truncado, e o segundo gol do Maxi foi realmente um achado. Ainda bem que haverá uma semana para repensar certas coisas , e com a Ponte no meio das semifinais da sul-americana.
Chico disse…
Com doblete, Maxi foi o herói do jogo.

Mais uma vitória dos uruguayos do norte contra o flamerda.

Portaluppi continua sendo o rei do rio.

Segue a freguesia carioca.
Vicente Fonseca disse…
O anônimo tem razão, os gols foram puramente em jogadas individuais, algo até que andou faltando ao Grêmio em boa parte do campeonato. Comentamos isso no Carta na Mesa de hoje: a mecânica ofensiva do time com três volantes está completamente esgotada. A questão é saber se não é risco demais mudar isso agora, a três rodadas do fim.
Sancho disse…
Semifinal da Sul-Americana é mais que Pré-Libertadores. Mas os gols do Elano e do Seedorf rivalizam com esse do Máxi. A vantagem do Máxi é que ele fez parecer tão fácil!
Lique disse…
Semifinal da Copa do Brasil, tu dizes. Bom, questão de opinião. Na minha, um jogo que é primeiro do ano e define se participarás da competição mais importante daquele ano é decisivo demais. Especialmente por que colocam em risco todos os investimentos feitos para a temporada, que era a primeira da Arena. Mas enfim, o resultado de tudo é: não rolou título, de novo. :/