Tudo perfeito, só que não



Desde que assumiu a presidência do Internacional (5º, 34), em 2011, Giovanni Luigi teima em não aceitar a realidade em suas entrevistas coletivas, especialmente quando a equipe vive uma crise. Hoje, foi o que se viu novamente: quem ouviu o mandatário colorado após a derrota para a Portuguesa (14º, 28) pode perfeitamente pensar que o campeonato feito pelo Colorado é ótimo, que o grupo de jogadores é fantástico, que o trabalho de Dunga é excepcional (isso ele falou literalmente), e que os recentes vexames, contra Bahia e Lusa, foram fora da curva do que a equipe tem apresentado. Mas não são.

Hoje, nem a presença de D'Alessandro impediu mais um fracasso. Mesmo que a Portuguesa venha tendo boas atuações há algum tempo, nada justifica o desempenho pífio do Inter hoje à tarde no Vale (3 mil). A expulsão de Índio (inaceitável para alguém com tanta experiência), claro, colaborou para a derrota, mas quando o jogo estava em 11 contra 11, no primeiro tempo, as melhores chances já eram da Lusa. No segundo, aos poucos, o time paulista foi se dando conta que o bicho não era tão feio. Foi pressionando cada vez mais até chegar ao gol da vitória. E terminou o jogo pressionando, em vez de ser pressionada.

Dunga deu azar em certa medida. Depois do primeiro tempo ruim, sacou Aírton e pôs em campo Scocco, abrindo o time. O cartão vermelho dado a Índio logo aos 3 da etapa final frustrou a tentativa de uma pressão, mas nada explica o técnico não ter recomposto sua equipe, colocando um zagueiro. Alan só entrou aos 27, e no lugar de Caio, que era um homem que poderia puxar um contragolpe em velocidade. O contra-ataque, naquela altura dos acontecimentos, era a única chance, ao lado da bola parada, de o Inter chegar ao gol.

A 5ª posição foi mantida, mas em um campeonato tão equilibrado a colocação tende a ser ilusória. O que importa, neste momento, é a pontuação, e por ela fica claro que o Inter já pertence bem mais ao grupo que vem atrás do que aquele que ele busca à frente. A distância para o G-4 é de cinco pontos. Para o Fluminense, 13º colocado, é de quatro. Já na rodada que vem o time pode descer para o 12º lugar se der tudo errado. A chance não é tão desprezível: o jogo será contra o Cruzeiro, no Vale (onde o Inter mais perdeu que ganhou neste campeonato), e não jogarão Índio e D'Alessandro. Quarta tem Copa do Brasil, e o rival é simplesmente o Atlético-PR, que vem em alta. Dias bem mais difíceis do que o mundo colorido das entrevistas de Luigi tem pintado.

Rio de Janeiro: o Botafogo (2º, 42) vencia o Bahia (10º, 31) e ia diminuindo para cinco pontos a distância até o líder Cruzeiro, mas o Bahia virou no fim do jogo (Obina estava impedido no segundo gol) e frustrou os 26 mil torcedores que foram ao Maracanã. Boa reação do time baiano, que chega à quarta partida invicto na competição.

Curitiba: depois de um período de queda, o Atlético-PR (3º, 41) parece estar retomando os bons momentos. Sob muita chuva, derrotou a Ponte Preta (19º, 19) por 1 a 0 e ultrapassou o Grêmio. A vice-liderança está a um pontinho. Gol do interminável Paulo Baier.

Goiânia: não fosse a reação recente do São Paulo (15º, 27), diríamos que o Tricolor estaria com azar de time rebaixado. Só muita falta de sorte explica o gol sofrido por Rogério Ceni, aos 44 minutos do segundo tempo, que deu ao Goiás (6º, 33) a vitória por 1 a 0 no Serra Dourada (25 mil). Resultado que traz o time de Muricy de volta à realidade. O time vem reagindo, mas é preciso manter a corda esticada para não correr mais nenhum risco.

Santos: boa e esperada vitória do Santos (7º, 32) sobre o Criciúma (17º, 24) por 2 a 1. O time catarinense segue em uma péssima sequência de resultados e firma-se cada vez mais como um dos favoritos ao rebaixamento.

Belo Horizonte: a goleada que prevíamos hoje se encaminhava. O Atlético-MG (8º, 31) fez dois gols rapidinho no Vasco (18º, 24), mas um frangaço de Victor emparelhou o jogo. No fim, 2 a 1 e time carioca cada vez mais incrustado na zona da degola.

Recife: nenhum time no Campeonato Brasileiro perderá cinco pontos para o Náutico (20º, 10). O Flamengo (16º, 27) conseguiu a façanha. Um 0 a 0 péssimo, que explica a situação difícil da equipe carioca na tabela.

Em tempo:
- G-4 bem definido, começa a se encaminhar para ser o definitivo. Há tempos que Cruzeiro, Botafogo, Atlético-PR e Grêmio não saem da zona da Libertadores, e oscilações de seus integrantes à parte (com exceção da Raposa), ninguém de trás vem em arrancada para ingressar ali tão cedo.

- Zona de rebaixamento igualmente tomando proporções mais sólidas com a péssima fase de Criciúma e Vasco. No entanto, São Paulo e especialmente Flamengo não podem bobear. O resto já parece um pouco mais tranquilo, incluindo nesta conta a Portuguesa.

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