O primeiro acesso

A torcida do Juventude deu show nesta Série D, e o jogo de ontem, decisivo, contra o Metropolitano, foi a maior de todas as provas. Levar 20 mil pessoas ao Alfredo Jaconi num dia frio e chuvoso não é para qualquer torcida, e a Papada, contrariando maravilhosamente aqueles que diziam que torcida no interior era só a do Brasil de Pelotas, comprovou sua força, ajudando o time a conquistar o acesso à Série C.

Em um jogo dotado de uma carga de tensão imensa, o Juventude teve maior controle das ações no primeiro tempo, mas era natural que o time de Blumenau viesse para cima no segundo. Após o 2 a 2 da ida, um golzinho já daria a vaga aos catarinenses. Mas o Ju não jogou só pelas semifinais. Jogou por seis anos de sofrimento, primeiros com três rebaixamentos, depois com duas tentativas frustradas de subir. Passou pelo Londrina com cara de quem estava mesmo com a faca nos dentes para subir. Ontem provou isso de uma vez por todas.

Como a própria Papada anda dizendo, este é só o primeiro acesso. O sonho, claro, é voltar à Série A, mas antes é preciso comemorar muito esta conquista. No ano do seu centenário, o Juventude dá um merecido presente à sua torcida, que é a subida no primeiro degrau desta escadaria tão penosa. O patamar do Ju, por sua estrutura, por seu tamanho, pela história que construiu no futebol brasileiro nos últimos 20 anos, é o de mínimo frequentar a Série B e dar suas passeadas pela Série A. Clubes bem menores conseguiram isso nos últimos anos.

É interessante notar também a cumplicidade entre torcida e clube. Talvez nunca na história do clube ela tenha sido tão forte - em vários anos na Série A, a média de público nunca chegou a ser do tamanho da que o clube ostentou na Série D em 2013. A caminhada é dura, mas com a Papada a seu lado o Juventude pode subir os degraus que faltam. Afinal, eles garantem: foi só o primeiro acesso. É bom não duvidar.

Comentários

Zezinho disse…
Foi lindo ver o Jaconi lotado. 20 mil pessoas reunidas pela esperança e pela tensão. O popular 'cu na mão'. Que virou pavor no segundo tempo, com o recuo absurdo do Ju e aquela bola que quase entrou do Edimar.

Mas valeu pelo acesso, pela diminuição do sofrimento, pela volta a um campeonato televisionado, pela volta a um calendário permanente.

Foi o primeiro acesso do futebol do interior gaúcho desde 1994 - justamente com o Ju, mas à época da Série B à Série A.

Tomara que o Caxias suba para a Série B - está na capa da gaita também - e o Ju, em seu primeiro ano, ao menos permaneça na Série C, para subir com maior consistência posteriormente