Por favor, aponte um candidato

Muitos não consideram o Botafogo um candidato ao título brasileiro ou da Copa do Brasil, muito por conta daquele estigma do "tem coisas..." e de a equipe normalmente cair de rendimento na parte final dos campeonatos nos últimos anos. Eu mesmo já acreditei no Fogão em ocasiões recentes e me frustrei. Mas agora é diferente. Afinal, ninguém lidera o Campeonato Brasileiro e começa a Copa do Brasil goleando o campeão da América sem seu principal jogador se não tiver um grande time. E, ao contrário dos últimos anos de decepções, o Botafogo tem inegavelmente o melhor time do país no momento - se não em termos de grupo, tem dentro de campo, que é onde tudo se resolve. Estigmas? O Corinthians e o Atlético já derrubaram tantos nos últimos 12 meses que não cabe mais se guiar por eles.

A parada ontem no Maracanã era duríssima. O Botafogo se via diante do poderoso Atlético Mineiro sem Seedorf pega segunda vez em menos de um mês - no Independência, pelo Brasileiro, o holandês também foi desfalque. Para piorar as coisas, Ronaldinho estava inspirado. Luan e Fernandinho não são nem de longe Bernard e Diego Tardelli, mas a afinação da equipe de Cuca é tamanha que pareciam ser, ao menos no primeiro tempo. Com a intensidade do time que ganhou a América, dominou o começo de jogo e fez 1 a 0 merecidamente, num contragolpe espetacular, com participação genial de Ronaldinho - que, diga-se, está em sua melhor fase técnica desde 2006.

Sem Seedorf, os meias alvinegros pareciam perdidos no primeiro tempo. Lodeiro não conseguia ter a mesma intensidade e liderança técnica do holandês, por motivos óbvios. Mas aí apareceu o outro grande nome do Fogão em 2013, que cresceu ao lado de Seedorf e mostra que pode até substituí-lo em termos de puxar a criação do time se ele estiver fora: Vitinho. Melhor em campo no empate em 3 a 3 com o Inter, o menino criou toda a jogada para Lodeiro mostrar sua inegável qualidade técnica e empatar o jogo com um golaço de pura categoria, encobrindo Victor. O empate animou o time carioca e tornou o jogo eletrizante. Vitinho conduzia o Botafogo à frente, mas os contra-ataques mineiros seguiam perigosos.

Oswaldo de Oliveira, é preciso reconhecer, faz um grande trabalho em General Severiano. Técnico muito contestado (e com justiça) em outros tempos e sabidamente pouco sanguíneo no vestiário, fez seu time voltar com outra postura para o segundo tempo. O gol contra de Leonardo Silva logo aos três minutos ajudou, mas o Botafogo se impôs diante do Galo, tanto que aos 10 já fazia o terceiro, outro golaço, desta vez de Rafael Marques, após linda tabela de Vitinho e Alex. O Fogão adiantou sua marcação, fechou a porta para o contra-ataque, marcou melhor Ronaldinho e compactou seu time. O Atlético, por ser uma grande equipe, não ficou encurralado, mas agora os cariocas se defendiam melhor e atacavam com mais objetividade. Ao Galo, restavam as perigosas bolas paradas de Ronaldinho.

A atuação do time de Oswaldo foi tão boa que o Atlético não jogou mal e mesmo assim foi vencido com relativa naturalidade. O quarto gol, de Vitinho, era justo para aquele que foi o nome da partida, mas um claro exagero no placar: 4 a 1 seria demais, a superioridade alvinegra não foi tanta assim que justificasse uma goleada. Então, Guilherme esfriou um pouco a euforia do Maracanã e descontou. Botafogo 4 x 2 Atlético. Um jogaço, como se previa. E o que é a força do destino: mais uma vez, como na Libertadores, o time de Cuca vai a Belo Horizonte precisando de um 2 a 0 para seguir adiante. Por melhor que esteja o Botafogo, pode conseguir, sem sombra de dúvidas.

Goleada parrillera
Num frio, vento e chuva provavelmente inéditos para quem é do sertão pernambucano, o Internacional venceu o Salgueiro até com mais facilidade do que se imaginava. Tudo porque respeitou muito o time sertanejo. Desde o início o Colorado se impôs o seu ritmo, criou chances, submeteu o adversário à pressão. Poderia ter feito os 3 a 0 finais ainda no primeiro tempo, e não o fez só porque perdeu muitas chances, como no empate com o Atlético Mineiro. Mas, seguindo naquele ritmo, era impossível os gols não saírem no segundo, como saíram, com os platinos D'Alessandro, Scocco e Forlán. Mesmo com longa viagem, mesmo com respeito ao adversário, a classificação para as quartas só não vem por desastre.

É inegável que o Inter melhorou sem Alex. Embora o Salgueiro não seja um grande parâmetro, o time ganha intensidade com Fabrício no meio e segurança com Kleber na lateral. O que Dunga precisará repensar é a colocação de Ygor como lateral direito. Ontem, é verdade, funcionou: sua opção fez Jorge Henrique atuar no meio, e isso colaborou para que o ritmo da meia-cancha fosse tão intenso. Porém, contra um adversário de Série A, Ygor é um protetor de zaga muito mais confiável que Willians, que sai demais e não guarda posição.

Vitórias dos visitantes na Sul-Americana
No clássico argentino da Copa Sul-Americana, deu River: fora de casa, os millonarios venceram o rival San Lorenzo por 1 a 0 e jogam por um empate no Monumental de Nuñez. No duelo brasileiro, o Bahia derrotou a Portuguesa no Canindé por 2 a 1 e encaminhou sua classificação para as oitavas de final.

Liberados
Zé Roberto, Vargas e Adriano foram liberados pelo departamento médico do Grêmio. Devem estar à disposição para o jogo de quarta que vem, contra o Santos. Uma grande notícia. Zé deve assumir a criação no meio, Vargas será ótima opção para abrir a defesa do Peixe no segundo tempo e Adriano, bem... hoje, é reserva.