Faltou só o mero detalhe
Passei a tarde-noite deste domingo vendo futebol, e, em 180 minutos na frente da TV, não vi nenhum gol. No entanto, longe estive de sair frustrado. Tanto Flamengo x São Paulo quanto Internacional x Atlético Mineiro foram dois bons jogos, emocionantes, abertos, disputados, competitivos. Só faltou mesmo a bola na rede, mas como dizia Carlos Alberto Parreira, ela é um mero detalhe. No caso de hoje, de fato foi.
Começando por Novo Hamburgo, tudo o que vinha dando errado no Internacional funcionou contra o Atlético Mineiro. A defesa jogou mais protegida, especialmente por causa dos dois volantes. Ygor desta vez foi um limpa-trilhos eficiente, enquanto Willians marcou bem Ronaldinho o tempo todo, dificultando o abastecimento do ataque do Galo. O problema é que, por outro lado, aquilo que vinha dando certo não funcionou: o ataque perdeu gols demais e fez o Colorado perder dois pontos em casa contra um adversário que atuou por 54 minutos com um homem a menos. Mais um mau resultado, que, somado aos últimos, já conta cinco partidas sem vitórias, embora quatro também sem perder - a chamada "empatite".
O Inter, em geral, funcionou bem. Tinha um adversário duríssimo pela frente, embora, sem Bernard e Diego Tardelli, tenha sido um Galo bem diferente do que o que ganhou a Libertadores. O primeiro tempo foi equilibrado, até com o time mineiro tomando mais a iniciativa em determinados momentos. Fernandinho, estreante da noite, dava muito trabalho ao improvisado Jorge Henrique, e parecia ser uma saída forte para o Atlético tentar a vitória. Aí, veio sua tola expulsão, por agressão ao lateral colorado. Tal como Cris ontem, um estreante do rival facilitou a vida do time gaúcho.
Esta nuance de ter superioridade numérica na maior parte do jogo deixa o resultado ainda mais amargo para o Inter. O time de Dunga acabou tomando a iniciativa quase sempre no segundo tempo, com D'Alessandro distribuindo bem as jogadas, mas perdia muitos gols, ao contrário dos últimos jogos. Basicamente quatro jogadores pararam o Internacional hoje: Victor, com ao menos três grandes defesas; Réver, soberano no jogo aéreo; Leonardo Silva, o melhor em campo, perfeito em todos os aspectos; e Ronaldinho, mestre em segurar o jogo mais à frente, mesmo bem marcado. Tanto que o Colorado teve o domínio do segundo tempo, mas pressão, mesmo, só quando o camisa 10 saiu, lesionado. O Galo parou de reter a bola na frente e ela passou a rondar a área o tempo todo. Se houvesse mais cinco minutos de jogo, provavelmente os gaúchos teriam vencido.
Em Brasília, Flamengo e São Paulo fizeram outro 0 a 0 cheio de emoções. O Tricolor Paulista foi superior na maior parte do jogo, ocupando o meio-campo e marcando o time de Mano Menezes com muito vigor, mas faltou qualidade. O São Paulo esteve mais perto da vitória de fato, mas a fase é realmente ruim. Quando Lucas Evangelista sofreu pênalti no finzinho, Jadson perdeu a cobrança, jogando nas mãos de Felipe. O resultado é ruim para o rubro-negro, que deixa de ganhar em casa de um time que todos têm vencido, mas principalmente para os paulistas, que apesar da boa atuação seguem marcando passo, ainda mais diante da circunstância de terem perdido um pênalti aos 42 do segundo tempo.
O domingo cheio de placares em branco (Bahia e Santos também não saíram do zero) evidencia o equilíbrio do Campeonato Brasileiro. A diferença do líder para o 4º colocado é de 4 pontos. Do 3º para o 8º, de apenas 3. O Inter, por exemplo, não terá moleza diante do Goiás, na semana que vem. Com a vitória sobre a Ponte Preta, em Campinas, o time esmeraldino já vai a 21 pontos, e está na 9ª colocação, ultrapassando o Bahia. Logo atrás há Flamengo, Vasco e Fluminense, que com uma vitória já chegam no bolo também. Nunca vimos nada tão parelho. Imaginem o returno.
O "errinho" que faz a diferença
Danilo não sofreu pênalti, seja no Brasil, na Argentina, na Europa, na Ásia ou em Madagascar. A entrada de Luccas Claro no meia corintiano foi absolutamente normal, mas a marcação equivocada de Péricles Cortez deu ao Corinthians uma vitória injusta no Pacaembu, em um jogo no qual o Coritiba fez por merecer sair com um pontinho. Se alguém sofreu falta no lance foi o zagueiro, não o meia. O gol põe o Timão no G-4 e tira dele o Coxa, alterando completamente o panorama da ponta de cima. Seja como for, duas coisas são claras: o time paranaense vem em queda (são três partidas seguidas sem vitória, já sendo ultrapassado pelo rival Atlético) e o time paulista segue tendo uma defesa espetacular, com apenas 6 gols sofridos em 15 jogos.
As bobagens
Jogar bola na torcida adversária é uma barbaridade, e não há cabeça quente que justifique a bobagem que fez Victor, merecidamente expulso pela arbitragem após o término do jogo em Novo Hamburgo - e deveria pegar um gancho pesado por isso. Outra coisa que não dá pra entender, mas aí no jogo de Brasília, é a compulsão de Aloísio por meter a mão na bola. Estragou um gol de Ganso contra a Portuguesa, quase fez o mesmo contra o Atlético Paranaense e hoje fez de braço um gol bem anulado pela arbitragem. Talvez por isso tenha terminado o jogo com o braço imobilizado. O excesso de competitividade às vezes é irmão da burrice.
Imperdível
Que grande campanha faz o Atlético Paranaense, equipe a qual tanto duvidei no começo deste campeonato. Com os 2 a 1 sobre o Criciúma, o Furacão já emenda oito jogos sem perder - a última vez foi no Atle-Tiba. Com 24 pontos, está a um pontinho do Grêmio, 3º colocado, além de ter deixado o rival Coritiba para trás.
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