E se melhorar? Estraga?



A volta de Zé Roberto ao Grêmio é um acréscimo imprescindível sob todos os aspectos: físico, técnico, de liderança, de característica. Mas, embora ele seja um craque, e obviamente titularíssimo, vai doer para Renato mexer na estrutura tática do Tricolor. Ontem, o que se viu foi um time absolutamente organizado, redondinho, que venceu o Flamengo com total justiça no Mané Garrincha - e foi só 1 a 0 porque, novamente, a equipe perdeu alguns gols imperdíveis, que felizmente desta vez não fizeram falta.

Assim como diante do Vasco, o gol cedo facilitou as coisas, porque segurar a vantagem é o que este Grêmio do 3-5-2 falsamente retrancado melhor tem feito. Um golaço, aliás: cobrança de falta precisa de Pará, fazendo justiça a um dos melhores jogadores em campo em Brasília. O Flamengo, era previsível antes mesmo de a bola rolar, erraria bastante, por ser um time limitado e que precisaria da vitória, e jogar no erro alheio é justamente a principal tática do Grêmio fora de casa. Com desvantagem no placar, então, o Rubro-Negro, errou ainda mais. Foi uma de suas piores partidas neste Brasileiro.

Mesmo sem meias de origem, o Grêmio sempre foi muito mais perigoso. Chegava à frente com muitos jogadores: Riveros e Ramiro subiam coordenadamente, sem deixar a defesa exposta; Pará e Alex Telles somavam-se a Kleber e Barcos na marcação da saída de jogo carioca, e eram agudos no apoio. O time gaúcho foi sempre mais marcador e, ao mesmo tempo, mais insinuante. Parecia ter 14 ou 15 jogadores em campo, pois sempre estava em superioridade numérica nas situações do jogo, seja no ataque ou na defesa. Tudo porque tem um posicionamento bem organizado, joga compactado e conta com a dedicação de seus 11 atletas dentro do campo de jogo.

Precisando buscar a virada para voltar aos bons resultados, o Flamengo sequer passou perto do empate. Elias fez muita falta, é verdade. O time sem ele fica lento e previsível. Val abusou dos erros de passe, Cáceres fez má partida, André Santos mostrou muita lentidão. Para piorar, Mano Menezes errou em sua escalação inicial, deixando no banco nomes como o oportunista Hernane, o veloz Nixon e o habilidoso Adryan. Todos os três entraram no segundo tempo, mas ainda assim se mostraram insuficientes para mudar o panorama da partida, sempre favorável ao Tricolor Gaúcho.

Além dos erros de passe, o principal pecado do Grêmio desta vez foi o mesmo da Vila Belmiro: gols perdidos. Só Barcos perdeu dois que um centroavante de alto nível não pode desperdiçar. Contra o Santos, está provado, a derrota foi realmente um acidente de percurso, já que o time também controlou o jogo, mas não converteu as chances que teve. Mas ontem, não fosse o golaço de Pará, a história poderia ser semelhante.

Ainda assim, é impossível não elogiar: o Grêmio fez uma partida segura, sólida, foi superior o tempo todo e mereceu a vitória. Ganhou três seguidas no Brasileiro fora de casa, emenda a quarta vitória consecutiva na competição e agora terá uma tabela favorável, com Ponte Preta, Goiás, Portuguesa e Náutico em sequência. Voltará para Porto Alegre com 6 pontos obtidos fora de casa nos dois jogos que disputou, contra Vasco e Flamengo, um saldo que nem o torcedor mais otimista previa. Ainda por cima, terá voltas importantes à equipe para as próximas rodadas. Renato pode até puxar a orelha de Koff de novo se quiser, mas que o Grêmio está entrando de fato na briga pelo título, ah, está. A tabela e o desempenho do time é que dizem.

Cruzeiro assume a ponta
Cruzeiro e Botafogo brigam rodada a rodada pela liderança. Com a ótima vitória por 2 a 0 sobre a Ponte no Moisés Lucarelli, a Raposa assume a ponta, com 31 pontos, ao menos até o Botafogo (29) visitar hoje o Atlético Paranaense. O Grêmio, com 28, vem logo atrás.

O gás acabou
Vitória e Coritiba, que tão bem começaram o Brasileiro, vão ficando para trás. O time baiano levou 2 a 0 do Santos e estacionou nos 22 pontos. Pode cair para 11º neste domingo. Já o Coxa, novamente sem Alex, perdeu pela quarta vez em 6 jogos: 2 a 1 para o Criciúma, que sai da zona de rebaixamento.

Noite para vencer
O Inter vai com um esquema ofensivo para encarar o Goiás. Sem Willians, Jorge Henrique e Fabrício farão os vértices do losango do meio. Ednei volta à lateral e só Ygor ficará postado à frente da zaga. Seja como for, é preciso interromper a série de cinco jogos sem vitórias no Brasileiro. Com 22 pontos, o Colorado está apenas um à frente do próprio Goiás. Marcando passo novamente, verá os líderes cada vez mais de longe.

Tarde para classificar
Não perdendo para o Penapolense em casa, o Juventude chegará aos mata-matas da Série D. Longe está de ser tarefa impossível, mas é um jogo que requer cuidados. O arquirrival Caxias, por sinal, marcou passo de novo na Série C: levou 2 a 1 em casa do Betim e pode sair, neste domingo, da zona de classificação.

Sete velinhas
Hoje o Carta na Manga completa sete anos. Um brinde a todos vocês, que seguem nos acompanhando desde 25 de agosto de 2006!

Comentários

Chico disse…
Parabéns pelo aniversário do blog.

O que aconteceu com o flamerda? Não tinha time suficiente pra ganhar dos uruguayos do norte?

TODOS os cariocos pereceram perante o Tricolor Celeste!
Igor Natusch disse…
De fato, encaixar Zé Roberto nesse time virou um doce problema para Renato. Ainda assim, acho que ele não sobra nesse time - mesmo porque a capacidade de marcação e a força física dele fazem com que seu ajuste nesse esquema seja algo bastante tranquilo, em teoria. E esse esquema que venceu frouxo o Flamengo perdeu para o Santos na Vila, convém lembrar. ACHO que quem sobrará é o Ramiro, mas veremos. O fato é que o Grêmio está jogando bem, sem dúvida alguma.
Vicente Fonseca disse…
Valeu, Chico! Obrigado pela audiência desde sempre.

Igor, também acho que quem sobra é o Ramiro. Uma pena, pois vem jogando muito. Ontem, embora tenha errado alguns passes, esteve presente em todos os lados do campo. Jogador muito interessante.
Lique disse…
parabéns!

por sinal, o moreno abraçou o andré santos logo depois deles terem permitido o gol do gremio? bizarro.