É cedo, Vitinho

A saída repentina de Vitinho é um duro golpe para o Botafogo em sua caminhada na busca pelo título brasileiro e da Copa do Brasil. Aos 19 anos, o menino era a companhia perfeita para Seedorf - e assumia o comando do time quando ele não pode estar em campo, como nos 4 a 2 sobre o Atlético Mineiro, quando teve atuação espetacular. Atuava como meia a seu lado, mas, como é atacante de origem, tinha característica mais aguda. O toque mais clássico do holandês combinava com a audácia do ainda adolescente jogador, que sai por R$ 32 milhões, sua multa rescisória, para ganhar fortunas no CSKA Moscou.

É impossível condenar o jogador por querer ficar rico, ainda mais nessa idade, mas Vitinho poderia ter escolhido outro caminho, que seria melhor para o Botafogo e provavelmente para ele. No nível que vinha jogando, poderia sair no fim do ano por valor ainda maior, inclusive com chances de ser lembrado por Luiz Felipe para compor a seleção brasileira na Copa de 2014. Ele não chega perto do nível de Neymar, claro, mas poderia ter seguido um roteiro semelhante: ficar mais tempo no Brasil, ganhar títulos em seu clube e sair mais maduro e mais valorizado. Ao contrário, preferiu sair cedo, para a longínqua Rússia, ainda muito novo, com só 6 meses de alto nível no futebol brasileiro, e tendo de enfrentar um duro inverno nos próximos meses. Alguns dão certo, mas muitos não resistem a este roteiro. E a grande maioria some dos holofotes.

Em condição financeira não tão boa quanto alguns outros clubes, com constantes atrasos de salários, o Botafogo ofereceu um salário dentro de sua realidade, mas o jogador quis se transferir na primeira grande proposta que surgiu, o que é um direito seu. O complicado é repor esta perda. O dinheiro, claro, é bom: ajuda a sanar as finanças do clube em curto prazo e pode servir para alguma contratação interessante. Porém, o fechamento da janela diminui as opções. Fora que dificilmente um jogador chega e joga de cara o que o jogador anterior vinha realizando. Normalmente, é contratação para o ano seguinte.

Sem Vitinho, Oswaldo de Oliveira vai ter que rearranjar inclusive o esquema de sua equipe. No time atual, nenhum atacante parece ter a capacidade de sair de trás, como meia, e fazer a dupla função que Vitinho fazia. Bruno Mendes é bom concluidor, Henrique é de mais posicionamento. Talvez Alex saiba desempenhar, pois tem bom tabelamento, mas é bem mais jogador de área que Vitinho. Com mais um meia na equipe, o time ganharia toque de bola, mas perderia o poder de penetração. É um quebra-cabeças, mas Oswaldo conhece o elenco e vem realizando um ótimo trabalho. Não há ninguém mais indicado que ele para solucionar esta situação. Mas não será nada fácil.

Tendência de mesmo time
Zé Roberto já treina com bola, mas a tendência aponta que o Grêmio vai enfrentar o Santos com o mesmo time que vem fazendo bonito fora de casa, sem meias. Estou tão cético quanto curioso a respeito disso: é uma formação talhada para atuar longe da Arena, mas vejo dificuldades em um time como esse atuar precisando fazer 2 a 0 jogando em Porto Alegre contra um adversário que certamente virá fechado. O Grêmio goleou o Bahia e por pouco não venceu Vasco e Flamengo por dois gols de diferença, mas nunca atuou propondo o jogo, exercendo pressão, tendo volume ou posse de bola, mas sempre jogando no erro do rival. Como o Peixe não vai se expor em terras gaúchas, fica difícil vislumbrar um jogo parecido com os últimos. A menos que Renato tire mais um coelho da cartola.

Decisões na Sul-Americana
Quatro equipes brasileiras entram em campo na Copa Sul-Americana tentando reverter, no torneio continental, o momento ruim que vivem no Brasileirão. No Couto Pereira, Coritiba e Vitória, dois times que começaram bem o certame nacional, mas vêm em decadência nas últimas rodadas. O time baiano ganhou na ida por 1 a 0, e está mais perto das oitavas. Em Campinas, a Ponte Preta tenta confirmar os 2 a 1 que fez no Heriberto Hülse diante do Criciúma.

Jura?
Um dos torcedores corintianos envolvidos na briga do Mané Garrincha foi também um dos que ficou cinco meses preso em Oruro. Detalhe: o ingresso mais barato para Vasco x Corinthians era de R$ 160. Preço não seleciona índole. O que falta é competência (e/ou vontade) para banir do futebol quem realmente deve ser banido.

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