Copa Conmebol, o retorno
Nada contra Sport, Náutico e outros sete times brasileiros que jogarão a Copa Sul-Americana deste ano. É maravilhoso para Pernambuco ter um clássico em uma competição continental, e é uma oportunidade a estes clubes, que raramente chegam num patamar sul-americano, de poderem disputar o torneio deste ano. No entanto, é visível o declínio técnico dos representantes brasileiros na competição de 2013. Tudo fruto de um regulamento esdrúxulo de classificação proposto pela CBF, que premia quem vai mal na Copa do Brasil, levando ao torneio equipes fracas (por terem sido eliminadas por clubes pequenos) ou que fizeram corpo mole no torneio nacional só para jogar o continental.
Tudo isso já foi muito discutido neste ano, especialmente após as eliminações precoces de Náutico, Coritiba, Bahia, Portuguesa e Ponte Preta do torneio, equipes notavelmente superiores a CRAC, Nacional-AM, Luverdense e Naviraiense, mas sucumbiram, seja por irem mal ou por entenderem que é mais fácil ganhar a Sul-Americana do que a Copa do Brasil, sendo que o prêmio dos dois torneios é o mesmo: uma vaga na Libertadores. E eles estão certos nesta avaliação: a Copa do Brasil está mesmo bem mais difícil. Não dá para culpar só os clubes, mas sim quem propôs este regulamento, que só desvaloriza a Sul-Americana, torneio que começava, nos últimos anos, a cair no gosto dos torcedores brasileiros, entre outros motivos porque todos conheciam seus critérios de classificação, que premiavam sempre quem tinha méritos, e não deméritos.
A situação lembra muito a da Copa Conmebol, competição que era o patinho feio dos torneios sul-americanos nos anos 90. A ideia da Confederação Sul-Americana era criar uma Copa da UEFA da América do Sul. Os critérios eram claros, de início: do Brasil, se classificavam o vice-campeão, o 3º e o 4º colocados do Brasileiro e o vice-campeão da Copa do Brasil. Em 1992, jogaram Bragantino, Fluminense, Atlético Mineiro e Grêmio. O Galo foi o campeão, derrotando (vejam só!) o Olímpia na finalíssima. A ideia era ótima. Vejam: em 2013, teríamos classificados os três primeiros clubes brasileiros do campeonato nacional de 2012 que não jogaram a Libertadores (Vasco, Botafogo e Santos), além do vice da Copa do Brasil (Coritiba).
No entanto, o torneio, na prática, não funcionou. Naquela época, havia outra competição continental que corria em paralelo com a Conmebol no segundo semestre, a Supercopa, que reunia os campeões da Libertadores em mata-mata. Era uma competição que não premiava o momento (o Grêmio, na Série B, disputou normalmente em 1991 e 1992), mas era muito mais atraente e charmosa, pois tinha camisas pesadas, e confrontos interessantíssimos em todas as fases. Em 1994, o São Paulo disputou as duas junto do Brasileirão, mas, por motivos de calendário (ainda havia a Recopa), colocou um time de juniores para jogar a Conmebol. E foi campeão mesmo assim, revelando Denílson para o mundo. Mas também deixando claro que o nível do torneio era baixo.
A partir de 1996, o Brasil começou a deteriorar seus critérios de classificação para a Copa Conmebol, iniciando a decadência da competição. Já não iam mais o vice e o 3º colocado do Brasileirão, mas o 4º, o 5º e o 6º lugares do ano anterior. Em 1997, o golpe final: os torneios regionais, sub-valorizados pela maioria dos clubes que os disputavam, começaram a classificar clubes para o torneio. Assim, Rio Branco-AC e Vitória disputaram o torneio daquele ano. Em 1999, na sua última edição, o Brasil mandou à Conmebol CSA (QUARTO colocado na Copa do Nordeste), Paraná (vice da Copa Sul), São Raimundo-AM (campeão da Copa Norte) e Vila Nova (vice da Centro-Oeste). A final reuniu CSA e Talleres, clube que herdou vaga do Gimnasia La Plata, que se recusou a disputar o torneio, e acabou campeão. Era a pá de cal.
O que a CBF faz ao desqualificar os critérios de classificação para a Sul-Americana deste ano é iniciar a desvalorização desta competição, que pode ocasionar o seu fim dentro de alguns anos. Para 2014, o campeão da Copa do Nordeste já deverá ter vaga assegurada no torneio. Nada contra o Campinense jogar um torneio internacional, pelo contrário - mas é óbvio que o interesse pelo torneio em termos nacionais diminui, o que diminui o volume de patrocínio e, consequentemente, começa a inviabilizar a Sul-Americana financeiramente. E é óbvio que a CBF não faz isso para que os times do Nordeste joguem uma competição continental, mas sim os usa para desqualificar a mesma. O processo é muito similar ao da Copa Conmebol: inicia por desvalorizar os representantes via Brasileirão para depois incluir equipes de torneios regionais. Uma pena.
Como seria?
Se os critérios de classificação fossem mantidos iguais aos dois últimos anos, com oito equipes se classificando pela tabela do Brasileirão do ano anterior, teríamos nesta Sul-Americana Vasco, Botafogo, Santos, Cruzeiro, Internacional, Flamengo, Náutico (viram como o Timbu pode chegar lá sem regulamentos estúpidos?) e Coritiba. Tirando os dois últimos, os demais estão na Copa do Brasil, que agora corre até novembro. Como se resolve isso? Só alongando todos os torneios - Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana - de março a novembro. Assim, evitaríamos jogos de pré-Libertadores em janeiro, interrompendo pré-temporadas. E diminuindo no calendário o espaço dos estad... bem, vocês sabem, né?
Um bom efeito colateral
Um lado bom nessa esquizofrenia classificatória é que alguns clubes menores, de praças mais distantes, devem conseguir chegar com mais frequência às fases decisivas da Copa do Brasil. Pode reduzir tecnicamente o nível das oitavas de final do torneio, mas é inegável que a visita do Vasco a Manaus para enfrentar o Nacional é algo esplêndido para os amazonenses. É hoje, às 21:50.
Tudo isso já foi muito discutido neste ano, especialmente após as eliminações precoces de Náutico, Coritiba, Bahia, Portuguesa e Ponte Preta do torneio, equipes notavelmente superiores a CRAC, Nacional-AM, Luverdense e Naviraiense, mas sucumbiram, seja por irem mal ou por entenderem que é mais fácil ganhar a Sul-Americana do que a Copa do Brasil, sendo que o prêmio dos dois torneios é o mesmo: uma vaga na Libertadores. E eles estão certos nesta avaliação: a Copa do Brasil está mesmo bem mais difícil. Não dá para culpar só os clubes, mas sim quem propôs este regulamento, que só desvaloriza a Sul-Americana, torneio que começava, nos últimos anos, a cair no gosto dos torcedores brasileiros, entre outros motivos porque todos conheciam seus critérios de classificação, que premiavam sempre quem tinha méritos, e não deméritos.
A situação lembra muito a da Copa Conmebol, competição que era o patinho feio dos torneios sul-americanos nos anos 90. A ideia da Confederação Sul-Americana era criar uma Copa da UEFA da América do Sul. Os critérios eram claros, de início: do Brasil, se classificavam o vice-campeão, o 3º e o 4º colocados do Brasileiro e o vice-campeão da Copa do Brasil. Em 1992, jogaram Bragantino, Fluminense, Atlético Mineiro e Grêmio. O Galo foi o campeão, derrotando (vejam só!) o Olímpia na finalíssima. A ideia era ótima. Vejam: em 2013, teríamos classificados os três primeiros clubes brasileiros do campeonato nacional de 2012 que não jogaram a Libertadores (Vasco, Botafogo e Santos), além do vice da Copa do Brasil (Coritiba).
No entanto, o torneio, na prática, não funcionou. Naquela época, havia outra competição continental que corria em paralelo com a Conmebol no segundo semestre, a Supercopa, que reunia os campeões da Libertadores em mata-mata. Era uma competição que não premiava o momento (o Grêmio, na Série B, disputou normalmente em 1991 e 1992), mas era muito mais atraente e charmosa, pois tinha camisas pesadas, e confrontos interessantíssimos em todas as fases. Em 1994, o São Paulo disputou as duas junto do Brasileirão, mas, por motivos de calendário (ainda havia a Recopa), colocou um time de juniores para jogar a Conmebol. E foi campeão mesmo assim, revelando Denílson para o mundo. Mas também deixando claro que o nível do torneio era baixo.
A partir de 1996, o Brasil começou a deteriorar seus critérios de classificação para a Copa Conmebol, iniciando a decadência da competição. Já não iam mais o vice e o 3º colocado do Brasileirão, mas o 4º, o 5º e o 6º lugares do ano anterior. Em 1997, o golpe final: os torneios regionais, sub-valorizados pela maioria dos clubes que os disputavam, começaram a classificar clubes para o torneio. Assim, Rio Branco-AC e Vitória disputaram o torneio daquele ano. Em 1999, na sua última edição, o Brasil mandou à Conmebol CSA (QUARTO colocado na Copa do Nordeste), Paraná (vice da Copa Sul), São Raimundo-AM (campeão da Copa Norte) e Vila Nova (vice da Centro-Oeste). A final reuniu CSA e Talleres, clube que herdou vaga do Gimnasia La Plata, que se recusou a disputar o torneio, e acabou campeão. Era a pá de cal.
O que a CBF faz ao desqualificar os critérios de classificação para a Sul-Americana deste ano é iniciar a desvalorização desta competição, que pode ocasionar o seu fim dentro de alguns anos. Para 2014, o campeão da Copa do Nordeste já deverá ter vaga assegurada no torneio. Nada contra o Campinense jogar um torneio internacional, pelo contrário - mas é óbvio que o interesse pelo torneio em termos nacionais diminui, o que diminui o volume de patrocínio e, consequentemente, começa a inviabilizar a Sul-Americana financeiramente. E é óbvio que a CBF não faz isso para que os times do Nordeste joguem uma competição continental, mas sim os usa para desqualificar a mesma. O processo é muito similar ao da Copa Conmebol: inicia por desvalorizar os representantes via Brasileirão para depois incluir equipes de torneios regionais. Uma pena.
Como seria?
Se os critérios de classificação fossem mantidos iguais aos dois últimos anos, com oito equipes se classificando pela tabela do Brasileirão do ano anterior, teríamos nesta Sul-Americana Vasco, Botafogo, Santos, Cruzeiro, Internacional, Flamengo, Náutico (viram como o Timbu pode chegar lá sem regulamentos estúpidos?) e Coritiba. Tirando os dois últimos, os demais estão na Copa do Brasil, que agora corre até novembro. Como se resolve isso? Só alongando todos os torneios - Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana - de março a novembro. Assim, evitaríamos jogos de pré-Libertadores em janeiro, interrompendo pré-temporadas. E diminuindo no calendário o espaço dos estad... bem, vocês sabem, né?
Um bom efeito colateral
Um lado bom nessa esquizofrenia classificatória é que alguns clubes menores, de praças mais distantes, devem conseguir chegar com mais frequência às fases decisivas da Copa do Brasil. Pode reduzir tecnicamente o nível das oitavas de final do torneio, mas é inegável que a visita do Vasco a Manaus para enfrentar o Nacional é algo esplêndido para os amazonenses. É hoje, às 21:50.
Comentários
Foi na verdade uma manobra da Globo para esvaziar a Sulamericana e, consequentemente, prejudicar a Fox Sports. Faz sentido?
Acho mais possível o seguinte: o objetivo é valorizar a Copa do Brasil e ter grandes confrontos nas quartas à noite no segundo semestre entre grandes clubes brasileiros, que dão mais audiência que um São Paulo x Tigre, por exemplo. E, para ter esses confrontos, só desvalorizando a Sul-Americana, já que não dá para jogar tudo ao mesmo tempo.
Acho excelente a Copa do Brasil ser valorizada, e tá muito legal esse ano, com mata-mata e pontos corridos juntos até o fim do ano. Só não precisava ser a este custo, mas aí teríamos que repensar todo o calendário, algo que já falei centenas de vezes por aqui.
Como competições consideradas subalternas são, de certa forma, irrelevantes, quando jogadas contra os vizinhos são ainda menos valorizadas.
*CATUAMA É UM COMPOSTO FORMADO POR GEMADA, OVO DE CODORNA, CATUABA E GENGIBRE, É UM PODEROSO TONICO QUE AJUDA NOS MELHORES MOMENTOS! COMPRE CATUAMA! QUEM AMA, TOMA CATUAMA!*
Pronto, fim do momento nostálgico.
(aguardando novo momento nostálgico)