A mesma história de sempre



O Internacional segue produzindo muitas situações de gol, segue fazendo muito gols, segue reagindo espetacularmente quando fica em desvantagem no placar. Mas também segue levando gols demais, segue empatando, segue marcando passo em casa, segue deixando de pontuar contra equipes médias e só reage, convenhamos, porque segue precisando reagir, já que em quase todos os jogos fica, em algum momento, atrás no placar.

Essa inércia, essa repetição incansável de roteiros, não está levando o Inter a lugar algum dentro do Campeonato Brasileiro. Já são cinco empates seguidos e seis jogos sem vitórias. O G-4, mesmo com um jogo a menos, já não está mais ao alcance. Da briga pela liderança o time de Dunga já saiu há algum tempo. Tem chances de voltar, claro, mas passar um mês só empatando não facilita em nada a tarefa. Para voltar às vitórias, precisa primeiro parar de tomar gols, no plural (em nove dos 16 jogos no Brasileiro a equipe levou mais de um, e em quatro partidas já sofreu três).

Dunga armou um esquema ofensivo para vencer o Goiás. Só Ygor de volante, com Jorge Henrique e Fabrício na segunda linha do meio. A zaga, que com dois volantes já estava desprotegida, com apenas um ficou escancarada. Todos os gols do time esmeraldino surgiram de um excessivo espaço concedido pelo Inter ou por falhas individuais. No primeiro, Walter teve tempo para pensar e achar Renan Oliveira ingressando livre na área. No segundo, Renan Oliveira ganhou pelo alto, Ramon pegou o rebote e William Matheus entrou sozinho para fazer. O terceiro foi novo erro em jogada aérea.

A capacidade de reação segue sendo impressionante, até melhor que o ataque em si. No jogo "normal", sem as oscilações de placar dos últimos 20 minutos, o Inter era pouco objetivo. Fez um bom primeiro tempo, no qual Forlán não marcou gol por detalhe (fez no segundo tempo, incorretamente anulado), mas não teve imaginação no segundo. Quando o Goiás virou o jogo, controlava o Colorado. O lance que definitivamente abriu o caminho da reação foi o gol contra de Dudu Cearense (como sempre, mediano, incrível como chegou à seleção brasileira), uma ducha fria no time de Enderson Moreira, que recém havia chegado ao 3 a 1.

As nuances de cada jogo variam, mas a história é sempre a mesma, e está no primeiro parágrafo deste texto. O resultado deste domingo não é bom, e nem mesmo as circunstâncias o deixam mais doce. Quem já perdeu pontos demais nos últimos jogos não podia se dar ao luxo de desperdiçar mais dois em casa contra o Goiás. A conta está sendo paga rodada a rodada, com uma paulatina queda de posição na tabela. Ao menos até que o Inter ajeite esse sistema defensivo (e ele inclui o time todo, não só os zagueiros), algo que todos nós esperávamos que Dunga fosse conseguir em fevereiro ou março, não em setembro ou outubro.

Custa aprender a lição?
Após o jogo, de cabeça quente, D'Alessandro disse que o Inter não atuará como equipes que só se defendem e ficam dando balão, em alusão ao Grêmio, como se o time de Renato se resumisse a isso. Provocação gratuita e que mostra total incompreensão dos problemas colorados: como capitão, ele deveria ter a humildade de reconhecer que a principal virtude gremista, que é iniciar a marcação pelos meias e atacantes para facilitar o trabalho da zaga, é o que o Inter mais urgentemente precisa aplicar para voltar a obter bons resultados. Rivalidade à parte, claro.

A volta das vitórias
O São Paulo mereceu ganhar do Fluminense. Contou com o apoio de 55 mil pessoas no Morumbi, aproveitou que o Tricolor Carioca também não vive boa fase e fez um 2 a 1 mais tranquilo do que a diferença mínima supõe. Destaque para o belo passe de Ganso no gol de Luís Fabiano. Pela primeira vez, o ex-santista faz a diferença quando a equipe precisa dele. Mesmo assim, nem uma vitória no próximo jogo (que é fora e contra o líder Botafogo) tira o São Paulo da zona de rebaixamento. Os três pontos sempre ajudam, mas a situação ainda é muito grave.

A tabela ajuda a quem se ajuda
Mais uma rodada que acabou sendo boa para o Grêmio, muito porque ele próprio se ajudou. Hoje, dois resultados em especial foram ótimos: a derrota do Botafogo para o Atlético Paranaense, por 2 a 0, e o empate do Corinthians com o Vasco, em 1 a 1. Em Curitiba, a diminuição da diferença para o líder Fogão (agora de um ponto) - o Atlético segue encostado, mas o adversário, neste caso, será lá adiante o Botafogo mesmo, não o Furacão. Em Brasília, o Timão marca passo. A exemplo do Inter, é quem mais empatou no Brasileiro: oito vezes (quase tudo em 0 a 0, não em 3 a 3, mas enfim).

Papo nos mata-matas
O Juventude sofreu, mas confirmou a vaga às oitavas de final da Série D: 1 a 0 no Penapolense, num Alfredo Jaconi encharcado. Agora, a parada é duríssima: o Londrina, talvez o melhor time da Região Sul no torneio. A briga começa domingo que vem.

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