Campeão em farrapos e o salvador de sempre
Se Zé Roberto vem se mostrando interminável no Grêmio, Juninho, 38 anos, já é o dono do Vasco. Não apenas por ter aberto o placar com um golaço, mas por tudo o que ele representa para a equipe, mesmo tendo apenas reestreado hoje. Juninho dá o ritmo, cadencia, lança, chuta, bate faltas, escanteios, é o carimbador e pensador da equipe. Faz tudo no Vasco. E hoje foi capaz de tornar os jogadores fracos em médios, os médios em bons, e os bons em ótimos.
O Fluminense tinha uma equipe inegavelmente superior em termos técnicos, mas esfacelada psicologicamente. A expulsão de Fred logo após o gol de Juninho complicava demais a missão, mas como o Tricolor era melhor ainda teve chances de empatar no primeiro tempo, mesmo sem jogar bem. Deco e Wagner, completamente nulos na criação, dificultavam muito a vida de Rafael Sobis, que já não tinha Fred a ajudá-lo. Dois chutes de fora da área de Edinho foram as melhores chegadas do Tricolor. O Vasco, tendo consciência de suas fragilidades, não aproveitava a superioridade numérica. Fechou-se atrás na ideia de contragolpear, mas só conseguiu uma chegada perigosa após a abertura do placar.
O segundo tempo começou com o golaço de André, o bom jogador que virou ótimo na etapa final, muito mais participativo. Passe genial de Juninho, cabe salientar. Carlinhos descontou aos 10, de cabeça, como contra o Inter, um prêmio merecido a um dos poucos jogadores do Flu que se salvaram. Na base da empolgação, sem articular jogadas, o Flu veio para cima, liderado por um Rafael Sobis inspirado, que chamou a responsabilidade como Deco, Wagner e Fred não fizeram em momento algum.
O Vasco sofreu sustos, via uma vitória quase certa se complicar, mas aos poucos se reorganizou. Quando Digão foi expulso, aos 29, minando de vez qualquer chance do Flu, o time de São Januário já era superior. Nos minutos finais, Tenório fez o terceiro e, se não fosse Cavalieri, a goleada teria se consumado. Um resultado que não serve para enganar os vascaínos: o time é limitado, o elenco também, e brigar na parte de cima da tabela ainda é delírio. No entanto, é possível pensar em fazer um Brasileirão decente, de posição intermediária, a partir da chegada triunfal de Juninho. O time ganha qualidade, experiência e tranquilidade em seu meio-campo. É um Vasco muito mais consistente, e provou isso hoje, aproveitando-se do momento ruim do rival para vencer com justiça e autoridade.
Quanto ao Flu, Abel deve deixar o comando e o ciclo precisa ser reiniciado. Uma equipe que dependa menos de Deco e Wagner, que reveja a pesada dupla Gum-Digão, que tenha em Jean, Sobis, Carlinhos e Rhayner uma espécie de espinha dorsal, e onde Fred reabilite aquela fome de gols que parece ter sido saciada na Copa das Confederações. Ou o Brasileirão do atual campeão nacional será um grande fiasco.
Em tempo:
- Os melhores públicos deste Brasileirão têm ocorrido nas novas arenas, o que é uma ótima notícia, já que se temia que tivéssemos estádios vazios devido aos ingressos caros. Hoje, 47 mil foram ao Maracanã. Uma pena que o público se concentre basicamente atrás das goleiras. Quando os dirigentes de clubes e consórcios se derem conta da obscenidade dos valores de algumas entradas mais centrais, teremos estádios ainda mais cheios e bonitos.
- Fred e Digão não enfrentam o Grêmio na Arena, domingo que vem.
FICHA TÉCNICA
Campeonato Brasileiro 2013 - 8ª rodada
FLUMINENSE 1 x VASCO 3
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público: 46.860
Renda: R$ 1.554.510,00
Gols: Juninho 16 do 1º; André 33 segundos, Carlinhos 10 e Tenório 37 do 2º
Cartão amarelo: Rafael Sobis, Juninho, Henrique, Jomar e Wendel
Expulsão: Fred 24 do 1º; Digão 29 do 2º
FLUMINENSE: Diego Cavalieri (6,5), Bruno (5) (Wellington Silva, 40 do 2º - sem nota), Gum (4), Digão (3) e Carlinhos (6); Edinho (4,5) (Marcos Júnior, 22 do 2º - 4,5), Jean (5), Deco (4) (Rhayner, intervalo - 5,5) e Wagner (4,5); Rafael Sobis (6,5) e Fred (2). Técnico: Abel Braga (4)
VASCO: Diogo Silva (5,5), Nei (5,5), Jomar (6), Rafael Vaz (6) e Henrique (5) (Fillipe Soutto, 10 do 2º - 5,5); Sandro Silva (6,5), Wendel (6,5), Juninho (8) (Fábio Lima, 25 do 2º - 6) e Pedro Ken (6); Éder Luís (5,5) (Tenório, 31 do 2º - 6) e André (7,5). Técnico: Dorival Júnior (7)
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