O jogaço das reversões de expectativas
A Arena Pernambuco tem dado sorte. Apesar de estar enfrentando todos os problemas que um estádio recém inaugurado passa, viu os dois melhores jogos desta Copa das Confederações, com sobras. Depois do show da Espanha contra o Uruguai no domingo, hoje foi a vez de Japão e Itália protagonizarem o melhor jogo do torneio, cheio de alternativas, emoções e com um placar bem cruel com os nipônicos.
O jogaço deveu-se graças à personalidade do time japonês. Precisando vencer para seguir vivo, o Japão partiu para cima da Itália e dominou o primeiro tempo. Kagawa, ao contrário da estreia, era um jogador incisivo, criativo e sempre perigoso, bem assessorado por Endo e sua qualificada saída de trás. Os italianos ficaram atordoados não só com a velocidade, um clichê quando se fala de futebol asiático, mas com a agressividade do Japão. Após falha de Di Sciglio, Buffon cometeu pênalti sobre Okazaki e Honda fez 1 a 0 aos 20, colocando justiça no placar.
Outro fator que contribuiu para o jogo ter sido tão emocionante foi o fato de os japoneses não recuarem após a vantagem obtida, mas aproveitarem o momento para fazer mais. Kagawa ampliou aos 32, em erro desta vez de Chiellini, um golaço. Endo, aos 36, quase fez o terceiro, e Buffon chegou a bater roupa. A goleada estava muito mais próxima do que um desconto italiano. Mas é aí que entra a camisa pesada da Itália. Bastou colocar os nervos no lugar para a Azzurra assustar com Pirlo, descontar com De Rossi e terminar o primeiro tempo pressionando.
O 2 a 1 trouxe a Itália para o jogo, e o intervalo não alterou o panorama do fim do primeiro tempo. A tetracampeã mundial voltou com tudo novamente, empatou em gol contra de Uchida e virou com Balotelli, em um pênalti inexistente. A virada italiana já era linda, e quando tudo levava a crer que agora a equipe de Prandelli encaminharia a vitória com tranquilidade, o Japão reagiu. Teve duas chances, empatou com Okazaki e partiu para a virada. Parecia, então, que estávamos novamente naquele primeiro tempo de olhos puxados, onde só o Japão jogava. Uma nova transformação no jogo, e dê-lhe defesas de Buffon. Até que De Rossi achou Marchisio livre, e ele serviu Giovinco, que decretou o 4 a 3 e a última reversão de expectativa da partida. Marchisio e Giovinco, dois jogadores tirados de Prandelli do banco de reservas. Teve estrela o técnico italiano.
Em relação ao desempenho, o Japão mostrou hoje o seu verdadeiro futebol, que não é aquele apático do jogo de Brasília, onde enfrentava o dono da casa, pentacampeão do mundo, e sofreu um gol de largada. O Japão de 2014 terá muito mais a ver com o que enfrentou a Itália do que o que foi goleado pelo Brasil, por certo. Quanto aos italianos, uma ótima virada, mas um alerta: a equipe, ao contrário da partida contra o México, foi dominada na maior parte do tempo. A camisa, hoje, pesou.
A torcida pernambucana apoiou o Japão, time mais fraco, mas saiu extasiada da Arena Pernambuco, tal o jogaço. E não há motivos para reclamar mesmo, até pensando em termos práticos: a vitória da Itália classifica ela e o Brasil de forma antecipada às semifinais. Sábado, México e Japão farão um amistoso de luxo em Belo Horizonte, enquanto as duas seleções com mais títulos mundiais duelam na Fonte Nova pela liderança da chave - ou para escapar da Espanha, por que não?
Copa das Confederações 2013 - Grupo A - 2ª rodada
19/junho/2013
JAPÃO 3 x ITÁLIA 4
Local: Arena Pernambuco, São Lourenço da Mata (BRA)
Árbitro: Diego Abal (ARG)
Público: 40.489
Gols: Honda (pênalti) 20, Kagawa 32 e De Rossi 40 do 1º; Uchida (contra) 4, Balotelli (pênalti) 6, Okazaki 23 e Giovinco 40 do 2º
Cartão amarelo: Buffon, De Rossi, Konno e Hasebe
JAPÃO: Kawashima (5,5), Uchida (4,5) (Hiroki Sakai, 27 do 2º - 5,5), Yoshida (5), Konno (5,5) e Nagatomo (6,5); Hasebe (5,5) (Nakamura, 45 do 2º - sem nota), Endo (6,5), Honda (6) e Kagawa (7); Okazaki (6,5) e Maeda (5) (Havenaar, 33 do 2º - sem nota). Técnico: Alberto Zaccheroni (6,5)
ITÁLIA: Buffon (6,5), Maggio (4) (Abate, 13 do 2º - 5,5), Barzagli (5,5), Chiellini (5) e De Sciglio (4); Pirlo (6,5), Montolivo (6,5), De Rossi (8), Aquilani (4,5) (Giovinco, 29 do 1º - 7) e Giaccherini (5,5) (Marchisio, 22 do 2º - 6,5); Balotelli (6). Técnico: Cesare Prandelli (6,5)
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