O dia que todos esperavam

Assim que saiu a tabela da Copa das Confederações, quase todos olhavam para o dia 30 de junho e pensavam: eis o dia de Brasil x Espanha, no Maracanã. Pois o 30 de junho chegou, com justamente estes protagonistas.

Exatamente 11 anos após conquistar o pentacampeonato com a seleção, Luiz Felipe Scolari novamente tem em mãos uma seleção que não é considerada favorita ao título e a leva, ainda assim, a uma final. Não é de Copa do Mundo, mas de um torneio preparatório a ela. Vencê-lo é bem menos importante agora do que foi em Yokohama, em 2002, ou como será no mesmo Maracanã, no ano que vem. A Copa das Confederações faz parte do processo de construção da seleção brasileira para 2014, e isso Felipão fez bem: o Brasil começa, mesmo, a ter uma cara. Mesmo que perca para a Espanha hoje. E, se ganhar, não será o melhor time do mundo só porque bateu a Fúria, como os mais animados certamente dirão, na empolgação.

Se há um ano para a Copa, Luiz Felipe pode encontrar alternativas e dotar a seleção de um estilo próprio. Enquanto não chega lá, deve aplicar a fórmula que Prandelli impôs na última quinta: jogar como a própria Espanha. Marcar saída de bola com ferocidade, valorizar a posse de bola, adiantar seu time e impedir que o time de Del Bosque toque pacientemente a bola até encontrar espaços. Para tanto, Neymar e Hulk precisarão voltar o tempo todo, serem meio-campistas e atacantes ao mesmo tempo, como são Fabregas, Pedro, Silva e Navas do outro lado. Faz parte do plano.

Sem isso, o Brasil assistirá ao toque de bola espanhol e, ainda por cima, ficará num 4-3-3 que o deixará exposto ao time espanhol o jogo todo. Sem a doação e colaboração de todos na ideia de compactação do time, o Brasil pode até ser goleado no Maracanã. Mas não será, e pode até vencer, pois Felipão é inteligente e mobilizador. Sabe bem o que a Itália fez e é capaz de fazer com que todos abracem esta causa. Isso se não tirar algum coelho da cartola, algo que permeou sua carreira inteira e o ajudou a ser tão vitorioso.

Conseguindo vencer a Espanha, Luiz Felipe pode calar aqueles que o consideram ultrapassado, um velho preconceito com muitos profissionais que atingem certa idade. Não conseguindo, ele terá ainda mais um ano até a Copa de 2014 e provar o contrário. Costumo valorizar os mais velhos, justamente pela experiência e sabedoria que acumularam ao longo dos anos. Quem somos nós para apontarmos o dedo e taxar de ultrapassado um profissional de tamanha excelência? Ainda confio na capacidade que ele tem, e de sobra, de nos surpreender positivamente.

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