Uma hora ela iria pesar



Nos minutos finais do jogo que o eliminou da Libertadores, o Palmeiras conseguiu cavar duas faltas próximas à área. Foi quando Souza, uma referência técnica e anímica do time, pegou a bola para bater. Em ambas, o volante bateu com força desproporcional, nas nuvens, muito longe do gol ou de encontrar qualquer cabeça que a pusesse para dentro. Bem diferente do que ele conseguia realizar ano passado, jogando pelo... Náutico.

Eis o retrato da eliminação palmeirense. Todos sabíamos: uma hora, a falta de qualidade do time iria limitar o caminho alviverde na Libertadores. Chega um momento onde ter apenas garra não basta. Ela fez o Palmeiras avançar em um grupo equilibrado na primeira colocação, com uma rodada de antecedência, mas já com pobres 9 pontos. O Tijuana, lembremos, fez 13. Disputou a segunda partida das oitavas fora de casa porque ficou atrás do... Corinthians! Aliás, atrás não: empatado em pontos, mas vice-líder pelos critérios. Era mesmo um time tecnicamente superior e taticamente mais consciente e maduro, bem treinado pelo "Turco" Mohammed. Foi ao Pacaembu, fez 2 a 1 e mereceu a classificação.

O Palmeiras, aliás, não fez uma má partida. O 0 a 0 obtido em uma das fronteiras mais tensas do mundo foi muito comemorado porque a equipe tinha 100% de aproveitamento no Pacaembu, sinal de que a classificação poderia estar próxima. O time começou, como sempre, motivado, na base da empolgação: Ayrton, um dos melhores cobradores de falta do Brasil na atualidade, obrigou o bom goleiro Saucedo a um milagre dois minutos antes do frangaço de Bruno. Nem dá para citar aí a falta de qualidade: Bruno não é um bom goleiro, é reserva de Fernando Prass inclusive, mas o gol sofrido foi uma fatalidade, típico de quem já pensa em repor a bola antes mesmo de defender o chute fraco.

Para um time que vive basicamente de brios e empolgação, sofrer um golpe desses é fatal. O Pacaembu, que rugiu durante toda a fase de grupos, esfriou. Gílson Kleina sabia que não bastava mais a raça: o Verdão precisaria superar o momento animicamente adverso e ainda buscar uma qualidade que não tem para virar o jogo. Sofreu o segundo gol, diminuiu, tentou pressionar, mas faltou acabamento. O que ficou evidenciado nos chutes horrorosos do voluntarioso Souza.

O balanço, porém, é positivo. É claro que o torcedor fica decepcionado, mas qualquer análise realista indicava que o Palmeiras, mais cedo ou mais tarde, seria eliminado. O foi numa hora relativamente boa: dividido entre vaias da natural decepção e aplausos que reconhecem a limitação e enaltecem o esforço, há dez dias do início da Série B. O time já provou que pode subir com relativa tranquilidade à elite para 2014. Que sempre, aliás, foi o principal objetivo palmeirense na atual temporada, acima inclusive de tentar conquistar utopicamente o título da Libertadores.

Comentários

Chico disse…
O porquinho já vai tarde.