A hora do Bayern



O Bayern München, que já perdeu tantas Ligas dos Campeões nos últimos anos de maneira infame, às vezes nos minutos finais, às vezes contra adversários inferiores a ele na final, uma dessas em sua própria casa, merecia mais que ninguém levar o título europeu de 2013. Conseguiu da melhor maneira possível: vencendo um arquirrival, quase em cima da hora, no drama, coroando uma temporada impecável, espetacular, superior do início ao fim. Inclusive na decisão.

Mas não era o que parecia. Em Wembley, o Borussia Dortmund começou melhor. Ocupava o campo bávaro, jogava com mais objetividade e não deixava o time de Jupp Heynckes exercer sua superioridade técnica (que nem era tanta, mas existia). O primeiro tempo, como de costume em decisões, foi o do estudo. Curiosamente, mesmo com maior posse de bola, o Bayern chegava com mais perigo era nos contragolpes. Robben recebeu algumas vezes de cara com Weidenfeller, e parava sempre no milagroso goleiro do time de Dortmund. É a sina dos holandeses em decisões. A de Robben, que perdeu pênalti na final de 2012, principalmente.

A segunda etapa foi espetacular, porque foi a da ação. O Bayern transformou sua superioridade em vantagem aos 14, com Mandzukic, botando fogo de vez no jogo, pois obrigava o Borussia a ir para cima. Até que Dante, talvez o melhor zagueiro do torneio, cometeu um pênalti bizarro sobre Reus, chegando atrasado e acertando violentamente o adversário. O empate, em vez de acomodar os dois timaços, os instigou a buscar a vitória de vez. E quase só deu Bayern nesse meio tempo: Subotic tirou em cima da linha, Weidenfeller salvou cara a cara novamente, Alaba assustou. Mas Robben, aos 44, marcou. Foi a redenção dele e do Bayern, ambas mais que merecidas.

O título é um prêmio ao melhor time do mundo no momento. O time que foi campeão alemão com seis rodadas de antecedência, passou voando por Juventus e Barcelona com 11 gols marcados em quatro jogos e nenhum sofrido, e que na própria final, contra o Borussia Dortmund, teve muito mais chances e mereceu a taça. A geração alemã de Lahm, Schweinsteiger, Müller e Neuer precisava de um título deste porte para quebrar o gelo de perder na hora decisiva. A conquista do Bayern é, por tabela, uma boa para a seleção da Alemanha, que conta agora com jogadores campeões europeus de clubes, com imensa e incontestável superioridade, e vem ainda mais favorita para a Copa de 2014. Mesmo que o gol do título tenha sido marcado, fina ironia, por um holandês - o país que cansa de amarelar na hora agá.

Quanto ao Borussia, certamente sentiu falta de Götze (será que ele ficou triste com a derrota que o levará ao Marrocos?). Mesmo assim, não era um time tão pronto para ganhar a Liga quanto o Bayern. Como o rival, sua hora chegará. E, pelo trabalho que vem fazendo, não deve demorar muito.

Liga dos Campeões da Europa 2012/13 - Final
BORUSSIA DORTMUND (1): Weidenfeller; Piszczek, Subotic, Hummels e Schmelzer; Bender (Sahin), Gündogan, Blaszczykowski (Schieber), Reus e Grosskreutz; Lewandowski. Técnico: Jürgen Klopp
BAYERN MÜNCHEN (2): Neuer; Lahm, Boateng, Dante e Alaba; Martínez, Schweinsteiger, Robben, Müller e Ribery (Luiz Gustavo); Mandzukic (Gómez). Técnico: Jupp Heynckes
Local: Estádio de Wembley, Wembley (Inglaterra); Data: sábado, 25/05/2013, 15:45; Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália); Público: 86.298; Gols: Mandzukic 14, Gündogan (pênalti) 22 e Robben 44 do 2º; Cartão amarelo: Grosskreutz, Dante e Ribery

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