Por que reservas?

A utilização de reservas em uma partida se justifica quando o calendário é apertado, quando há outras prioridades ou em início de ano, quando um jogo é marcado em um período no qual o que deveria estar sendo feito é uma boa e bem feita pré-temporada. Nenhuma destas situações se enquadra ao confronto do Internacional contra o Cruzeiro, amanhã. Então, para que poupar o time principal, como deve fazer Dunga?

Com apenas o Gauchão até abril, o Internacional precisa aproveitar o estadual para fazer seu time jogar e pegar entrosamento até a Copa do Brasil. É verdade que a equipe já está classificada às quartas de final da Taça Piratini, e não tem lá grandes objetivos de tabela para esta última rodada. Mesmo assim, o próximo jogo só será no fim de semana que vem, e contra um adversário provavelmente fraco. Não há motivos que justifiquem poupar quem quer que seja pelo temor de alguma lesão ou, pior ainda, cansaço.

É preciso considerar que a partida diante do Caxias foi extremamente desgastante devido às condições do alagado gramado do Estádio Centenário. Mesmo assim, é possível deixar de fora alguém mais desgastado ou que corre algum risco de lesão potencial. Certamente, não é a situação pela qual passa o time todo. Gabriel já pediu para jogar, mas Dunga indica que uns poucos titulares é que podem começar o jogo - entre eles, Elton e Josimar, dois reservas que são titulares circunstancialmente, já que Ygor e Willians estão lesionados.

Seria bem mais inteligente o Inter manter o time com Fred, Forlán, Leandro Damião e companhia seguir jogando junto, pegando confiança, para chegar aos mata-matas ainda pronto e entrosado. Poupar atletas é algo que só deve ser feito por necessidade, não em circunstâncias como a atual, em que o Colorado precisa ver este time jogar junto, tem calendário para lá de folgado e disputa exclusivamente o estadual nos próximos 45 dias.

Mudança de rumo
Planejamentos, por mais que sejam meticulosos e criteriosos, podem ser alterados dependendo das circunstâncias. É o que faz o Grêmio. A partida contra o Veranópolis deveria ser disputada pelos reservas, para poupar o time titular para o jogo de quarta, contra o Fluminense. Mas a atuação contra o Huachipato assustou a comissão técnica, que entende que a equipe principal, devido às várias alterações que sofreu na última semana, precisa entrar em campo o máximo que puder. Está justificada a mudança de rumo.

O Grêmio acerta na alteração, principalmente, porque não é uma medida que visa ao Gauchão, mas à própria Libertadores. Errado estaria se colocasse o time principal para jogar contra o Veranópolis por conta de uma eventual situação difícil na tabela, deixando de manter o foco no que realmente interessa, que é a competição continental. Mas não: a própria equipe reserva poderia vencer o VEC, que é um dos times mais fracos do campeonato, e carimbar a classificação. Os titulares jogarão para entrarem em condição coletiva melhor para a partida de quarta-feira que vem. E o desentrosamento é um diagnóstico correto da derrota de quinta-feira, embora não o único.

Recuo
Vanderlei Luxemburgo é habilidosíssimo em entrevistas coletivas, especialmente por tergiversar quando o assunto não lhe interessa, mas pisou feio na bola na última quinta. Teve 24 horas para pensar sobre a bobagem que falou em relação ao gramado da Arena, e, embora não tenha retirado o que disse sobre as más condições do piso, tratou de encher de elogios a nova casa gremista. Ele está certo quando diz que a Arena não pode ser um monstro, mas era exatamente isso o que ele estava fazendo ao falar que seus jogadores não conseguem trocar passes no novo estádio. Falar mal publicamente do campo da Arena é jogar contra o próprio clube, é criar um clima ruim para o próprio Grêmio. Em suma, é alimentar o tal monstro.

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