Os primeiros desafios para Felipão



Era absolutamente normal o Brasil perder para a Inglaterra ontem. Foi o próprio Brasil que optou por isso. Escolheu um caminho mais longo, reiniciando um trabalho através da troca de técnico, ao invés de manter o que Mano Menezes vinha fazendo. Está dando um passo atrás para tentar dar dois à frente, já que no passo que Mano vinha a equipe apresentava um panorama pouco animador.

Felipão apostou na volta de alguns veteranos, o que também é normal. Anormal é todos fracassarem. Todos, não: Júlio César foi muito bem. Ainda é, talvez, o melhor goleiro brasileiro, aos 33 anos, pois idade não pesa tanto para um camisa 1. Mas sua grande atuação denota um time que foi dominado pelos ingleses na maior parte do jogo. Ronaldinho fracassou: além de jogar pouco, errou um pênalti, em duas defesas heroicas do ótimo Hart, melhor goleiro inglês desde Peter Shilton. Luís Fabiano começou como titular e deu resposta inferior à de Fred. Vem jogando menos que o 9 do Fluminense há dois anos, registre-se. Já Daniel Alves pouco foi visto em campo. Adriano, que jogou para o gasto, apresentou-se mais e melhor.

Mesmo assim, perdendo de forma justa em Wembley, uma coisa precisa ser dita: o Brasil encarou a Inglaterra, que é uma seleção forte, e não teve melhor sorte exatamente porque desperdiçou um pênalti (discutível, no mínimo) quando o placar era 0 a 0. O primeiro tempo, aliás, era bem equilibrado até sair o gol de Rooney, em jogada rápida dos donos da casa e falha coletiva da defesa canarinha. Na etapa final, com Fred e uma marcação adiantada na saída de bola, o Brasil começou arrasador. Empatou cedo, quase virou na jogada seguinte e seguiu melhor até Arouca entregar a rapadura e Lampard não perdoar, em um belíssimo chute, indefensável.

O primeiro jogo já dá algumas lições a Luiz Felipe. Fred, por exemplo, vive momento melhor que Luís Fabiano e precisa ser o titular da seleção nos próximos amistosos. Oscar, atuando pelo meio, cresceu no segundo tempo. Pela ponta, no primeiro, não foi tão bem. Dante mostrou-se sério e compenetrado, e se credencia a ser opção. Mas a questão que fica é como acomodar Ronaldinho e Neymar. Com a forte marcação britânica sobre a saída brasileira durante quase todo o jogo, a bola pouco chegou aos dois. Hernanes é o cara para fazer este vaivém, mas lesionou-se e foi cortado. Neymar, sem a liberdade de movimentos do Santos, quase não foi visto em campo. Talvez porque Ronaldinho ocupe faixa do campo parecida com a dele.

Eis o desafio de Felipão: se Neymar é o craque brasileiro do momento, a seleção precisa jogar para ele, ou ao menos tê-lo como referência técnica principal. Ronaldinho (ou Kaká) pode ser útil, servindo de escudo para o menino, que ainda é jovem para assumir sozinho a responsabilidade. Mas é preciso saber qual espaço será de quem dentro de campo. Ontem, a Inglaterra deu uma aula de como anulá-los.

Arrasando o líder
A volta do time titular gremista ao Gauchão e ao Olímpico não poderia ter sido melhor. A equipe teve grande atuação, criou quase 20 chances para marcar ao longo do jogo e goleou com facilidade o São José, então único time com 100% de aproveitamento do estadual, e que não sofrera gol algum.

Os 5 a 1 recolocam o Tricolor na zona de classificação e dizem bem o que foi o jogo. No primeiro tempo, o Grêmio teve 11 chances claras para marcar. Fazer só 1 a 0 era uma tremenda distorção. Os gols ficaram para a etapa final. O destaque principal foi Zé Roberto, autor de dois e participante de outro. Mas Pará, com uma atuação surpreendentemente estonteante no apoio na etapa final, teve sua melhor partida desde que chegou ao Grêmio. E, claro, Bertoglio: em seu segundo jogo desde maio do ano passado, o argentino mostrou porque é xodó dos gremistas. Em 15 minutos, teve tempo de entortar a defesa do Zequinha e marcar um golaço. Belo retorno.

Fora de campo, o clube apresenta Adriano e Welliton, dois bons reforços para a Libertadores, que encorpam o plantel com qualidade. Por outro lado, André Lima parece estar de saída para o futebol chinês. Apesar de a negociação poder render uma boa grana, é uma perda para o time, pois trata-se de um jogador útil, com estrela, que marca gols importantes, especialmente quando entra no segundo tempo. E Willian José, até agora, decepciona.

Decepção em Lajeado
O Internacional que foi a Lajeado, descobriu-se na madrugada passada, não era o titular, mas também não era o B. São, simplesmente, os reservas imediatos. Eis a condição da maioria dos que jogaram ontem: Agenor, Josimar, Elton, João Paulo, Vítor Júnior, entre outros. Levando isso em conta, o desempenho foi preocupante. O Lajeadense é um bom time, dominou o jogo na maior parte do tempo e mereceu o 1 a 0, gol do endiabrado matador Jandson. Mas isso não atenua o fato de que contratar em qualidade, e não em quantidade, ainda é preciso.

Virada alemã e a prévia espanhola
O grande destaque dos amistosos pelo mundo ontem foi a virada da Alemanha sobre a França em Saint-Dennis, por 2 a 1. A Espanha, numa prévia da Copa das Confederações, fez 3 a 1 sobre o Uruguai. Já a Argentina bateu a Suécia por 3 a 2, fora de casa, mesmo placar e situação da grande virada do Equador sobre Portugal.

Comentários

Franke disse…
Bela rodada de amistosos. Inglaterra me surpreendeu, e Brasil estava totalmente perdido em campo (esperado).

Espanha, Argentina e Alemanha, para mim, são times que têm tudo para se encontrar nas semifinais da Copa de 2014. Difícil imaginar o título não ficar com uma dessas seleções.
Franke disse…
Em tempo: Nigéria avassaladora.
Vicente Fonseca disse…
Verdade, Franke. Para mim, Espanha, Argentina e Alemanha são os três que pintam como favoritos para o ano que vem. E se tivesse que apostar em só um, botaria minha fichas nos argentinos. Além de terem Messi, a Copa é na América do Sul.

Boa lembrança da Nigéria. Mas Burkina Faso levará. heheh